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Review Star Wars Jedi: Survivor | Game expande o universo, mas tropeça na Força

Por| Editado por Jones Oliveira | 31 de Maio de 2023 às 14h00

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Divulgação/EA
Divulgação/EA

Das várias tentativas de levar Star Wars para os videogames, é muito interessante ver como a Respawn parece ter encontrado a fórmula ideal para equilibrar tanto uma história muito boa que expande o universo da saga e se conecta com outras tramas como também uma jogabilidade que resgata o melhor de ser um Jedi — algo que não víamos nos games desde o fim da linha Force Unleashed.

Com Jedi: Fallen Order, o estúdio trouxe ótimos personagens em uma aventura que tinha peso e impactava a mitologia da série ao mesmo tempo em que nos dava liberdade de agir como um Jedi renegado fugindo do Império. E o novo Star Wars Jedi: Survivor leva essa experiência a um novo nível.

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O novo game dá sequência aos eventos de seu antecessor apostando em mais profundidade tanto em termos narrativos quanto nas suas mecânicas. E a ideia não é apenas aumentar a escala e tornar as coisas maiores, mas também dar densidade às novidades enquanto mantém todo esse conteúdo acessível para todo tipo de jogador. Um balanço complicado, mas que funciona bem por aqui — mas por um preço um tanto incômodo.

Centelha da rebelião

Um dos grandes pontos altos de Jedi: Survivor é sua história, que mantém o alto nível apresentado por seu antecessor. E o próprio título dá uma boa dimensão do atual momento de Cal Kestis cinco anos após os eventos de Fallen Order. Mais experiente na luta contra o Império, o herói não é mais aquele padawan que vivia escondido como um sucateiro, mas um sobrevivente que transformou a luta em um objetivo de vida.

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Esse é um salto importante não apenas pelo amadurecimento do protagonista, mas por abrir caminho também para as discussões que o roteiro apresenta. Afinal, por mais honrada que pareça ser a missão que o protagonista abraça, sua obsessão em derrotar as forças imperiais é algo que o leva a um caminho cada vez mais sombrio.

Essa é uma discussão que não é exatamente nova dentro de Star Wars e que aproxima Jedi: Survivor da velha tentativa de tornar a luta entre rebeldes e Império menos maniqueísta, mostrando as camadas de cinza nessa guerra civil. Contudo, o modo como isso aparece no game é diferente, pois desenvolve essa temática a partir de um ponto de vista pouco explorado na saga — a Alta República.

O vilão Dagan Gera é uma figura que espelha muito bem a jornada que Cal começa a trilhar por aqui, mostrando o quanto a obsessão de um Jedi também pode ser a porta para o Lado Sombrio — e o alto preço que isso pode custar para todos à sua volta.

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É um debate que funciona muito bem ao dar mais profundidade à temática da culpa que fez de Fallen Order uma surpresa tão positiva ao mesmo tempo em que levanta a dúvida sobre os limites daquilo que consideramos como certo. É uma discussão que lembra muito o dilema final de The Last of Us, mas sob a perspectiva oposta, mas igualmente interessante.

Além disso, Jedi: Survivor faz valer o fato de ser uma obra canônica. Toda essa história se passa no mesmo universo dos filmes e séries e muitos acontecimentos que vimos em produções como Obi-Wan Kenobi, Rogue One e até Clone Wars reverberam por aqui. E não apenas por causa da menção a eventos específicos, mas por trazer consequências reais ao andamento das tramas. O simples fato de metade dos inimigos ser composta por robôs separatistas já é algo que vai acertar em cheio os fãs mais hardcore desse universo expandido.

Avançando na Força

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Outro grande acerto de Star Wars Jedi: Survivor é a evolução na jogabilidade, que se tornou mais complexa, mas sem deixar ficar mais acessível — por mais contraditório que isso soe. Na verdade, os jogadores vão perceber que há muito mais opções de combate disponíveis, o que abre um leque enorme de possibilidades de como usar um sabre de luz. Só que isso não faz com que o jogo fique mais difícil, já que muito do desafio exagerado de Fallen Order foi simplificado.

Tanto que muita gente chamou o jogo anterior de “Dark Souls de Star Wars”, já que a inspiração nos títulos da From Software era evidente. No game de 2019, o controle do tempo nos combates era algo fundamental e qualquer vacilo poderia ser fatal até contra inimigos mais simples. Contudo, Cal Kesties está muito mais habilidoso em Survivor e isso significa que as lutas tendem a ficar um pouco mais fáceis.

Isso não quer dizer que não haja desafio. Embora a barra de dificuldade tenha diminuído sensivelmente, a grande variedade de inimigos exige diferentes abordagens e estratégias que o simples smash button não é capaz de resolver.

