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Análise | Star Wars: Jedi Fallen Order traz equilíbrio para a Força

Por| 18 de Novembro de 2019 às 13h10

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Electronic Arts
Electronic Arts

Desde que foi anunciado, Jedi Fallen Order é um dos jogos mais aguardados pelos fãs da saga Star Wars, e muito por culpa da incapacidade da EA em entender seu público. Desde que assumiu o controle da marca para os videogames, tudo o que a EA tem feito é decepcionar os fãs da franquia. Ainda que os dois Battlefront possuam qualidade gráfica incrível, nenhum deles têm aquilo que faz de Star Wars um universo tão querido, entregando dois enormes jogos genéricos e sem sal com os visuais estonteantes da saga, mas sem qualquer conteúdo que os torne relevantes. Some a isso o cancelamento de Star Wars 1313, que era algo que os fãs esperavam há anos, e a credibilidade da publisher para com o público da saga estava por um fio.

Por isso muita gente fazia um enorme esforço para não entrar no hype de Jedi Fallen Order, ainda que todos os vídeos indicassem que finalmente teríamos aquele jogo real de Star Wars que todos esperavam desde The Force Unleashed (que nem era assim um jogo tão perfeito, e isso mostra bem como os fãs da saga foram maltratados nessa última década de videogames). Também havia muita desconfiança por outro motivo: era a EA que estava publicando, e todo mundo estava só esperando qual a exigência sem sentido que a empresa iria fazer (conexão obrigatória à internet? Loot-boxes?) para estragar o jogo.

Mas, agora que o game já faz parte de nossas vidas, podemos respirar sossegados: Jedi Fallen Order é tudo aquilo que sempre quisemos de um jogo de Star Wars e em nenhum momento do jogo existe aquele característico “toque da EA” — aquela mecânica sem sentido que estraga o jogo e que existe apenas para garantir que a empresa ganhe uns trocados a mais.

O caminho do Jedi

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Como um jogo cuja história se passa em um período “entre filmes” da saga (mais precisamente, os eventos do game acontecem no período entre A Vingança dos Sith e Uma Nova Esperança, que são os episódios 3 e 4 da saga nos cinemas), Jedi Fallen Order já possui uma desvantagem narrativa muito clara para qualquer história que acontece entre períodos conhecidos: a de que o público já sabe o que vai acontecer no fim. Afinal, a sinopse original do jogo fala sobre controlar o Padawan Cal Kestis em sua busca para restaurar a ordem Jedi, e antes mesmo de jogar já sabemos que essa será uma busca infrutífera — afinal, ainda não existe uma Ordem Jedi reestruturada no filme Uma Nova Esperança. Mas essa enorme desvantagem narrativa é superada sem muitos problemas pelo jogo, que nos conta uma história que consegue se manter relevante e surpreendente mesmo que já saibamos de antemão que a missão do protagonista não será bem-sucedida.

E essa relevância se dá pelo mesmo motivo que torna Jedi Fallen Order um dos melhores (talvez o melhor) jogo de Star Wars já lançado: conseguir passar para o videogame todos os temas narrativos que compõem a “alma” da franquia.

Independentemente do filme, série, livro ou qualquer outra mídia onde podemos encontrar histórias de Star Wars, a essência é sempre a mesma: uma narrativa sobre encontrar o seu lugar no mundo, sobre lutar contra um inimigo invencível porque é a coisa certa a se fazer e sobre como o contrário do medo e do ódio não é apenas o amor, mas a esperança. Todas as grandes histórias de Star Wars têm a mesma base: um herói que, por circunstâncias que pouco tem a ver com o que ele realmente deseja, se vê obrigado a enfrentar um inimigo muito mais poderoso do que qualquer coisa que ele já imaginou na vida, mas que não deve perder a esperança e ser consumido pela dúvida e pelo medo, pois ceder ao medo do confronto é o primeiro passo para a derrota.

