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Conheça Ronald Wayne, o quase cofundador da Apple que deixou de ganhar US$ 60 bi

Por| 04 de Abril de 2016 às 07h00

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Na última sexta-feira (1º), a Apple completou exatos 40 anos de idade desde que foi fundada pela dupla Steve Jobs e Steve Wozniak. O que muita gente não sabe é que por muito pouco a companhia não teve um terceiro nome envolvido em sua criação e que poderia ter sido um dos nomes bilionários por trás da gigante de Cupertino: o de Ronald G. Wayne, hoje com 81 anos.

Wayne, que em meados da década de 1970 tinha 41 anos, trabalhava para a fabricante de videogames Atari, onde Jobs também era funcionário. Jobs tinha o costume de pedir conselhos a Wayne, principalmente se ele deveria começar um negócio próprio.

Foi numa dessas conversas que Jobs convenceu Wayne a falar com Woz sobre os dois trabalharem exclusivamente para aquela que um dia seria a empresa da Maçã. Jobs reconheceu o talento do amigo desde cedo, quando os dois ainda frequentavam o Homebrew Computer Club, um local que reunia entusiastas que desmontavam circuitos e reconstruíam tudo de um jeito novo.

Em entrevista à BBC, Wayne contou que Jobs tinha confiança em suas palavras pois o achava, "de alguma forma, mais diplomático que ele" - o que, consequentemente, poderia ajudar a influenciar na decisão de Wozniak, que estava relutante em aceitar a oferta.

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"Ele estava muito ansioso para continuar com Steve Wozniak, para produzir isto (o computador). Mas Wozniak era um sujeito caprichoso, tudo o que ele fazia era pela diversão. Woz não tinha o conceito de negócios nem das regras do jogo", destacou Wayne. Mas não demorou muito para ele convencer Woz: foram necessários apenas 45 minutos para que ele comprasse, e entendesse, a ideia de Jobs.

Quase um bilionário

Pela ajuda, Wayne teria direito a 10% de todos os lucros que a Apple viria a conquistar. Ele também seria "a voz da razão" em caso de disputas entre Jobs e Woz, que por sua vez ficariam com 45% da receita cada um. Naquela época, Jobs tinha conseguido o primeiro acordo da Apple: uma pequena rede de lojas de computação, a Byte Shop, queria 50 máquinas da companhia, que teria de pegar emprestado US$ 15 mil para fabricar os computadores.

No entanto, Wayne descobriu que a Byte Shop não tinha uma reputação muito boa em termos de quitar suas dívidas. Por isso, ele disse a Jobs e Woz que ajudaria os dois no que pudesse, mas que se desligaria oficialmente da Maçã com medo de como aquele negócio arriscado poderia prejudicar suas finanças.

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"Se a empresa falir, somos individualmente responsáveis pelas dívidas. Jobs e Wozniak não tinham um tostão. Eu tinha uma casa, uma conta bancária e um carro. Eu poderia ser alcançado", disse.

Além disso, Wayne se considerava o responsável pela "supervisão de um adulto" para o sonho de Jobs. Embora reconheça o talento do amigo, ele declarou de que não era isso o que queria para sua vida. "Eu disse: 'Steve, o que quer que você queira fazer, você pode fazer mais facilmente com dinheiro no bolso. Vá em frente, ganhe dinheiro e faça o que você quiser. Só não esqueça porque você queria o dinheiro'".

A última contribuição de Wayne foi projetar o primeiro logotipo da empresa: um desenho de Isaac Newton sentado embaixo de uma árvore, com uma maçã prestes a cair em sua cabeça. Wayne assinou a imagem, mas Jobs pediu que ele retirasse a assinatura. Em troca de sua criação, ele recebeu um cheque de US$ 1,5 mil (cerca de R$ 5,3 mil), uma quantia quase inexistente perto do valor de mercado da Apple atualmente: US$ 600 bilhões.

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"A carta dizia que tudo o que eu tinha de fazer era abdicar de todo e qualquer interesse que eu pudesse ter em relação à Apple Computer Company e o cheque seria meu. Até onde eu podia ver, era 'dinheiro encontrado'. Então fui em frente, assinei", afirmou.

Wayne também vendeu sua cópia do contrato original assinado há 40 anos por ele, Jobs e Wozniak. O arquivo, vendido por US$ 500 (R$ 1,7 mil), foi leiloado em 2011 pelo equivalente a US$ 1,6 milhão (R$ 5,7 milhões). Se ainda fizesse parte da Apple, seus 10% de participação valeriam hoje quase US$ 60 bilhões.

"[Se ainda estivesse na Apple] Eu teria liderado um departamento muito grande de documentação nos fundos do prédio, remexendo documentos durante 20 anos da minha vida. Não era esse o futuro que eu queria para mim", disse. "Se dinheiro fosse a única coisa que eu quisesse, existem muitas formas de conseguir. Mas era muito mais importante fazer algo que eu gostasse. Meu conselho para jovens é sempre este: descubra algo que você gosta tanto de fazer que você vai querer fazer de graça. E você nunca mais vai trabalhar na sua vida", justificou o executivo.

Atualmente, Wayne vive em uma casa simples na cidade de Pahrump, a 800 quilômetros de Cupertino, onde fica a sede da Apple.

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Fonte: BBC