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E é aí que entra a grande novidade do game. O sistema de Posturas permite que o jogador escolha o estilo de combate adotado por Cal e isso mexe bastante em toda a lógica dos confrontos. Usar o sabre de luz simples traz um tipo de luta mais equilibrado, mas pouco incisivo, enquanto o sabre duplo dá muito mais velocidade aos ataques do herói. Enquanto isso, o modo Guarda prioriza a defesa e os contra-ataques. E se você prefere ataques à distância, pode usar a Blaster para ter uma arma sempre à disposição.

Trata-se de uma evolução enorme em relação aos dois modos existentes em Fallen Order, em que o jogador só podia escolher entre o sabre simples e duplo. Desta vez, são cinco Posturas diferentes e cada uma com uma árvore de habilidades própria — o que ramifica ainda mais essa escala de complexidade.

Essa é uma adição muito positiva não só por oferecer novas estratégias para encarar aquele Rancor em seu caminho ou para derrubar um dos Incursores do Caos mais durões. A novidade também dá mais liberdade para que o jogador encontre o estilo que melhor se encaixa ao seu modo de jogo e que ajuda a tornar toda a jornada de Cal mais prazerosa.

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Outra novidade, desta vez menos inspirada, é o sistema de parceria. Durante os combates, Cal pode contar com o auxílio de Merrin (que está com um novo visual e pose de badass) e do novato Bode Akuna na hora de imobilizar um inimigo ou garantir alguma vantagem tática. É uma ideia bem legal, mas que acaba não sendo bem aproveitada na prática. Essas intervenções são bem limitadas e, embora ajudem em alguns casos, não é uma mecânica que faça a diferença — tanto que é bem possível que você esqueça de pedir esse auxílio em muitos momentos.

Perdido na galáxia

O salto de geração é bem perceptível em Star Wars Jedi: Survivor em termos de escala. O jogo está bem maior do que Fallen Order e isso faz com que a exploração seja um ponto central em toda a experiência. Com mapas muito maiores — só Koboh já equivale a muito jogo do PlayStation 4 —, a liberdade impera e há muita coisa para desbravar em cada planeta.

E brincar nesse mundo aberto seria ainda mais incrível se o sistema de navegação do jogo não fosse terrível. É simplesmente impossível se localizar no mapa e toda tentativa de entender o cenário à sua volta a partir da projeção feita pelo droide BD-1 é tão frustrante que é impossível não se render ao Lado Sombrio. A vontade é estilhaçar não só o robô como o próprio videogame.

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O curioso é que a exploração já era algo que havia sido alvo de críticas em Fallen Order. No caso do jogo anterior, o problema estava no enorme vai e vem pelos planetas — algo que foi solucionado aqui com um sistema de fast travel. Só que, ao mesmo tempo em que a Respawn corrigiu isso, criou outra dor de cabeça ainda mais irritante ao não trazer um mapa simples de se navegar. É desesperador.

Além disso, há aquele que é o maior incômodo do jogo: seu desempenho. Quem esperava que o fato de ser o primeiro jogo de Star Wars da nova geração fosse representar um ganho expressivo de qualidade não só vai se decepcionar como também passar raiva com a péssima otimização dos novos hardwares.

Jedi: Survivor não consegue manter uma taxa fixa de quadros no modo Desempenho e tampouco tem gráficos consistentes no modo Fidelidade. Em outras palavras, ele é incompetente nos dois lados da Força.

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E não se trata de uma coisa pouca. É algo problemático em um nível fisiológico da coisa, já que não foram poucos casos em que a instabilidade no framerate resultou em motion sickness. Todos os efeitos de Coruscant, por exemplo, se tornam uma bomba para os olhos do jogador quando a taxa passa a oscilar a ponto de ser quase impossível continuar jogando por causa das dores de cabeça causadas.

Vale a pena jogar Star Wars Jedi: Survivor?

Apesar de todos esses problemas serem bem irritantes — é impossível não passar raiva toda vez que você precisa se localizar no mapa —, o saldo de Star Wars Jedi: Survivor ainda é bastante positivo. Esses tropeços tiram o brilho de um jogo que se aproxima muito daquilo que todo fã da saga sempre quis conferir, mas não o suficiente para ofuscar tudo o que ele traz de bom.

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Trata-se de uma evolução bem consistente em relação àquilo que Jedi: Fallen Order já tinha apresentado tanto em termos narrativos quanto na própria jogabilidade. A combinação de mecânicas mais variadas e acessíveis com uma maior possibilidade de explorar cada planeta é um acerto imenso, principalmente ao reforçar a maturidade que a trama apresenta para Cal Kesties — além de deixar tudo bem mais intenso e divertido de se jogar.

Além disso, o cuidado da Respawn em fazer criar uma história que desenvolva cada um de seus personagens ao mesmo tempo em que cria conexões relevantes com outros conteúdos de Star Wars é um prato cheio para os fãs. É um lembrete constante de que essa história faz parte da cronologia e que pode muito bem ganhar vida para além dos videogames.

Star Wars Jedi: Survivor está disponível para PS5, Xbox Series X e Series S e PC.