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Review Sifu | Novo indie é difícil e gostoso na medida certa

Por| Editado por Bruna Penilhas | 06 de Fevereiro de 2022 às 09h05

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Divulgação/Sloclap
Divulgação/Sloclap

Sifu é um jogo para quem gosta de desafio. Sim, trata-se de uma mistura de beat’em’up com roguelite em que o jogador sai batendo em tudo e em todos utilizando técnicas de kung-fu, mas será preciso muito mais do que um frenético apertar de botões para se dar bem no jogo. Uma vida é o suficiente para dominar o kung-fu? Certamente não.

Desenvolvido pela Sloclap (mesmo estúdio que produziu Absolver, jogo de luta multiplayer online lançado em 2017), Sifu chega em 8 de fevereiro para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC. O Canaltech recebeu uma cópia digital do jogo para PS5 antecipadamente, e conta o que achou nos próximos parágrafos.

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Sifu é uma história de vingança

O jogo começa colocando você de paraquedas na porradaria. Você invade uma propriedade e começa a atacar os lutadores presentes no local; um momento que serve como tutorial para aprender os controles básicos de jogabilidade. Depois, em uma cena típica de filme, você finalmente encontra o seu alvo: seu próprio sifu (mestre, em tradução livre).

Ele e toda a família é assassinada; porém, uma criança (que pode ser homem ou mulher, dependendo da escolha do jogador) sobrevive milagrosamente após ter sua garganta cortada. E é aqui que a sua jornada começa de verdade. Anos depois, aos 20 anos de idade, você é um lutador de kung-fu que busca vingança pela sua família. Você irá coletar pistas, recriará a história dos assassinos e, é claro, derrotará incontáveis inimigos para cumprir seu objetivo.

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O objetivo do jogador é passar, de forma linear, por cinco lugares (ou fases) sem morrer… de velhice. Esses locais são essenciais para o quebra-cabeça da trama, e vão do submundo do tráfico de drogas à alta sociedade. Em cada lugar, você encontrará inúmeros inimigos que querem matar você, incluindo chefões que são mais fortes, rápidos e inteligentes.

Como funciona o sistema de mortes e de idade em Sifu

Lembra que eu falei em “garganta cortada”? Sim, você pode morrer e voltar à vida graças a um misterioso pingente que fica com você. Existe um porém: você sempre volta mais velho do que era antes. Isso traz consequências boas e ruins: quando somos jovens, temos mais saúde, mas menos força; quando velhos, é o contrário, ou seja, temos menos saúde e mais força. Quando morremos, também podemos usar pontos de experiência para aprender novos golpes e aprimorar habilidades, mas alguns só ficam disponíveis até uma determinada idade.

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É esperado que você não consiga completar o jogo sem morrer. Porém, a cada vez que você se levanta, seu personagem envelhece. Na primeira queda, você vai de 20 anos para 21, e seu contador de mortes sobe de um para dois; na próxima queda, você vai de 21 anos para 23, e seu contador sobe para três. Depois, você passa de 23 anos para 26 anos, e assim por diante.

Lembra também do pingente que está sempre com você? Ele tem cinco medalhões de ouro, que representam o seu “poder” de ressurreição. Um medalhão quebra a cada 10 anos. São cinco no total, ou seja, você tem até os 70 anos de idade para voltar à vida e, consequentemente, passar por todos os desafios de Sifu.

Quando o jogo dá game over, você perde todos os golpes e aprimoramentos resgatados — apenas pistas, chaves e cartões de acesso ficam com você para sempre. Suas opções são voltar para desde o começo do jogo ou para o último check point: por exemplo, se você completou a primeira fase com 24 anos, poderá começar a segunda fase quantas vezes quiser, mas sempre com os mesmos 24 anos.

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Não é só quebra-pau; por isso, tenha calma

Cada morte é extremamente importante, e a idade com que completamos a primeira fase será crucial para completarmos a segunda fase e assim por diante. É por isso que não podemos sair socando e chutando os inimigos sem pensar: é preciso tomar cuidado, observá-los com cautela e dominar todos os controles do jogo.

Sifu é difícil, mas em nenhum momento me senti injustiçado: todas as vezes em que caí aconteceram por minha culpa. Por isso, precisei jogar o game de novo várias vezes, do começo, para “pegar o jeito”.

