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Alfabeto fonético das cachalotes é incrivelmente parecido com o nosso

Por| Editado por Luciana Zaramela | 08 de Maio de 2024 às 12h08

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Gabriel Barathieu/CC-BY-2.0
Gabriel Barathieu/CC-BY-2.0

Dos assobios dos golfinhos às canções das baleias-jubarte, as vocalizações de cetáceos (baleias e golfinhos) de todo o mundo são bem conhecidas e apreciadas. Ao longo dos anos, a ciência tem descoberto cada vez mais complexidade na comunicação dos mamíferos marinhos, e, desta vez, a descoberta torna seus cantos impressionantemente parecidos com a complexidade comunicativa dos humanos.

A criatura marinha da vez é a cachalote (Physeter macrocephalus), animais bastante sociais que vivem em grupos de 15 a 20 indivíduos. Os cliques usados em sua comunicação, conhecidos como “codas”, já eram conhecidos por diferir em cada clã de baleias e ter até sotaques diferentes, mas eles se provaram mais complexos em uma pesquisa recente.

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Ao estudar variações entre os sons, descobriu-se que essas baleias empregam os conceitos musicais de rubato e ornamentação, além de ritmo e tempo, para combinar cliques na hora de conversar — identificando cada um dos grupos de codas diferentes, os pesquisadores montaram um “alfabeto fonético” das cachalotes.

Papo de baleia

Com uma base de dados formada por quase 9.000 codas de famílias de cachalotes do leste do Caribe, descobriu-se que esses cetáceos têm uma comunicação combinatória muito mais complexa do que se pensava, com rubatos e ornamentações sendo ajustados em menos de um segundo para combinar com as conversas entre indivíduos.

As cachalotes também usam adição de cliques extras dependendo do contexto da comunicação entre cada baleia. As informações são de Shane Gero, do Projeto CETI, em conversa com o IFLScience. Os codas são gerados tanto em conversas em turnos — quando um indivíduo “espera” o outro terminar para produzir seus sons — quanto simultaneamente, com os cliques se sobrepondo uns aos outros.

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A variação na duração desses cliques não é aleatória, mas sim controlada pelas cachalotes — elas adicionam cliques, no que chamamos de ornamentação, ou mudam suavemente sua duração, no que se define como rubato. Segundo o Projeto Cachalotes Dominica, co-fundado por Gero, o modo como essas características se combinam é o que torna a comunicação mais complexa do que se pensava.

Essas estruturas, segundo o biólogo, eram vistas apenas em humanos até o momento. Embora não se saiba o significado ou função dessas características comunicativas, é fato que os mamíferos marinhos expressam muito mais do que percebemos.

Como apenas 60 baleias do clã do leste caribenho foram estudadas, não se sabe se outros clãs vocalizam da mesma forma estruturada, então há muito mais a ser documentado e estudado pelos mares do mundo. Planos futuros da equipe científica incluem estudar o contexto comportamental da comunicação em coda, bem como a estrutura das vocalizações e comparação com outros clãs de cetáceos.

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Assim como nos humanos, a sugestão dos pesquisadores é que pequenos sons sem sentido sejam combinados para formar frases significativas, um padrão de dualidade que apenas humanos foram vistos utilizando até o momento.

Fonte: Nature com informações de IFLScience