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Linus Torvalds rebate argumentos antivacina e dá bronca em desenvolvedor

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 18 de Junho de 2021 às 13h40

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Kdr/Wikipédia
Kdr/Wikipédia

Provavelmente você conhece Linus Torvalds por sua maior criação: o sistema operacional de código aberto Linux. O que você talvez não conheça é o lado humano e irritado de alguém que não aguenta mais o movimento antivacina. O “pai do Linux” deu uma bela bronca em um desenvolvedor que usou uma lista de discussão sobre o kernel para criticar a ciência e as vacinas contra a COVID-19.

Tudo começou quando o consultor de TI Enrico Weigelt usou um espaço dedicado a conversas técnicas para propagar teorias conspiratórias sobre o uso dos imunizantes nas pessoas. Ele disse o seguinte: “Eu conheço muitas pessoas que nunca farão parte deste experimento genérico com humanos, que basicamente cria uma nova raça humanoide (pessoas que geram e liberam a tóxica proteína spike [local de ligação do coronavírus nas células humanas], cuja sequência de genes não se parece com a natural). Sou uma delas, assim como toda minha família”.

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Primeiramente, Torvalds recomendou ao desenvolvedor que guardasse para si os seus comentários “insanos e tecnicamente incorretos” contra a vacina. O criador do Linux disse que o profissional não sabe do que está falando e que deveria parar de espalhar “mentiras idiotas”. “Talvez você faça isso sem querer, por mera falta de educação. Talvez você faça isso porque falou com 'especialistas' ou assistiu a vídeos do YouTube com charlatões que não sabem do que estão falando”.

Linus lembrou que ali era uma discussão sobre kernel, mas não espaço para esse tipo de coisa. “Independentemente de onde você obteve essas informações erradas, qualquer lista de discussão do Linux não terá suas baboseiras passando por mim sem contestação”, explicou.

RNA mensageiro

Ele lembrou que as vacinas salvaram a vida de dezenas de milhões de pessoas em todo mundo. A seguir, explicou detalhes de como funciona o RNA mensageiro (mRNA), que não altera a sequência genética de uma pessoa de modo algum. “Tudo o que as vacinas fazem é adicionar um mensageiro de RNA especializado, o que faz com que suas células fabriquem somente a proteína spike [que é apenas um fragmento do coronavírus, e não ele todo] para que seu corpo aprenda como reconhecer o vírus [e combatê-lo se ou quando houver contato]”.

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O mRNA injetado com a fórmula no corpo é quebrado e depois expelido um ou dois dias, já que a meia-vida dele não dura mais do que algumas horas. Em longo prazo, o corpo humano usa essa informação para reconhecer e combater a proteína estranha do próprio coronavírus, o que impede uma infecção mais severa. Segundo Torvalds, enquanto o corpo desenvolve os anticorpos, a pessoa pode se sentir um pouco mal durante um tempo. “Isso é normal e é uma resposta natural, suas células estão gastando recursos para aprender como lidar com a nova ameaça”, explicou.

O desenvolvedor ainda lembrou que as vacinas feitas sob a base de mRNA são as mais efetivas, porque não precisam usar nenhum outro tipo de material genético, nem vírus inativados, muito menos editados. Os imunizantes da Pfizer e da Moderna usam essa técnica na sua composição, por isso possuem mais de 90% de eficácia contra o novo coronavírus. As vacinas tradicionais costumam usar material genético inativado ou vírus enfraquecidos, acrescidos de outros tipos de substâncias para complementar o sequenciamento, mas a de mRNA dispensa essa técnica, sendo uma tecnologia nova e promissora.

Linus reforçou que as pessoas devem parar de acreditar nas mentiras do movimento “antivax” e começar a proteger mais a sua família e as pessoas ao seu redor. “Se você e sua família estão mais protegidos hoje em dia, é por causa de todas aquelas outras pessoas que fizeram a escolha certa. Sim, todas aquelas pessoas vacinadas ao seu redor irão protegê-lo, mas, se houver outra onda, possivelmente devido a uma versão mais transmissível, você e sua família estarão em maior risco do que as pessoas vacinadas por causa de ignorância e má informação”.

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Para concluir, ele dá a deixa: “Se você insiste em acreditar em teorias da conspiração malucas, pelo menos FIQUE CALADO quanto a isso nas listas de discussão sobre kernel do Linux”.

Movimento antivax

O movimento antivacina sempre existiu, mas ganhou força nos últimos meses, principalmente após o anúncio do início da imunização em massa contra a COVID-19, a partir de dezembro de 2020, impulsionado pelas fake news. Mesmo com os esforços das autoridades e apoio das redes sociais para coibir a disseminação de mentiras, os aplicativos de conversa e grupos de discussão têm dado vazão às mais loucas ideias conspiratórias — de jacaré a mutantes com DNA alternado, de chips para controle da mente até a alienação completa.

O Canaltech já conversou com dezenas de especialistas sobre o assunto e todos são unânimes: tome todas as doses da vacina, evite aglomerações, use das medidas protetivas com consciência e proteja-se do vírus. Como disse o criador do Linux: “Vacine-se e pare de acreditar nas mentiras do movimento antivax”.

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Fonte: Kernel.org