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No meu caso, o mais importante foi aprender a como se defender: os inimigos atacam rapidamente, e não há aviso sonoro ou gráfico na tela de quando eles irão fazê-lo. Por isso, é preciso aprender a usar a guarda, a recuar, a dar parry (apertar o botão de defesa no momento ideal do golpe) e a desviar para o lado oposto do golpe — principalmente quando há vários deles aglomerados em volta de si, em que é preciso um verdadeiro “jogo de cintura” para não morrer várias vezes.

Outro detalhe que contou muito para essa experiência não ser repetitiva foi o gameplay em si: a luta é gostosa, os movimentos são naturais e os personagens são inteligentes; dá até para jogá-los de algum lugar alto e empurrá-los contra objetos do cenário. Também podemos usar garrafas, tacos de beisebol, bambus ou canos de metal como armas para atacar inimigos com mais força; é bom ficar atento a objetos quebráveis pelo cenário, que podem render uma arma branca. Conheça os bastidores da captura de movimentos no vídeo abaixo (em inglês):

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Não existem itens de cura espalhados pelo cenário, mas podemos recuperar um pouquinho da vida ao executarmos um ataque especial (desbloqueado após atordoar um inimigo) ou diminuir o nosso contador de mortes. Isso traz uma sensação de recompensa e até um respiro ao jogador, que pode ficar aflito ao ver seu contador de mortes subindo sem parar.

E é por isso que precisamos reforçar: Sifu não terá opções de dificuldade — pelo menos, não no lançamento. Em entrevista para o site MP1st, o produtor Pierre Tarno ressaltou que os jogadores deverão “aprender, melhorar e se adaptar”. Ele finalizou:

“A habilidade de retornar da morte ajudará os jogadores, permitindo que falhem e tentem novamente várias vezes ao enfrentarem dificuldades. Mas o preço dos erros será cobrado e, para finalizar totalmente o jogo, é preciso dominar o sistema de combate.”
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Como ferrenho defensor de modo fácil em jogos, eu particularmente acho isso um ponto negativo. Apesar de divertido, a dificuldade elevada pode afastar jogadores casuais ou que, simplesmente, não queiram gastar horas aprendendo e se adaptando à dificuldade do game, além de pessoas com deficiência — por falar nisso, não há opções de acessibilidade em Sifu, o que é uma pena.

Direção de arte e performance no PlayStation 5

Também é válido ressaltarmos a direção de arte do jogo. Sifu mescla elementos asiáticos clássicos e modernos, e isso fica claro tanto nos cenários — quando passeamos por dojos de luta, clubes noturnos repletos de luzes neon ou salas de arte minimalistas — quanto na trilha sonora. Composta por Howie Lee, a trilha é majoritariamente eletrônica, com um alto BPM (batidas por minuto), mas é intercalada com sons de Guqin (um instrumento antigo de cordas), flautas, gamaleões e outros. Conheça os bastidores da composição da trilha sonora no vídeo abaixo (em inglês):

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No PlayStation 5, não notamos bugs ou grandes problemas de performance — há quedas de frame rate (quadros por segundo) uma vez ou outra, mas nada que atrapalhe a experiência geral. Muitos desses problemas podem ser resolvidos em atualizações futuras.

O game também faz bom uso do feedback háptico do DualSense, o controle PlayStation 5: você sente leves vibrações ao navegar pelos menus, atacando inimigos e interagindo com objetos. Não é nada exagerado ou que incomode as mãos. Como os gatilhos servem para defesa e para outros movimentos simples, não há tensão ou vibração neles. Outro detalhe é que o jogo oferece dicas (em inglês) e vídeos demonstrativos nos cards do sistema. E para os fotógrafos de plantão, há um modo foto bem diverso disponível.

Sifu vale a pena?

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O jogo vale a pena caso você goste de jogos difíceis e desafiadores; jogadores casuais terão muita dificuldade para passar das primeiras fases ou pegar o jeito. Caso esteja disposto a passar pela curva de aprendizagem, Sifu poderá render boas horas de diversão graças a sua gostosa pancadaria e sistema inovador de roguelite.

Sifu será lançado em 8 de fevereiro para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC. Nos consoles, o jogo está mais caro: R$ 214,90 na versão Standard e R$ 264,90 na versão Deluxe, que vem com trilha sonora e livro de artes digitais; já no computador, elas saem por R$ 75,99 e R$ 94,99, respectivamente.

Com informações: MP1st