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Review Lost Ark | O retorno ao clássico

Por| Editado por Bruna Penilhas | 08 de Fevereiro de 2022 às 13h00

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Imagem: Divulgação/Tripod Studio
Imagem: Divulgação/Tripod Studio

A Amazon Game Studios continua a sua busca para emplacar um MMORPG. Após a empreitada com New World, a empresa agora publica o game da sul-coreana Tripod Studio, Lost Ark. Com todo o ar de JRPGs online e uma mistura muito louca de classes com visuais extravagantes, o jogo parece ser uma guinada para o futuro da empresa no mundo dos games.

A convite da Amazon Games, o Canaltech teve a oportunidade de testar o jogo antes de seu lançamento e contamos a seguir o que achamos da experiência. Gratuito para jogar, Lost Ark será lançado para computadores, via Steam, em 11 de fevereiro. Esta é a primeira empreitada do game fora do ocidente — o jogo chegou originalmente em 2019, mas apenas na Coreia do Sul.

Precisamos, sim, falar de New World

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Eu sei, eu sei. Parece estranho querer começar a falar sobre New World em uma resenha sobre Lost Ark. Entretanto, não tem como não associar o primeiro jogo da Amazon Game Studios com o MMORPG desenvolvido pela Tripod Studio. A ideia de New World é desbravar um novo continente e seus mistérios, enquanto em Lost Ark, seu personagem chega no mundo de Arkesia e deve encontrar um artefato sagrado para salvar o mundo. Com temas parecidos e o logo da Amazon estampado em cada um deles, já dá para chamá-los de “irmãos”.

Apesar de ambos os enredos serem tão “originais” quanto um MMORPG com Paladinos e Magos, Lost Ark é um jogo que não exige tanto do computador quanto New World, e não necessita de tanta complexidade e grinding (ato de fazer missões e atividades repetidas para subir o nível do seu personagem ou para conseguir novos equipamentos) durante a experiência. Há diferenças consideráveis entre um jogo megalomaníaco, que exige demais não só do computador como também do jogador, e um MMORPG feito para você se divertir e passar o tempo que achar necessário. Trazer Lost Ark para o ocidente pode ser o ponto de retorno para a Amazon após o começo morno de New World.

Uma viagem na nostalgia, mas nem tanto

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Lost Ark é, essencialmente, um MMORPG padrão. Você se movimenta com o mouse, enquanto as habilidades e itens estão nas letras do teclado. Há todas as características básicas que um game deste gênero precisa ter: a visão isométrica, itens que aumentam suas habilidades, árvores de habilidades com ramificações enormes e por aí vai. Ainda há mecânicas e estilos que lembram jogos como Mu Online, Perfect World e Ragnarök Online, tornando Lost Ark um retorno ao que fez MMORPGs orientais serem tão queridos no começo dos anos 2000.

Em Lost Ark, os jogadores podem escolher uma das seguintes classes: Pistoleiro (Gunner), Guerreiro (Warrior), Lutador (Martial Artist), Assassino (Assassin) ou Mago (Mage). No começo da aventura, ainda é possível selecionar qual dos caminhos de cada classe você quer e pode testar as habilidades para ter certeza da escolha. Feito isso, você estará pronto para o prólogo, que ensinará as mecânicas básicas do jogo.

O visual dos personagens é aquela salada básica de todo RPG oriental. No maior estilo Final Fantasy, ou mesmo Mu Online e Perfect World, o menu de criação de personagem de Lost Ark traz opções destoantes, principalmente dependendo da classe que você escolher.

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Apesar de ter me divertido bastante jogando de Lutador, senti meu protagonista deslocado na ambientação do jogo, assim como outros personagens que fazem parte da história. Por exemplo, enquanto alguns possuem todo o visual ocidental, meu Artista Marcial estava com roupas orientais, com dragões chineses e um estilo completamente oposto ao ambiente do jogo. Sabe quando você assiste uma animação japonesa e observa o protagonista do anime completamente deslocado em um ambiente normal? É a mesma sensação.

Talvez pelos personagens seguirem um estilo bem mais realista do que deveria, eles aparentam ser um pouco genéricos com suas roupas extremamente espalhafatosas e bem exageradas. Um dos aspectos que chamou a minha atenção no começo, mas que acabou piorando eventualmente, é justamente essa ideia de colocar personagens com um visual e estilo oriental em um mundo com referências ocidentais. A arquitetura da primeira cidade do jogo, por exemplo, é baseada em cidades medievais e tem um ar europeu em seu visual, o que destoa completamente do meu protagonista com roupas dignas de um herói de Final Fantasy. E diferente da franquia da Square, Lost Ark não possui o mesmo carisma que Cloud, Squall e companhia.

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Este é um dos principais problemas de Lost Ark: o jogo carece de uma identidade visual original e coesa. Quando comparamos com jogos rivais, que estão por aí há alguns anos e continuam fazendo sucesso, como é o caso de Final Fantasy XIV, as diferenças são claras. O jogo publicado pela Amazon não chega perto de alcançar o nível do MMORPG da Square Enix.

A ideia de ser uma experiência gratuita para jogar não isenta o game de ser genérico no visual. No mundo de Arkesia, você percebe que os personagens que os jogadores controlam estão completamente fora de escopo, mas não só eles. Os NPCs (personagens não jogáveis) que fazem parte da história principal possuem designs mais elaborados e dignos de um RPG, enquanto outros são totalmente genéricos. Levando isso em consideração, é possível imaginar qual NPC será relevante para a sua jornada antes mesmo de interagir com ele, apenas por observar o nível de complexidade do visual dele.

