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A quarentena silenciou até os ruídos sísmicos da Terra, aponta estudo

Por| 23 de Julho de 2020 às 19h45

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M. Meschede
M. Meschede

Pesquisadores observaram outra vez o efeito curioso causado pela quarentena e lockdowns impostos pela pandemia de COVID-19 em todo o mundo: em seu estudo, eles observaram que o ruído sísmico causado por humanos na Terra diminuiu. As conclusões da pesquisa foram publicadas na revista científica Science, e mostram como a atividade humana causa ruídos no ambiente, e o que acontece quando ela se reduz.

O estudo se baseou em dados coletados até maio deste ano, obtidos em mais de 268 estações de monitoramento sísmico em diversos países em todo o mundo, junto de dados anônimos de mobilidade humana coletados pelo Google e pela Apple. Assim, 185 das estações verificaram que houve quedas significativas no sinal de alta frequência causado pela atividade humana, o que bate com o período dos lockdowns feitos nas respectivas regiões.

Essa queda foi mais forte em áreas de alta densidade populacional como as cidades, mas também foi observada em áreas rurais de menor densidade. A redução começou no final de janeiro, na China. Em março, ela se espalhou pelo mundo. De acordo com Stephen Hicks, sismólogo da instituição Imperial College, possivelmente se trata de um dos períodos com menos ruídos sísmicos causados pela atividade humana desde o início do monitoramento feito por pesquisadores. “Nosso estudo destaca como as atividades humanas impactam o solo da Terra, e pode nos permitir ver com mais clareza do que nunca o que diferencia o ruído humana do natural”, explica ele.

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Os benefícios futuros e científicos

Todo este silêncio causado pela redução das atividades humanas foi chamado de "antropausa" e, para os pesquisadores, é algo excelente para o avanço da ciência. Primeiro, agora é o momento para eles identificarem os ruídos sísmicos gerados pela atividade humana melhor do que nunca, principalmente em comparações com o período pré-pandemia. Além disso, como o ruído sísmico se reduziu, os cientistas conseguem ouvir com mais precisão os possíveis sinais de terremotos que não seriam identificados por sismógrafos em áreas populosas.

Para Thomas Lecocq, sismólogo do Observatório Real da Bélgica e principal autor do estudo, os benefícios deste estudo podem ir além: “Diferenciar o ruído natural daquele causado por humanos será mais importante do que nunca, para nós conseguirmos escutá-lo para monitorar melhor os movimentos subterrâneos. Esse estudo poderia ajudar a iniciar essa nova área de estudo”, explica ele.

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Mesmo que as atividades já estejam sendo retomadas em algumas regiões, os últimos meses de silêncio forneceram bases excelentes para a análise de dados no futuro; afinal, a população humana vai continuar crescendo e, portanto, dificultando o monitoramento sísmico. Mesmo assim, tal silêncio representa uma oportunidade única para os pesquisadores: poder identificar com precisão os sons causados pelos humanos irá ajudá-los a identificar os sinais enviados pelo planeta, como aqueles que indicam terremotos.

Fonte: Science Alert, Technology Review