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Review Street Fighter 6 | Revolução e tradição de portas abertas a todos

Por| Editado por Jones Oliveira | 30 de Maio de 2023 às 13h46

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Divulgação/Capcom
Divulgação/Capcom

Houve um tempo em que qualquer bar de esquina tinha um gabinete de fliperama, com Street Fighter sendo um dos títulos mais procurados. Hoje, é difícil achar, mesmo entre quem não joga videogame, alguém que não conheça a franquia da Capcom, ainda que só de nome. É uma tradição que a própria empresa conhece bem e explora de forma magistral em Street Fighter 6, traduzindo isso em um abraço digno de Zangief nos novatos, mas com a eletricidade necessária de Blanka para os jogadores veteranos em busca de novos desafios.

Afinal de contas, muita gente conhece o famoso Hadouken do Ryu, mas poucos sabem de seu potencial cancelador de Super Arts. O Shoryuken de Ken é poderoso, mas há quem não preste atenção no fato de que o ataque, se desferido no momento errado, deixa o jogador vulnerável a ataques. Mais potente do que tudo isso, sim, é o potencial artístico e definidor de Street Fighter 6 em explicar suas dinâmicas e colocá-las nas mãos de jogadores de diferentes níveis de habilidade e capacidades motoras, de forma que todos possam aproveitar a experiência e seus aspectos competitivos.

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De todos os elementos centrais da experiência com o novo game, que chega neste dia 2 de junho a consoles e PC, com certeza a acessibilidade é o mais potente. Ainda que a quantidade de opções e estilos possa parecer estonteante a um primeiro olhar, quem se prontificar a conhecer todas as suas camadas encontrará algo de precioso em cada uma delas e, acima de tudo, poderá sentir de forma virtual o que significa a clássica busca do mais forte que é a motivação de boa parte dos personagens da franquia.

O maior combate da história

A maior mudança, sem dúvida nenhuma, está no esquema de controles de Street Fighter 6. Nos sistemas, a Capcom também faz o maior investimento em acessibilidade de sua história, tomando notas de títulos passados e contando com uma ajudinha da inteligência artificial para entregar três esquemas diferentes. Mais do que sistemas mais simples e objetivos, eles também representam uma escolha para o jogador, com isso valendo não só para pessoas com deficiência ou sem intimidade com games de luta.

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O modo Dinâmico, por exemplo, resume o combate a poucos botões e cria grande parte da estratégia em tempo real. É a opção para quem tem dificuldades motoras, mas também para aqueles que estão chegando agora e desejam conhecer o tempo das partidas, o estilo de Street Fighter 6 ou entender algumas de suas mecânicas. É limitado para quem entende do combate, mas também possibilita uma experiência mais casual, que conversa bem com alguns modos igualmente tranquilos.

A segunda opção, que também pode representar o passo seguinte de quem está começando, é o estilo Moderno. Lembrando os tempos de Marvel Vs. Capcom 3, a Capcom apresenta um sistema que permite aplicar golpes especiais com um botão e cria dinâmicas próprias no controle, possibilitando um pouco mais de avanço nas mecânicas e profundidade, além de facilidade para quem joga, em troca de um poder de dano diminuído.

Por último, enfim, está o modo Clássico, com a experiência completa de Street Fighter 6 e seu tradicional estilo de botões e aplicação de golpes. Os veteranos virão para cá direto, mas há um claro incentivo do game para que mesmo eles experimentem os estilos variados de comandos, seja para conhecer de forma mais simples o rol de novos personagens do game ou para descansarem um pouco das jogatinas hardcore com um esquema mais casual.

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Mais do que apenas opções soltas, os sistemas de comandos conversam com toda a experiência de Street Fighter 6, que traz um dos modos de treinamento mais completos da franquia. Aqui, não se trata apenas de ler planilhas de golpes e tentar executar comandos em uma arena, mas sim de um verdadeiro tutorial completo — e complexo — do game, dedicado a esmiuçar suas mecânicas ao menor nível de detalhe, bem como promover a já citada evolução de habilidades que é a base de todo game desse tipo.

