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IA, mártir e propaganda: as teorias sobre a atiradora do YouTube

Por| 05 de Abril de 2018 às 10h19

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IA, mártir e propaganda: as teorias sobre a atiradora do YouTube
IA, mártir e propaganda: as teorias sobre a atiradora do YouTube
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Menos de dois dias depois do ataque que deixou três feridos, sendo dois em estado grave, nos escritórios do YouTube na Califórnia, já começaram a pipocar as teorias da conspiração e argumentações que contam uma história diferente da oficial para as motivações da atiradora Nasim Aghdam. Para alguns, ela é um exemplo de alguém levado a circunstâncias extremas devido à violações em sua liberdade de expressão; para outros, ela nem mesmo existe.

As primeiras relativizações do que aconteceu começaram a surgir nesta quarta-feira (04), pouco depois da divulgação de informações preliminares pela polícia. De acordo com a linha de investigação oficial da polícia de San Bruno, nos EUA, Nasim Aghdam, de 39 anos, invadiu o prédio do YouTube motivada pelo ódio que sentia da empresa, por julgar que ela minava artificialmente o alcance de seus vídeos e se recusava a pagá-la por suas criações.

São acusações que apareciam nas próprias produções de Aghdam, já retiradas do ar, e também em sites pessoais. Para partidários de extrema direita, também afetados por recentes medidas de bloqueio e banimento de determinados conteúdos do YouTube, porém, o ato da atiradora é uma demonstração do que acontece quando se retira arbitrariamente a liberdade de expressão de alguém.

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Muitos destes, logicamente, concordam que a medida da youtuber, uma ativista pelos direitos dos animais e alimentação saudável, foi extrema. Ainda assim, não demorou para que relatos publicados na imprensa ou discussões sobre o caso nas redes sociais recebessem a adição de selos que trazem a imagem de Aghdam com olhos e boca tampados pela mensagem “censura mata”, que se tornou uma espécie de símbolo do movimento, juntamente com a hashtag #CensorshipKills.

É nesse tópico que se concentram boa parte das discussões sobre o tema, que, ao contrário de muitas teorias da conspiração, concordam com a investigação oficial. Textos analíticos e opinativos também já começam a aparecer em veículos partidários do uso livre de armas de fogo nos Estados Unidos, como é o caso da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês).

O correspondente da organização, Chuck Holton, afirmou que, ao censurar vídeos sobre armas de fogo, o YouTube abriu as portas para ódio desse tipo. Ele alega que a liberdade de expressão é um direito fundamental de qualquer cidadão e que incidentes como o tiroteio nos escritórios da empresa são representativos de quando esse aspecto é retirado de forma arbitrária. Ele não nega que certo desequilíbrio mental possa ter contribuído para a decisão de entrar atirando em um escritório, mas aponta que essa não é a única razão para o ato.

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Com o andamento das investigações e também a passagem do tempo, mais e mais relatos desse tipo estão sendo publicados em sites e redes sociais. O logo do YouTube aparece ao lado de imagens editadas de Aghdam, juntamente com títulos que trazem adjetivos como “sádico”, “opressor” e “ditador” para definir a atuação da plataforma de vídeos diante de alguns temas banidos recentemente ou que cujo alcance está sendo efetivamente diminuído.

Tiros fictícios

Enquanto duas das vítimas de Aghdam permanecem em estado grave em hospitais da Califórnia, uma segunda corrente de raciocínio, como normalmente acontece com grandes eventos desse tipo, aponta para a possibilidade de o tiroteio ser uma grande armação. Estes teóricos se baseiam em análises de vídeos feitos por Aghdam durante sua carreira como YouTuber e apontam o que consideram ser inconsistências nos relatos de testemunhas e vítimas.

Um vídeo publicado ainda na terça-feira, mesmo dia do tiroteio, e que vem ganhando tração e discussões adicionais no próprio YouTube, questiona até mesmo a existência de Aghdam. Por meio de comparações de fotos de arquivo pessoal e screenshots dos vídeos da youtuber, foi criada a hipótese de que a imagem da atiradora foi criada por computador devido à falta de expressividade da mulher e a estranheza de muitas de suas produções.

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Até o FakeApp é citado como material de apoio para tais alegações. O aplicativo que permite inserir o rosto de uma pessoa em vídeos de outra – e vinha sendo usado para a criação de vídeos pornográficos falsos com celebridades – é apontado como o responsável pela estranheza. Para os teóricos que acreditam nessa linha de raciocínio, o rosto de Aghdam foi gerado por computador e, então, inserido em imagens reais gravadas por uma atriz.

Outros vídeos também publicados no YouTube se apoiam na guemátria, um método de análise de palavras em hebraico que atribui números a letras. Debruçando-se sobre o nome da atiradora, a data em que o tiroteio aconteceu e também sobre termos como “YouTube” ou “Google”, produções também apontam para o uso de inteligências artificiais não apenas neste caso, mas em outros tiroteios, com base na ideia de que computadores não seriam capazes de gerar nomes e números sem determinados padrões, como os que acreditam terem encontrado os teóricos.

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Por fim, há sempre aquela vertente que acredita que tudo, é, pura e simplesmente, uma farsa criada por agências governamentais para forçar a mão da população rumo a um maior controle de armas de fogo ou validação das medidas tomadas recentemente pelo YouTube. Aqui, temos como “false flag” aparecem com frequência, uma referência a um termo militar no qual um lado do combate realiza ações que parecem ter sido orquestradas pelo outro, como forma de colher os frutos de tais atos.

Como normalmente acontece – seja devido ao absurdo de algumas alegações ou, para os partidários delas, parte da própria campanha de ofuscamento –, nenhuma das partes envolvidas oficialmente comentou sobre este assunto. Aghdam teria disparado pelo menos uma dezena de vezes dentro de um refeitório do YouTube e, na sequência, voltou sua pistola contra si mesma, encerrando a própria vida. Desde então, funcionários da plataforma tentam retomar suas vidas e a rotina normal de trabalho.

Fonte: The Verge, Media Matters