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Essa narrativa existe porque Star Wars sempre foi uma história sobre “enfrentar O Homem”, sobre se opor aos poderes que tentam controlar a vida das personagens. A dualidade existente entre Sith e Jedi não é exatamente de “bem vs mal”, mas de “totalitarismo vs liberdade” e de “desespero vs equilíbrio”. Enquanto os Sith possuem uma estrutura centralizadora (existem apenas dois Sith por geração: um Mestre e um discípulo), a Ordem Jedi é estruturada de forma muito mais acolhedora (existem diversos Mestres, que são quem decidem de fato os rumos da Ordem, um número maior de Cavaleiros logo abaixo deles, com um pouco menos de influência, e logo abaixo um número ainda maior de Padawans, que são os jovens que ainda estão estudando para se tornar um Jedi).

Não é a toa que, quando os Sith controlam a galáxia (tanto na trilogia original com o Império quanto na trilogia mais recente com a Nova Ordem) o governo imposto por eles é uma ditadura, enquanto quando são os Jedi no controle da galáxia (como podemos ver na trilogia das prequels, mas com maior detalhe em A Ameaça Fantasma) a forma de governo utilizada é uma república democrática onde todas as raças sencientes possuem representantes no Senado Galáctico e direito a voto igualitário (ou seja, todos os votos têm o mesmo peso, independente de qual planeta você faz parte). Também não é a toa que os Sith retiram seus poderes de sentimentos como o medo e o ódio, porque também são esses os sentimentos alimentados por qualquer governo ditatorial real. Não importa se falamos de Hitler, Stalin, Kim Jong-Un, Franco, Pinochet ou de Castelo Branco, a fórmula é sempre a mesma: apontar um inimigo responsável por todos os problemas do mundo (os judeus, os comunistas, os Jedi), alimentar o medo da população contra esse inimigo, e perseguir as pessoas pertencentes a esse grupo inimigo sem se importar com como isso irá afetar a sociedade local, além de prender/matar qualquer pessoa que for pega ajudando algum membro desse grupo perseguido.

Assim como George Lucas se inspirou em ditaduras reais para criar o Lado Negro da Força, a Aliança Rebelde imita qualquer grupo rebelde que luta contra essas ditaduras, sejam elas governamentais (como os ditadores supracitados) ou de costumes (como, por exemplo, o racismo e a xenofobia, que são ideologias de exclusão que possuem o mesmo funcionamento de um governo ditatorial e muitas vezes servem de base teórica para a manutenção do mesmo). Também independente de qual desses grupos estamos falando, sejam daqueles que combatem ditadores físicos (como os guerrilheiros republicanos que lutaram contra Franco na Guerra Civil Espanhola) ou contra ideais de exclusão (como os Panteras Negras lutaram contra o racismo), a luta de qualquer um deles é semelhante: são formados em sua maioria por pessoas comuns, com muito menos recursos e força do que aqueles que enfrentam, mas que tiram forças para continuar lutando unicamente na esperança de que o sacrifício deles servirá como catalisador de uma mudança.

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E é esse contraste entre ódio e esperança que está presente no cerne da história de Jedi Fallen Order. Sobrevivente da Ordem 66 (o evento em que o exército de clones traiu a confiança dos Jedi e praticamente aniquilou toda a Ordem em questão de minutos - evento este que pode ser visto com mais detalhes no filme A Vingança dos Sith), Cal Kestis se encontra no mesmo estado que descobrimos Obi-Wan Kenobi em Uma Nova Esperança: escondido em um planeta remoto e se passando por uma pessoa comum, abandonando todos os ensinamentos Jedi a fim de passar despercebido pelo Império. Mas, quando ele se vê obrigado a usar a Força depois de anos para salvar um amigo, isso desencadeia uma série de eventos que o obrigam a usar novamente seu sabre de luz para sobreviver em uma jornada pela busca de um item misterioso que pode garantir a reestruturação de toda a Ordem Jedi.

