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1º candidato deepfake da história "ganha vida" na Coreia do Sul

Por| Editado por Douglas Ciriaco | 14 de Fevereiro de 2022 às 12h30

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(Imagem: Reprodução/RenovaMídia)
(Imagem: Reprodução/RenovaMídia)

A tecnologia de deepfake foi capaz de criar um candidato para disputar as eleições presidenciais na Coreia do Sul. Um escritório especializado em cuidar de campanhas de Seul foi o responsável por criar o avatar de um homem de meia-idade chamado AI Yoon para disputar a eleição marcada para 9 de março.

Para ter o êxito desejado, foram usadas horas de filmagens gravadas pelo candidato do People Power Party (Partido do Poder Popular), Yoon Suk-yeol. O verdadeiro Yoon registrou mais de 3.000 frases — cerca de 20 horas de áudio e vídeo — para fornecer dados suficientes para uma empresa de tecnologia local criar a figura virtualizada.

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Trata-se do primeiro candidato deepfake oficial da história, viabilizado graças ao acesso massivo da população à internet com as médias de velocidade mais rápidas do mundo. A abordagem deu certo e fez com que os posicionamentos de AI Yoon ganhassem as manchetes na mídia sul-coreana, além de mais de sete milhões de visitas ao site Wiki Yoon para questionar o avatar.

AI Yoon é um senhor de cabelos pretos que veste ternos elegantes, com uma aparência que lembra muito o verdadeiro candidato sul-coreano. Ao contrário do homem de carne e osso, a figura digital usa linguagem ácida, humor e memes para tentar atrair a atenção dos eleitores mais jovens.

Deepfake para eleições

A popularidade do candidato deepfake é considerado um case de sucesso no país asiático, pois conseguiu atrair milhões de visualizações desde a estreia em 1º de janeiro. As pessoas podem entrar na página oficial e fazer perguntas para o avatar, as quais nem precisam estar relacionadas à política.

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Uma das perguntas recentes feitas por um usuário à AI Yoon foi qual dos dois políticos ele salvaria em caso de afogamento: Moon Jae-in (o atual presidente) ou Lee Jae-myung (um postulante ao cargo). A resposta ácida do avatar foi: "Desejo boa sorte aos dois".

É incrível notar como a figura de AI Yoon poderia se passar facilmente por um candidato real. As expressões faciais, a articulação da fala e o poder algorítmico de respostas dão muita credibilidade a algo que foi gerado artificialmente.

Vídeos de deepfake já foram usados em situações anteriores, como no caso de uma montagem de Barack Obama que insultava Donald Trump e do candidato à prefeitura de Nova York Andrew Yang. Mesmo assim, as técnicas haviam sido empregadas de forma irregulares com fins políticos por apoiadores, diferentemente da situação sul-coreana.

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Língua afiada e humor ácido

A estratégia da campanha do candidato é apelar para a polêmica como forma de ganhar a atenção. Ao responder aos questionamentos, Al Yoon costuma se referir ao presidente Moon e seu rival Lee como o "Moon Ding Dong" e "Lee Ding Dong".

Há críticas pesadas à forma como ambos de posicionam sobre a relação com a Coreia do Norte. Moon já teve quatro reuniões com Kim Jong Un, o líder-supremo de Pyongyang, desde que assumiu o cargo para negociar a paz. O candidato Yoon, contudo, acha essa uma postura muito branda com os "inimigos", como se refere aos norte-coreanos.

O avatar debochou quando o verdadeiro candidato Yoon foi acusado de receber presentes inapropriados (cestas de frutas) de uma empresa de construção quando era promotor. "Não estou em dívida com caquis e melões. Estou apenas em dívida com as pessoas", disse AI Yoon, que precisou reconhecer depois o recebimento de alguns presentes.

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Embora não esteja na liderança, pesquisas mostram que Al Yoon é o candidato mais popular na faixa entre 20 e 30 anos — reflexo da equipe que cria os roteiros das respostas do avatar, que também não passa dos 30 anos. Os criadores, inclusive, dizem que as respostas são definidas em sessões rápidas de trocas de ideias com até 30 minutos de duração, algo bem diferente das retóricas estrategicamente elaboradas por planejadores de campanhas.

A legislação de Coreia do Sul permite que candidatos de IA façam campanhas, desde que sejam claramente identificados como tal e não espalhem boatos ou notícias falsas. Com a facilidade de se criar conteúdos baseados em deepfake, não seria surpresa se outras nações adotassem a prática daqui para frente.

Fonte: TechXplore