Apple e outras gigantes estão na mira da Justiça dos EUA por suposto monopólio
Por Claudio Yuge | 06 de Fevereiro de 2020 às 11h50
Já faz um tempinho que várias autoridades questionam um possível comportamento anticompetitivo das gigantes Apple, Amazon, Facebook e Alphabet (empresa “mãe” do Google). A alegação é que elas estariam dificultando a vida de desenvolvedores que oferecem utilitários concorrentes de ferramentas nativas. E, segundo fontes próximas do governo estadunidense, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos estaria apertando o cerco.
Antes de mais nada, vale lembrar que na Europa a Apple e o Google já foram multados com cifras milionárias sob a acusação de desfavorecer opções de terceiros em suas lojas de aplicativos e obrigar fabricantes a destacarem seus apps. Além disso, Donald Trump vem dizendo, desde o início de seu mandato, que o Google, o Twitter e o Facebook estariam filtrando conteúdo para suprimir as vozes da ala conservadora e pediu uma investigação minuciosa sobre o caso — até agora não há evidências concretas de que isso realmente ocorra.
A coisa se agravou agora porque vários desenvolvedores foram ouvidos e o executivo da Mobicip, aplicativo de controle parental com mais de 1 milhão de usuários, afirmou que seu serviço foi removido temporariamente da App Store por, supostamente, não atender aos requisitos impostos pela Maçã. O software ficou “na geladeira” durante cerca de seis meses, período em que foi atualizado para estar em conformidade com as regras da Maçã, e foi restabelecido em outubro de 2019. Isso, segundo o executivo, teria encolhido seus negócios pela metade.
Começo das restrições coincide com período estratégico da Maçã
Seis outras fontes de desenvolvedoras de aplicativos de controle parental entrevistadas pela Reuters disseram ter um relacionamento confortável com a Apple até meados de 2018, mas, depois disso, as restrições aumentaram. Coincidência ou não, na mesma época a Maçã lançou seu próprio app de controle parental, que oferece aos pais dados sobre o tempo e as pesquisas na tela do telefone de seus filhos.
Além disso, esse período também vai de encontro com uma mudança no foco da companhia de Cupertino, que passou a capitalizar mais sobre seus apps e buscar mais serviços para aumentar sua receita. A Apple alegou, anteriormente, que a retirada dos softwares de controle parental poderiam oferecer risco à privacidade, pois eles dariam aos programadores acesso aos dados confidenciais dos usuários.
Já sobre o andamento dessa investigação, que começou em junho de 2019, a empresa preferiu não comentar. O procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr, disse em dezembro de 2019 que espera ter os trabalhos do Departamento de Justiça sobre as grandes plataformas de tecnologia — Facebook, Alphabet, Amazon e Apple — encerradas este ano.