Desde o primeiro momento, o tema principal da narrativa do jogo já fica claro: as escolhas que fazemos na vida. Ao longo do jogo, ficamos sabendo mais não apenas sobre toda a história do protagonista Cal Kestis, mas também as de seus companheiros de jornada e dos inimigos que ele enfrenta no caminho. Em todas elas nos deparamos com uma pessoa que sofreu demais ao longo da vida, mas a diferença está na forma como cada um lidou com o sofrimento: enquanto aqueles que sucumbiram ao Lado Negro o fizeram por se deixar levar pelo medo e pelo desespero, os que se mantiveram no caminho do equilíbrio somente o conseguiram por nunca perder a esperança no futuro.

Esse é um dos temas presentes nas histórias de Star Wars que faz com que a franquia cative tantas pessoas: o de que o sofrimento é parte da vida e algo inevitável, mas a forma como lidamos com ele é aquilo que irá melhor definir nosso caráter. Deixar-se levar pelo medo e pelo ódio é muito mais fácil, pois cria um escape para a dor e nos faz sentir muito mais poderosos (o que é simbolizado pelo fato dos Sith sempre sentirem que possuem um maior domínio da Força ao aceitarem o Lado Negro), mas, assim como o alívio da dor, essa sensação de maior poder é ilusória: se você não tem esperança, nada vai te tirar do fundo do poço quando a vida voltar a te derrubar. E é esse o motivo que os Sith nunca conseguiram extinguir todos os Jedi, por mais que tenham tido mais de uma oportunidade para fazê-lo: quando sua filosofia de vida se baseia em manter acesa a chama da esperança em um futuro melhor, não há nada que irá te impedir de se levantar e lutar novamente.

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Esse tema é tratado por Jedi Fallen Order de maneira magistral, e a narrativa do jogo talvez seja uma das melhores aulas sobre a diferença entre os Jedi e os Sith encontradas em qualquer mídia. A história nos mostra que, no fundo, não há uma diferença natural entre aqueles que servem a interesses tirânicos e aqueles que lutam para se libertar deles além das escolhas que cada um fez durante a vida, e nos lembra que ninguém está tão perdido que não possui mais salvação. Todos os personagens que nos são apresentados pelo jogo possuem histórias de vida e motivações bastante complexas, e no final da jornada conseguimos entender como muitas vezes até mesmo aqueles que praticam atos terríveis e cruéis poderiam não cometê-los se ainda tivessem esperança de que há uma forma melhor de lidar com a perda e com o luto.

Explorando novos mundos

Ao contrário do que muito gente imaginou quando os primeiros vídeos de gameplay foram apresentados, Jedi Fallen Order não é um RPG de ação em terceira pessoa. Na verdade, o game é talvez algo que praticamente ninguém nunca esperou de um jogo de Star Wars: um game de exploração bem ao estilo dos mais recentes da franquia Tomb Raider.

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OK, você pode vir aqui nos comentários reclamar “ah, você não sabe nada! Os criadores do jogo falaram que se inspiraram em Metroid!”, mas há motivo para que a principal comparação seja com os Tomb Raider desenvolvidos pela Crystal Dynamics. Obviamente, toda a ideia de exploração apresentada pelo game pode ser comparada com Metroid - afinal, o título da Nintendo literalmente inventou a fórmula de revisitar áreas de um mesmo mapa e descobrir novos caminhos conforme vai adquirindo novas habilidades -, mas quando tudo isso é feito escalando rochedos, se dependurando em abismos e correndo pelas paredes, é praticamente impossível não pensar que Cal Kestis poderia ser facilmente substituído pela Lara Croft (e eu espero que esse seja um dos primeiros mods criados para a versão PC de Jedi Fallen Order).

Assim, ao contrário de todos os outros jogos com orientação em terceira pessoa já lançados com o nome de Star Wars, aqui você passará muito mais tempo explorando os mapas do que realmente brandindo seu sabre de luz. E a exploração é levada a sério: ao contrário de jogos como Tomb Raider, Uncharted e Prince of Persia (que utilizam o mesmo tipo de movimentação através dos mapas), em Jedi Fallen Order não há nenhum botão que destaca os lugares onde você pode se pendurar. Você precisa realmente prestar atenção e reconhecer a olho nu esses lugares, e dependendo do mapa que se está explorando isso pode não ser tão fácil, já que todos esses elementos são usados de forma a compor o cenário e não possuem cores que os destacam do resto. As únicas áreas destacadas podem ser encontradas ao abrir o mapa completo da fase, que mostra os caminhos que ainda não foram explorados e os locais que estão travados porque você ainda não possui a habilidade necessária para explorá-los.

