Justiça do Reino Unido nega pedido de extradição de Julian Assange para os EUA
Por Wagner Wakka | 04 de Janeiro de 2021 às 12h47
Julian Assange, o fundador do WikiLeaks, vai permanecer no Reino Unido. A Justiça do país negou, na manhã desta segunda-feira (4), o pedido dos Estados Unidos de extradição do ativista. A juíza do caso, Vanessa Baraitser, decidiu que a movimentação seria muito prejudicial para a saúde de Assange, motivo pelo qual ele deve ficar onde está.
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A defesa de Assange também alegou uma série de outros motivos para evitar que o ativista seja extraditado para o país norte-americano, mas todos foram negados pela juíza. A decisão foi tomada com base em análise de uma série de psiquiatras, que apontam a fragilidade da saúde mental do ativista. De acordo com os documentos, ele teria forte ideação suicida, sendo que o transporte para os Estados Unidos poderia ser opressivo.
“Eu estou convencida de que o risco de que o Sr. Assange possa cometer suicido é um argumento substancial”, apontou Baraitser em sua decisão. “Estou convencida de que, nestas condições difíceis, a saúde mental do Sr. Assange poderia se deteriorar e levá-lo a cometer suicídio”, concluiu.
O governo dos Estados Unidos quer a extradição de Assange para poder julgá-lo pelos crimes de vazamentos de dados sigilosos. Criador do Wikileaks, ele é acusado de ter levado a público informações sobre a invasão ao Afeganistão, eleições e outros problemas diplomáticos do país.
Agora, o governo dos EUA tem 14 dias para recorrer da decisão.
Asilo
Assange passou sete anos sendo asilado pela embaixada equatoriana na Inglaterra, o que gerou rusgas entre os países com os Estados Unidos. Em 2019, contudo, o presidente do Equador, Lenín Moreno, retirou o asilo, o que levou à prisão do ativista em solo inglês.
Julian Assange é considerado uma figura ambígua por defender a liberdade de informação. Entre os documentos divulgados pelo Wikileaks estão papéis que mostram violações deliberadas de direitos humanos pelos Estados Unidos na guerra contra o Afeganistão e Iraque.
Contudo, Assange também é visto como uma ameaça à soberania e segurança mundial, tendo em vista que disponibiliza documentos secretos que necessitam de sigilo.