Biden recruta especialista para lidar com reconhecimento facial nos EUA
Por Dácio Castelo Branco | Editado por Claudio Yuge | 13 de Setembro de 2021 às 22h20
O presidente dos EUA, Joe Biden, nomeou Álvaro Bedoya, professor de direito e pesquisador conhecido por suas teses sobre privacidade da população em relação a tecnologia, para a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) estadunidense.
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Alvaro Bedoya é o fundador do Centro de Justiça da Privacidade e Tecnologia de Georgetown, onde o foco de sua pesquisa é o reconhecimento facial e outras formas de monitoramento. Antes de fundar essa instituição, ele foi o conselheiro chefe do subcomitê do senado americano para Privacidade, Tecnologia e Justiça.
Bedoya foi o coautor em 2016 de uma pesquisa sobre o uso não regulado de reconhecimento facial pela polícia nos EUA. O estudo, que foi feito durante um ano, mostrou que a maioria das pessoas adultas no país tinham seu rosto registrados em softwares usados por oficiais para reconhecimento facial, e que ninguém estava discutindo os vieses presentes no programa, seja racial ou sexual. O estudo resultou em várias novas leis para regular o uso de tecnologia pelo governo e pela polícia, além do primeiro estudo de vieses em tecnologia feito pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos Estados Unidos da América.
Mais transparência para tecnologias de monitoramento
Álvaro Bedoya é conhecido nos EUA também pelos seus pedidos para que a forma que a tecnologia é usada para monitorar pessoas seja mais transparente. Em uma tese publicada em 2020, intitulada “Privacidade como um direito civil”, Bedoya diz que o peso das tecnologias de monitoramento caiu sobre os imigrantes e minorias, com relatos que a Immigration and Customs Enforcement (ICE), órgão responsável pelo controle de imigração, estava analisando automaticamente as redes sociais de imigrantes para escolher 10 mil pessoas por ano para serem deportadas.
Para Álvaro, assim como é possível olhar em registros da corte quando e por quanto tempo um juíz pediu para uma pessoa ter seus telefones grampeados, o mesmo processo deveria acontecer com as novas tecnologias. A transparência ajudaria na privacidade individual, afinal.
Com sua nomeação, a FTC ganha mais um membro preparado para o confronto com as Big Techs, que vem sendo uma pauta importante no primeiro ano do governo de Joe Biden.
Fonte: Ars Technica