Cada mapa também possui pelo menos uma área secreta com um boss opcional que, muitas vezes, é mais forte do que os chefes obrigatórios do game, mas enfrentá-los vale o desafio porque não só garantirá uma grande quantidade de pontos de experiência (XP) para o personagem como também essas áreas escondem algumas descobertas bem úteis, como itens que aumentam a barra de energia, a barra de Força ou a quantidade de poções de cura que você pode usar.

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Assim como qualquer jogo voltado para a exploração do mapa, diversas vezes você irá se deparar com algum desafio “mental”, um puzzle que precisa ser solucionado para avançar no jogo. E, assim como na exploração, o game também leva bem a sério esses desafios e não se preocupa em facilitar a vida do jogador. Caso você esteja travado em um deles, até existe um botão de “dica” para a resolução, mas essa dica é tão inútil que às vezes dá até vontade de rir de quem achou que aquilo era necessário.

Um exemplo hipotético: imagine que você está dentro de uma torre e precisa usar os poderes adquiridos até ali para achar um meio de escalar até chegar em uma janela no topo dela, mas da posição que você se encontra não há nenhuma plataforma óbvia para se subir ou parede escalável. Depois de alguns minutos rodando sem conseguir pensar no que fazer, o BD-1 (seu companheiro droide) irá perguntar se você quer uma dica do que precisa fazer e, caso você aceite, a dica será algo como “encontre uma forma de chegar no topo da torre”. Esse é o tipo de dica que você verá em praticamente todos os puzzles encontrados, então não adianta muito confiar que o jogo irá te levar pela mão (como, por exemplo, Uncharted e Tomb Raider fazem), pois Jedi Fallen Order exigirá não apenas coordenação motora de sua parte, mas também uma boa dose de raciocínio lógico.

O que pode te deixar preocupado caso esteja acostumado a jogos desse gênero é que, normalmente, quando um jogo se concentra muito na exploração de mapas, resolução de puzzles e em criar formas alternativas para se movimentar pelo cenário, o combate acaba sendo um pouco quanto frustrante. Mas é exatamente nesse ponto que Jedi Fallen Order mais se diferencia de seus pares, pois os combates aqui são divertidos, desafiadores e exigirão que você aplique diferentes estratégias para se adaptar a cada situação.

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O melhor paralelo que podemos fazer quanto a como funciona o combate no game é comparando-o a outro ótimo jogo lançado este ano: Sekiro. Assim como no game de ninjas da From Software, o combate de Jedi Fallen Order utiliza um sistema de “guarda”, e é necessário quebrar essa guarda do inimigo antes de conseguir causar algum dano. Cada golpe acertado por você ou cada manobra de aparar o golpe do adversário (que é quando você se defende no momento exato em que o golpe irá te acertar) diminuem a guarda de seu inimigo, abrindo espaço para atacar com golpes mais certeiros. Ao mesmo tempo, cada golpe defendido por você irá consumir uma parte da sua guarda, e é necessário ficar sempre atento a ela. pois, caso seja quebrada, o seu personagem também ficará vulnerável aos ataques mais fortes do inimigo.