Informações sobre frames e colisões, sequências de combos, golpes especiais e, claro, o funcionamento do sistema Drive, outra grande novidade do jogo, aparecem com destaque aqui. E durante todo o tempo a sensação foi de que a Capcom estava nos convidando para participar de algo grandioso com Street Fighter 6, sem esconder suas dinâmicas e elementos mais profundos, aqueles conhecidos apenas pelos profissionais. Agora, eles parecem estar ao alcance de todos.

É claro, há um longo caminho a seguir, principalmente para quem está começando ou sempre teve uma experiência mais casual com a franquia, focada nas lutas com amigos nas festas e intervalos de trabalho — o caso deste jornalista, inclusive. A desenvolvedora, porém, faz questão que os jogadores entrem nessa jornada a bordo de um carro confortável e com ar condicionado, com espaço suficiente para que todo mundo vá confortavelmente sentado.

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Bem-vindo ao estiloso palco

Ainda assim, não é preciso fazer um curso para jogar Street Fighter 6. Mesmo os novatos de franquia, se quiserem, podem seguir direto para os modos principais do game, com três experiências separadas pela Capcom que podem, inclusive, serem baixadas de forma individual, de acordo com a experiência desejada por cada um. Ainda que certas opções se sobreponham ou possam parecer confusas no começo, a grande verdade é que esse novo capítulo é um dos maiores playgrounds já apresentados para a saga.

O mais básico e conhecido de todos deve ser o Fighting Ground, onde estão os tradicionais modos Versus para jogar com os amigos e o Arcade, que traz pequenas histórias e a clássica sequência de combates que nos levam de oponentes comuns até o chefão final. Cada personagem tem seu próprio enredo aqui, apresentado belos visuais que remetem aos quadrinhos, enquanto quem terminar com cada um deles ganha ainda mais artes, remontando aos idos da franquia e fazendo um passeio pelo legado de Street Fighter.

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O cuidado com pequenos detalhes também aparece aqui, com referências espalhadas pelos cenários e múltiplos easter eggs por todo lado, fazendo um aceno aos veteranos e também a outras marcas, como Final Fight, cujo universo é compartilhado com o de Street Fighter. As marcas de luta que ficam nos personagens, com sangue no corpo e sujeira nas roupas, também é uma minúcia interessante, que traz uma camada adicional de realismo já amplamente propiciada pelos belíssimos gráficos possibilitados pela RE Engine.

É nesse aspecto, também, que Street Fighter 6 brilha fortemente. O motor gráfico ultrarrealista, que ficou notório com os recentes jogos da série Resident Evil, trouxe novos e frescos ares para o novo título, mas, acima dele, está uma direção de arte fantástica. O trabalho de reunir grafismos e elementos coloridos, assim como as brincadeiras e expressões exageradas e usuais da franquia, faz com que o novo jogo tenha uma personalidade única e, acima de tudo, diferente dos anteriores, algo que parece cada vez mais difícil em uma franquia tão longeva.

Há uma surpresa visual a cada etapa, ainda que ela seja menor no modo World Tour, outra das grandes adições a Street Fighter 6. Trata-se de uma abordagem relativamente interessante para um modo campanha, com o jogador criando seu próprio avatar e interagindo com uma Metro City aberta e livre, encontrando personagens e evoluindo seu estilo de luta, bem como acompanhando a história do game.

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Antes de tudo, há de se aplaudir o modo de criação de personagens, daqueles que vai fazer muita gente perder horas fazendo piada e criando celebridades. As opções completíssimas permitem absolutamente qualquer coisa, ainda que os protagonistas sempre mantenham uma coesão visual, com direito também a “receitas” e a possibilidade de compartilhar os próprios lutadores e baixar designs feitos pela comunidade. Aqui, desde as demonstrações de Street Fighter 6, já vem sendo criada uma base de fãs particular.

Partir para o World Tour em si, porém, não é tão instigante assim. Ainda que seja o modo mais longo, com mais elementos e maior sensação de progressão, há um sentimento de que estamos sendo levados pela mão a um destino não tão legal assim. Principalmente em seu início, a campanha é altamente impositiva e apresenta elementos bem básicos, enquanto limita a movimentação a objetivos específicos que depõem contra o próprio formato.