Gosto de trazer à tona Ragnarök Online como uma prova do meu ponto de como Lost Ark poderia caprichar mais no visual. O game de 2002, com 20 anos de existência, consegue ter um carisma e um cuidado bem mais ímpar do que Lost Ark, justamente por focar em trazer visuais condizentes com seu universo, sem perder a estética de uma produção oriental. Não é preciso encher seu personagem com uma armadura gigante ou um lutador marcial com roupas que parecem ter saído de um filme do Bruce Lee para criar um visual que funcione naquele universo.

Uma classe para chamar de sua

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Lost Ark tem a seu favor a possibilidade do jogador ter uma vasta gama de personagens para escolher. Cada classe básica possui três caminhos diferentes, sendo todas as opções bastante atrativas. O Warrior, por exemplo, pode se tornar um Berserker, um Gunlacer ou um Paladino. Obviamente, cada classe cumpre sua própria função em combate, com opções focadas em habilidades de suporte, controle de área ou alto nível de dano, por exemplo.

São nessas ramificações de estilos de jogo que o MMORPG brilha e encontra muito potencial. As classes não são totalmente inovadoras, mas oferecem mecânicas divertidas e interessantes, que podem despertar o interesse do jogador em testar outras possibilidades. Eu, particularmente, passei boa parte do meu tempo em Lost Ark jogando de Martial Artist e Gunsliger. Deadeye e Soulfist foram as minhas escolhas para os personagens principais, mas ainda quero fazer um Paladino clássico.

É essa proposta que pode ser capaz de prender a atenção dos jogadores. Se você não curtir o visual dos personagens, como foi o meu caso, talvez explorar as opções de habilidades seja o suficiente para conquistar o seu interesse. No meu caso, derrotar uma horda de inimigos na base do soco foi bem divertido e rendeu bons momentos ao executar combos de forma rápida e com precisão. Você pode melhorar as suas habilidades conforme sobe de nível, podendo ler o que cada poder faz antes de gastar seus pontos de evolução.

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É uma pena que toda essa experiência não esteja disponível para ser aproveitada em português do Brasil — pelo menos na versão antecipada do jogo, o nosso idioma não estava disponível. Esperamos que o suporte para o português aconteça depois do lançamento oficial, já que um MMORPG em inglês pode afastar o interesse de uma parcela do público.

Divertido de jogar

Apesar de ter um visual bem genérico para um jogo lançado originalmente em 2019, Lost Ark traz mecânicas e um estilo de gameplay bem executado. Os jogadores podem realizar combos com suas habilidades pressionando os botões no teclado e variando as técnicas para criar combos que não deixam os monstros do mapa respirarem. Boa parte da minha diversão dentro de Lost Ark se resume a executar os combos do meu Martial Artist, desbloquear novas habilidades e criar combinações cada vez mais malucas os golpes.

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Em uma “esmagação de botão” consciente, Lost Ark tem o que os MMORPGs oferecem de melhor, mas sem muitas surpresas. Espere encontrar combinações frenéticas de golpes e magias, uma movimentação frenética durante o combate e exploração e muitos desafios. Confesso que perdi um pouco da noção do tempo durante a jogatina.

Ao mesmo tempo, alguns aspectos podem atrapalhar a sensação de progressão dos jogadores e passar a sensação de que estamos andando em círculos. Os itens que você pode adquirir para melhorar a armadura ou o dano do seu personagem, raramente possuem alguma diferenciação entre si. Isso faz com que o jogador, apesar de ver o dano aumentando na tela, não sinta que está de fato evoluindo. Uma das características mais legais de um MMORPG é conseguir equipar o seu personagem com a arma mais forte e estilosa o possível, com uma armadura maneira, deixando o seu visual completamente diferente dos outros. Tudo isso também serve para trazer aquela sensação de recompensa após muito esforço, e também para mostrar para os outros jogadores e amigos o que você conquistou. Como sentir isso quando a maioria dos itens são iguais? Não tem como.

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Vale a pena jogar Lost Ark?

Lost Ark possui um caminho promissor pela frente, mas este não é um game que chega para inventar a roda. Aqueles que estão sedentos por um MMORPG competente e que não foge do estilo de grandes clássicos do gênero, encontrarão um certo conforto por aqui. Entretanto, se você estiver em busca de inovação ou algum primor visual, pense duas vezes antes de embarcar nesta jornada. Enquanto Lost Ark oferece uma experiência segura para os jogadores, o game não tem muito impacto na sua história ou no seu visual.

Porém, diferentemente de New World, Lost Ark tem a chance de fazer sucesso, justamente, por ser um jogo que não demanda muito do computador de seus jogadores e por conseguir cumprir o seu papel de entregar uma jogatina descompromissada para aqueles que querem perder horas e horas jogando um MMORPG, sem precisar se importar se seu PC aguenta o tranco de rodar o jogo ou não.

No fim, apesar das falhas e falta de surpresas, o saldo é positivo. Resta saber se com o possível sucesso no oriente, o jogo terá mais cuidado ao entregar seu conteúdo pós-lançamento — e talvez até mesmo reformular aspectos que deixam a desejar. Em um mundo “carente” de RPGs online que seguem o modelo clássico, Lost Ark pode ser o salvador da pátria para aqueles que procuram um jogo gratuito, divertido e leve.