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A Islândia pode ser a ponta de um continente submerso, segundo esta teoria

Por| Editado por Patricia Gnipper | 02 de Agosto de 2021 às 11h41

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Gillian Foulger/Google Maps
Gillian Foulger/Google Maps

Segundo uma nova teoria apresentada por um grupo internacional de geofísicos e geólogos, a Islândia pode ser uma parte restante de um continente com quase o tamanho do Texas e que teria afundado há 10 milhões de anos. Embora a ideia fuja das concepções mais antigas sobre a formação desta região, se for comprovada, teria implicações como a propriedade de reservas de combustíveis no fundo do mar do país.

A equipe internacional de pesquisadores, liderado por Gillian Foulger, professora de geofísica na Universidade de Durham, no Reino Unido, acredita ter identificado o que seria um continente submerso sob a Islândia e o oceano ao próximo, apelidado de “Islândia”. Para Foulger, a nova teoria explicaria as características geológicas do fundo do mar e da terra — onde a crosta é muito mais espessa do que aparentemente deveria ser. "A região com material continental por baixo se estende da Groenlândia à Escandinávia", explica a professora.

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Entre 335 milhões a 175 milhões de anos atrás, a região onde hoje é o Atlântico Norte já foi seca, quando fazia parte do supercontinente chamado Pangeia. Esta bacia do Atlântico teria se formado quando Pangeia começou a se dividir, há aproximadamente 200 milhões de anos, e a Islândia, então, formou-se há cerca de 60 milhões a partir de um vulcão em meio ao oceano. Mas, de acordo com a nova teoria, os oceanos se formaram ao norte e sul da Islândia, e não a oeste e leste — onde permaneceriam conectadas ao que hoje são Groenlândia e Escandinávia.

As pessoas costumem ter uma noção muito simplista sobre a placa tectônica, afirma Foulger, como se fosse um prato de jantar que simplesmente se divide em dois. “Mas é mais parecido com uma pizza ou uma peça de arte feita de materiais diferentes — um pouco de tecido aqui e alguma cerâmica ali, de modo que diferentes partes têm diferentes resistências", ressalta. Segundo ela, Pangeia não se dividiu de “forma limpa”, e o continente perdido da Islândia permaneceu como uma extensão de 300 km de terra seca até cerca de 10 milhões de anos atrás. Eventualmente, a parte leste e oeste da ilha afundaram, permanecendo apenas a atual região do país.

Evidências fósseis revelaram que algumas plantas que espalham suas sementes ao vento são idênticas na Groenlândia e na Escandinávia — o que poderia reforçar a ideia de que essas regiões já estiveram conectadas —, mas nenhum fóssil animal do continente perdido foi achado. Para o geógrafo Philip Steinberg, da Universidade de Durham, a nova teoria pode trazer simplificações sobre a propriedade de combustíveis fósseis no fundo do mar, pois, segundo a Lei Internacional, os países podem exigir o direto destas reservas caso seja comprovada a extensão da plataforma continental.

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Os geofísicos Carmen Gaina e Alexander Minakov, ambos da Universidade de Oslo, na Noruega, dizem que a teoria é uma “afirmação ousada” com vários problemas e que a existência de um continente perdido é improvável. No entanto, eles consideram a visão conceitual como um bom ponto de partida para discussões. “E, mais importante, para mais coleta de dados relevantes", acrescentam. Para isto, é necessário que mais perfurações geológicas no fundo do mar e pesquisas sísmicas sejam realizadas para medir a costa.

A teoria foi apresentada por Gillian Foulger, principal autora do capítulo Iceland do livro In the Footsteps of Warren B. Hamilton: New Ideas in Earth Science (Geological Society of America, 2021).

Fonte: Space.com