Facebook informa ter removido 1,5 milhão de vídeos do atentado de Christchurch
O Facebook anunciou ter removido cerca de 1,5 milhão de vídeos do atentado terrorista a duas mesquitas islâmicas na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, ocorrido no último dia 15, sendo 1,2 milhão barrados já no upload. Ao longo do dia de sábado (16) a rede social removeu posts dedicados à exibição do vídeo original dos ataques — este, filmado e transmitido ao vivo pelo próprio atirador, por meio de uma câmera acoplada ao seu capacete.
Além do Facebook, o YouTube também havia anunciado estar promovendo esforços na exclusão de vídeos que mostrassem o atentado, porém a rede de vídeos da Google ainda não informou o volume de postagens excluídas em seu serviço.
A exclusão em massa do Facebook incluiu também vídeos borrados, quadriculados, ou de qualquer outra forma, editados. Todas as versões da gravação dos ataques foram removidas a pedido das autoridades locais e também “por respeito às famílias das vítimas”, segundo o anúncio feito pela rede no Twitter e assinado por Mia Garlick, porta-voz da empresa para o caso.
Out of respect for the people affected by this tragedy and the concerns of local authorities, we're also removing all edited versions of the video that do not show graphic content." — Mia Garlick, Facebook New Zealand
— Facebook Newsroom (@fbnewsroom) 17 de março de 2019
Sobre esse gap de 300 mil vídeos que chegaram a ser publicados, porém, o Facebook não informou quanto tempo eles ficaram no ar. Mais além, o jornal americano Wall Street Journal relatou que o potencial de viralização do vídeo infelizmente foi maior que o empenho das empresas em barrá-lo, sendo ainda bem simples de achá-lo nas grandes plataformas. Outras empresas que poderiam servir de canal de distribuição do vídeo (Vimeo, Dailymotion, Twitter e outras redes sociais, por exemplo) não se manifestaram.
Recapitulando o atentado
Na madrugada desta sexta-feira (15), um homem que se identificava como “Brenton Tarrant” em uma conta (já desativada) do Twitter invadiu duas mesquitas e abriu fogo contra seus religiosos, matando 49 pessoas e ferindo outras 20. Ambos os ataques foram transmitidos ao vivo pelo Facebook. Segundo a polícia, o autor estaria usando um capacete com uma câmera GoPro acoplada. A mídia toda tem cerca de 17 minutos de duração.
O homem em questão tuitava fotos de armas de fogo semiautomáticas em sua conta na rede de microblogs e chegou a enviar e publicar, em um fórum de usuários conhecido por suas controvérsias, um manifesto de pouco mais de 70 páginas, identificando-se como “fascista”. O primeiro-ministro da Austrália, o conservador Scott Morrison, descreveu o atirador, que tem cidadania australiana, como “um terrorista extremista da direita”. Já a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, chamou o episódio de “atentado terrorista”.
Em sua transmissão, o atirador fez diversas referências, citando jogos como Spyro The Dragon e mencionando a ativista política conservadora dos EUA, Candace Owens. Ele também brincou, pedindo que os seus espectadores assinassem o canal de Felix “PewDiePie” Kjellberg. O youtuber dono do segundo canal mais popular do mundo, que já esteve envolvido em problemas por postagens antisemitas que ele próprio chamou de “sátiras”, publicou posts em suas contas oficiais: “Acabei de saber dos relatos devastadores vindos de Christchurch, Nova Zelândia. Eu me sinto absolutamente enojado de saber que meu nome foi proferido por essa pessoa. Meu coração e preces estão com as vítismas, famílias e todos os afetados por essa tragédia”.
Segundo a BBC, a polícia neozelandesa prendeu quatro pessoas — três homens e uma mulher — suspeitas de terem participação nos ataques — um deles, inclusive, já foi formalmente acusado de homicídio. O suspeito de ser o autor dos ataques foi preso pelas autoridades e relacionado ao aumento de ações ligadas à chamada “alt-right” e o crescimento de supremacistas brancos na internet.
Fonte: Facebook Newsroom (via Twitter); The Wall Street Journal (vídeo)
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