Inteligência artificial descobre pintura "escondida" de Pablo Picasso
Por Gustavo Minari | Editado por Douglas Ciriaco | 14 de Outubro de 2021 às 17h43
Um retrato de uma mulher nua agachada, escondido sob a superfície de uma pintura de Pablo Picasso, foi revelado por cientistas da Universidade College London (UCL), na Inglaterra. A técnica empregou inteligência artificial (IA), tecnologia de imagem por raio-X e uma técnica avançada de impressão em três dimensões.
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Apelidado de “The Lonesome Crouching Nude”, o retrato estava oculto sob outra obra do famoso Período Azul do pintor espanhol há mais de um século. A pintura foi considerada perdida até 2010, quando imagens de raio-X revelaram que ela estava por trás do quadro “A Refeição do Homem Cego”.
“Acreditamos que Picasso provavelmente pintou esta peça com relutância. Era comum em seu trabalho do Período Azul, pois era no início de sua carreira, e os materiais eram caros, daí a necessidade de reaproveitar a tela para elaboração de outros trabalhos”, comenta o especialista em aprendizagem de máquina na UCL Anthony Bourached.
Revelando Picasso
Curiosamente, a imagem da mulher nua agachada também é retratada como uma pintura inacabada ao fundo da famosa “La Vie” de 1903, de Pablo Picasso, exposta no Museu de Arte de Cleveland, nos Estados Unidos. Usando uma combinação de imagens espectroscópicas, IA e impressão 3D, os cientistas conseguiram reproduzir a pintura colorida em tamanho real.
Para garantir que as pinceladas fossem fiéis à aparência original da obra, os pesquisadores da UCL desenvolveram um algoritmo para analisar dezenas de pinturas de Pablo Picasso naquele mesmo período, treinando-o para aprender o estilo e a técnica usada pelo artista durante a criação do quadro.
“Espero que Picasso fique feliz em saber que o tesouro que ele escondeu para as gerações futuras foi finalmente revelado, 48 anos após sua morte e 118 anos depois que a pintura foi escondida. Acredito que a mulher no retrato esteja contente em saber que não foi apagada da história”, acrescenta o físico George Cann.
Cinco etapas
A técnica de descoberta do retrato oculto baseou-se em cinco etapas distintas. Na primeira, os cientistas usaram imagens de raio-X para revelar o que estava por baixo da tela original. Logo depois, essa imagem foi processada para separar os traços internos e externos da obra.
Uma rede neural foi treinada com uma coleção de obras de arte do pintor, tornando-se capaz de imitar o estilo do artista com base em pinturas anteriores. Em seguida, um mapa em alto-relevo do retrato foi gerado para dar textura à peça que ganhou “vida” em uma impressora 3D de última geração.
“É muito emocionante ver uma obra ocultada por tanto tempo. É realmente assustador ver as pinceladas, a cor e a maneira como as luzes refletem nesse trabalho de Picasso e, graças à tecnologia, trouxemos à tona uma pintura que poderia se perder para sempre”, encerra Bourached.
Fonte: University College London