Ubisoft é questionada por abusos em conferência com investidores
Por Rafael Arbulu | 24 de Julho de 2020 às 08h30
A Ubisoft vem tomando as manchetes recentes do noticiário internacional por todos os motivos errados. Desde o começo de julho, a francesa vem sendo alvo de uma exposição corporativa que revelou diversas práticas de abuso moral e sexual por executivos de alto escalão. Por mais que a empresa já tenha anunciado medidas em prol e reativas em relação aos diversos casos noticiados, o assunto não só ainda não acabou e agora chegou aos investidores, que aproveitaram uma conferência com o CEO Yves Guillemot para questioná-lo sobre os casos.
Antes mesmo da conferência começar, a Ubisoft divulgou seu relatório interno, em que anunciava o congelamento de bônus atribuídos a times gerenciais a fim de “criar um ambiente de trabalho positivo e inclusivo”. Depois da maior parte da conferência ser direcionada aos resultados financeiros, foi aberta a sessão de perguntas e respostas, onde um dos investidores questionou Guillemot sobre sua ciência em relação aos abusos: a ideia era estabelecer se o CEO não sabia dos casos, se ele sabia e não fez nada até a bomba estourar na mídia ou se ficou sabendo, mas demorou a tomar ações.
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“Sempre que nos tornamos cientes de cada caso de má conduta, nós tomamos decisões bem difíceis e nos certificamos de que essas decisões trouxessem um impacto positivo e claro”, disse Guillemot. “Agora, tornou-se óbvio que alguns indivíduos traíram a confiança que eu depositei neles e não corresponderam aos valores que são compartilhados por toda a Ubisoft. Então eu, particularmente, nunca comprometi meus valores e ética, e nunca o farei. Eu continuarei a liderar e transformar a Ubisoft para enfrentar os desafios de hoje e amanhã”.
Outro investidor questionou o CEO sobre as ações mais práticas da Ubisoft em relação ao caso. Guillemot reiterou seu anúncio de dias atrás, confirmando que assumirá algumas posições referentes a cargos deixados por executivos implicados nos casos de abuso - especificamente, as obrigações de CMO (Chief Marketing Officer) e o direcionamento criativo das principais franquias da empresa, como Assassin’s Creed e os jogos da saga Tom Clancy (Ghost Recon, Rainbow Six e Splinter Cell, para citar alguns).
"Nós temos uma aprofundada gama de pessoas criativas, talentosas e de nível sênior, muitas mentes criativas, então agora eu vou assumir diretamente o papel de CMO e estou pronto para cuidar de todos os jogos que estão a caminho”, esclareceu o CEO. “Eu já vinha acompanhando esse projeto cuidadosamente e eu tenho equipes fortes que também fazem isso. Vamos tirar vantagem da evolução da empresa para garantir mais comunicação e investimento de todas as equipes locais nas produções de todos os jogos”.
Guillemot também ressaltou que a Ubisoft está nomeando vice-presidentes para diversas posições em seus muitos escritórios. Um investidor então aproveitou a deixa para pedir por nomes específicos, a fim de saber quem exatamente ficaria encarregado do que - o CEO foi evasivo, recusando-se a oferecer nomes, mas disse que essa iniciativa já vem dando resultados positivos.
Fonte: Gamespot