Ubisoft promete mudanças após acusações de assédio sexual de seus funcionários
Por Wagner Wakka | 04 de Julho de 2020 às 08h00
A indústria de games está conhecendo seu próprio #MeToo, com denúncias de assédio sexual e posturas no mínimo consideradas inadequadas em empresas de desenvolvimento de jogos. Nas últimas semanas, surgiram mensagens contra influenciadores da Twitch e do CEO da EVO em acusações de pedofilia e assédio sexual. As duas companhias já tomaram providências. Agora, é a Ubisoft quem vem a público se manifestar sobre casos internos.
- Ubisoft está investigando acusações de assédio sexual entre seus funcionários
- Ainda vale a pena comprar um PS4 ou Xbox One com a nova geração vindo aí?
- Contratação de Ninja foi um dois pivôs do fim do Mixer, dizem ex-funcionários
Na última semana, surgiu um movimento que reuniu histórias de assédio, abuso e agressões no meio de jogos e streaming. Os relatos foram compilados em um arquivo no Google Docs e compartilhados por uma conta do Medium. No total, são mais de 350 casos denunciados.
Uma busca por Ubisoft no arquivo mostra reclamações ao menos contra dois funcionários da empresa. O primeiro é Gregg Baker, desenvolvedor de comunidade da empresa. Ele é acusado se abusar sexualmente de uma mulher em 2009 e depois teria se aproveitado de seus cargos na Riot, Giffgaff e Jagex também para dar em cima de funcionárias. O executivo ainda não se manifestou sobre o caso.
Outro acusado é Andrien Gbinigie, que trabalha no marketing da Ubisoft para a franquia Watchdogs. Ele é acusado por, pelo menos cinco pessoas de casos que vão desde assédio a estupro.
“Minha experiência com agressão sexual [alerta de gatilho: estupro]”
No Twitter, Gbinigie negou todas as acusações. “Peço desculpas por demorar tanto, mas eu queria ter certeza de levantar tudo antes de publicar. Por favor, leiam:”
O que diz a Ubisoft?
Em uma carta aberta, o CEO da empresa, Yves Guillemot, informou que haverá mudanças no setor de recursos humanos da empresa e que tornará todos os gerentes responsáveis por má condutas de seus subalternos.
“As situações que algumas pessoas têm experienciado ou testemunhado é completamente inaceitável. Ninguém deveria se sentir assediado ou desrespeitado em seu trabalho, e os tipos de comportamento inapropriados que ficamos sabendo não podem e nem serão tolerados. A todos que se manifestaram ou apoiaram colegas, serei claro: vocês serão ouvidos e estão ajudando a mudar a companhia”, disse Guillemot.
Ainda, a empresa elegeu Lidwine Sauer como chefe de um novo setor de cultura de trabalho interno. O trabalho dela será examinar os aspectos do comportamento dos colaboradores da companhia e sugerir mudanças diretamente a Guillemot. A Ubisoft também terá um time multidisciplinar para lidar com casos do tipo.
Segundo Guillemot, o grupo vai contar com audiências moderadas por companhias terceirizadas para ouvir problemas dos funcionários. Ele ainda informou que os casos apresentados estão em investigação. “Sei que muitos estão ansiosos por resultados destas investigações. Entretanto, precisamos tomar os cuidados necessários para garantir que isso seja feito com o devido rigor. Quando concluídos, as ações apropriadas serão tomadas. Na medida em que novas alegações ou reclamações chegarem até nós, serão também completamente investigadas”, completou o CEO.
A carta aberta está disponível na íntegra no site da Ubisoft.