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Até mesmo quedas na taxa de quadros por segundo aparecem nos combates que podem ser levados a praticamente qualquer pessoa da rua. E enquanto o jogador explora uma Metro City semiaberta, é incomodado por valentões e vai progredindo seu avatar em uma mecânica simplificada de RPG, com roupas e itens que garantem vantagens especiais e encontros com lutadores clássicos que permitem aprender golpes e montar um conjunto de movimentos próprio e exclusivo para o novo lutador desse certame.

Quem chega em Street Fighter 6 cheio de hype, porém, pode abandonar o formato rapidamente por o achar, simplesmente, chato. Quanto mais se avança, porém, novos elementos e possibilidades vão abrindo, com a jogabilidade de mundo aberto também mostrando sua cara, assim como a nova trama do game, que tem o terrorismo como tema central que permeia a história dos novos e velhos protagonistas. Chegar lá, porém, pode não ser tão interessante quanto deveria.

Chegamos por fim ao Battle Hub, outro elemento central da experiência com Street Fighter 6. O espaço do modo multiplayer traz mais do que apenas lutas e torneios online, mas também faz questão de integrar todos os jogadores em uma experiência social, ligada ao esport e com opções casuais para serem exploradas.

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Quem cansar de batalhar os inimigos pode, por exemplo, jogar uma rotação de games clássicos da Capcom, como Final Fight ou versões antigas de Street Fighter, ou desafiar quem estiver por perto a combates do modo de Batalha Extrema. Ele traz elementos especiais, como modificadores de combate, drones que entregam itens e até uma manada de touros que invade a tela de tempos em tempos, gerando alto dano para quem não desviar dos animais.

A experiência do Canaltech com o modo online foi limitada devido ao acesso antecipado ao game, mas, mesmo assim, ficou a certeza de que é aqui que os jogadores de todos os níveis passarão a maior parte do tempo. Elementos de progressão também aparecem no Battle Hub na forma dos clássicos passes de temporada, moedas virtuais e microtransações, que possibilitam a compra de itens para personalização de avatares. Temos até espaços “Instagramáveis”, novamente, lotados de referências clássicas à história da Capcom.

Dá para desafiar outros jogadores para uma luta usando os avatares do World Tour ou cair na pancada com os personagens de Street Fighter 6, em uma experiência que simula os fliperamas de outrora, citados no começo dessa análise. Mais uma referência ao passado e, também, uma demonstração de que a Capcom está confiante o bastante com sua história para ir além dela, sem perder o olhar no passado.

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Vale a pena jogar Street Fighter 6?

Seja como novo capítulo ou a primeira experiência, há muito para todos em Street Fighter 6. Jogadores iniciantes ou casuais encontrarão aqui opções variadas o bastante para passar horas e mais horas na frente dos controles, seja sozinhos ou em festinhas ou encontros com os amigos. Enquanto isso, os veteranos passarão o mesmo ou mais tempo esmerilhando seus controles arcade para provarem que são os mais fortes.

O ponto principal, porém, é como a ponte entre esses dois segmentos foi criada com armações consistentes. Há amplo espaço para evolução em diferentes modos de jogo, com uma progressão que abrange todos os tipos e estilos de jogador, inclusive as pessoas com deficiência. Acima disso, temos a sensação de que sempre estamos descobrindo algo novo em Street Fighter 6, seja ao notarmos que estamos mandando melhor com um determinado lutador ou encontrando um protagonista das antigas no modo World Tour.

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Se este será mesmo o melhor game da franquia ou seus elementos irão tão longe quanto a Capcom se propõe, apenas o tempo e o suporte da comunidade dirão. Mas uma coisa é certa: Street Fighter 6 garante que essa turma seja maior do que jamais foi, com a busca por se tornar o mais forte, agora, ganhando novos postulantes e formatos.

Street Fighter 6 chega em 2 de junho para PC, PlayStation 4, PS5 e Xbox Series X e Series S. No Canaltech, o game foi analisado no Xbox Series X, em cópia digital gentilmente cedida pela Capcom.