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Terrorista usou drone para espionar mesquita antes de massacre na Nova Zelândia

Por| 26 de Agosto de 2020 às 11h58

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Michal Klajban/Wikipedia
Michal Klajban/Wikipedia

O terrorista Brenton Tarrant usou drones para analisar a arquitetura de uma das mesquitas da cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, antes de executar o ataque que matou 51 pessoas e deixou outras 40 feridas, em março de 2019. Os detalhes do planejamento aparecem em documentos apresentados nesta semana pela acusação durante audiência que deve levar ao sentenciamento dele, marcado para acontecer nesta quinta-feira (27).

De acordo com a polícia, Tarrant utilizou um equipamento doméstico, que pode ser comprado por qualquer pessoa e tem câmera acoplada, para voar pelas proximidades da mesquita Masjid Al Noor dois meses antes dos ataques. A ideia, segundo as autoridades, seria avaliar possíveis entradas e saídas do local, assim como o movimento das ruas que ficam no entorno, como forma de planejar um ataque que, nas palavras do próprio atirador, foi desenhado para causar o maior dano possível.

Outras etapas prévias ao tiroteio envolveram o uso de fotos publicadas em redes sociais e serviços de mapeamento para estudo do interior das mesquitas, de forma que ele soubesse exatamente para onde ir quando estivesse lá dentro. Antes de iniciar os atentados, o terrorista ainda teria enviado mensagens a familiares próximos informando a eles sobre seus planos, mas as autoridades não informaram se eles tentaram avisar a polícia sobre os crimes.

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44 pessoas morreram no local avaliado pelo terrorista, em um tiroteio que foi transmitido ao vivo pelo Facebook a partir de uma câmera que Tarrant carregava em seu capacete. A transmissão seguiu por 17 minutos antes de ser retirada do ar pela rede social; depois, o atirador fez mais sete vítimas na mesquita de Linwood, antes de ser parado pela polícia no que as autoridades acreditam ser o caminho para um terceiro ponto de ataque. Foi o maior massacre da história da Nova Zelândia.

Diante do tribunal, Tarrant se declarou culpado de todos os indiciamentos feitos contra ele — 51 por homicídio, 40 por tentativas de assassinato e uma por terrorismo. Ele passou os últimos três dias ouvindo os testemunhos de familiares e sobreviventes de seus ataques, mas surpreendeu a defesa ao abrir mão de seu direito de falar durante o julgamento, já que esperava-se que ele utilizasse o momento para defender ideias extremistas, o que levou a restrições prévias quanto à cobertura ao vivo do julgamento.

A expectativa é de que Tarrant seja o primeiro condenado à prisão perpétua sem possibilidade de condicional na Nova Zelândia desde 1961, quando o país aboliu a pena de morte e, desde então, não aplicou mais a punição máxima prevista pela constituição. As autoridades pediram que a população mostre seu apoio não à condenação do terrorista, mas sim, aos familiares das vítimas dos ataques.

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Crise de moderação

A transmissão ao vivo realizada pelo atirador também voltou o olhar do público às dificuldades enfrentadas pelas redes sociais para limitar o alcance e a publicação de conteúdos violentos e extremistas. Mesmo depois da remoção da transmissão original por Tarrant, as imagens continuaram sendo compartilhadas extensivamente não só no Facebook, como também no Twitter e no YouTube. Ainda hoje, um ano e meio depois do atentado, basta uma pesquisa rápida para que as cenas do massacre sejam encontradas.

O compartilhamento do vídeo se tornou crime na Nova Zelândia, com oito pessoas sendo presas e acusadas de enviarem as imagens a contatos ou publicá-las em seus perfis em redes sociais. A mudança também levou ao bloqueio de sites que disponibilizaram as imagens, como serviços de hospedagem e fóruns anônimos, bem como a problemas legais com emissoras de TV que exibiram parte da transmissão de Tarrant.

O Facebook também foi processado por grupos muçulmanos por sua lentidão na remoção da transmissão original e pela dificuldade em lidar com novos compartilhamentos, uma acusação que ela nega na justiça, apontando números que indicam a retirada de mais de 1,5 milhão de cópias do conteúdo republicadas apenas nos meses seguintes aos ataques. Também em resposta, o Reddit baniu fóruns voltados para o compartilhamento de imagens violentas e registros de crimes, onde as cenas do massacre vinham sendo publicadas de forma frequente.

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Fonte: Australian Financial Review