Por isso, assim como em Sekiro: Shadows Die Twice, o combate de Jedi Fallen Order é algo incrivelmente tático, que exigirá dos jogadores atenção não apenas a cada movimento do inimigo para saber quando se defender, desviar e atacar, mas também ao cenário como um todo. Isso porque muitas vezes a maior dificuldade estará na quantidade de inimigos que se enfrenta ao mesmo tempo, e nessas horas o game nos apresenta uma ideia bem diferente do que estamos acostumados: ao invés de focar em derrotar um de cada vez, muitas vezes é mais produtivo usar suas habilidades Jedi para se livrar de vários ao mesmo tempo. Por exemplo, a Force Push (que usa a Força para empurrar um inimigo) pode ser uma ótima solução quando se está enfrentando adversários em áreas montanhosas próximas de abismos, e mesmo os próprios inimigos podem ser usados a seu favor, já que um Stormtrooper com lança-mísseis em uma parte distante do mapa pode ser um desafio e tanto, mas também uma arma bastante útil contra grupos de inimigos se você souber chamar a atenção dele e desviar na hora certa, momentos antes do míssil acertar, pois isso causará dano em todos aqueles que estavam tentando te cercar e abrirá uma janela de quebra de guarda para você causar ainda mais dano.

Esse tipo de tática é necessária porque nem todos os inimigos utilizam o sistema de guarda, o que impede que o jogo se torne um enorme duelo de espadachins no mano-a-mano. Normalmente, as táticas relacionadas à quebra de guarda são exclusivas para enfrentar Stormtroopers de elite e os Inquisidores (antigos Jedi e usuários da Força que foram corrompidos pelo Lado Negro, mas cujo poder é muito abaixo ao de Darth Vader para que possam ser considerados verdadeiros Sith). Normalmente Stormtroopers normais, caçadores de recompensa, droides e as criaturas naturais de cada planeta não possuem uma guarda para se defender de seus ataques, fazendo com que os golpes de seu sabre de luz causem dano direto a eles. Mas, se você não está acostumado a jogos tipo Sekiro (o tal do gênero souls like) não precisa se preocupar: Jedi Fallen Order não é nem de longe tão punitivo.

As mecânicas de combate são bem parecidas, mas apenas nos níveis de dificuldade mais elevados que realmente é necessário prestar muita atenção na tática usada e evitar erros, pois qualquer um deles pode ser mortal. Se você jogar nas dificuldades mais simples o jogo funciona até como uma ótima introdução para games do gênero Souls, pois ele te ensinará o básico da paciência necessária para avançar, mas sem te punir muito por cada erro cometido. Mas, caso você já seja um fã desse gênero, recomendamos que jogue pelo menos na dificuldade Mestre Jedi, pois de outra forma corre o risco de achar que as batalhas são fáceis demais e não conseguir aproveitá-las ao máximo.

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As criaturas que você irá encontrar no jogo são outro show à parte e possuem a mesma diversidade de espécies alienígenas que se espera de um universo onde fantasia e ficção científica se misturam. Há uma enorme variedade delas, desde bichinhos fofinhos a monstros gigantes e zumbis criados a partir da manipulação da Força, fazendo com que os inimigos do game sejam extremamente diversos — o que é uma certa novidade para jogos da franquia, que quase sempre oferecem como inimigos apenas as tropas do Império (variações de soldados Stormtroopers e de droides) e um ou outro guerreiro Sith. Não apenas permitir explorar a fundo alguns planetas, como também conhecer de perto a fauna e flora local, é um dos diferenciais que ajuda Jedi Fallen Order a se destacar tanto da maioria dos jogos da série.

Além do combate, outros elementos do gênero souls like podem ser encontrados na forma como se dá a progressão do personagem no jogo: derrotar inimigos, completar missões e encontrar itens que somam ao seu conhecimento sobre o planeta concedem XP ao seu personagem. Esses pontos de experiência, inclusive, podem ser usados para aumentar a barra de energia, aumentar a barra de Força, comprar novas sequências de golpes com o sabre de luz ou tornar mais forte suas habilidades com a Força. Basta ir a locais de meditação, que funcionam de forma parecida com as fogueiras de Dark Souls, para gastar seus pontos e seu personagem recuperar toda a vida e a quantidade de poções que ele carrega - mas, ao fazer isso, você também estará revivendo todos os inimigos que derrotou naquele mapa (com exceção dos chefes).

Há também uma semelhança com a série Souls no modo como a morte do seu personagem é tratada, já que, ao morrer, você é mandado de volta para o último local de meditação que utilizou, e toda a experiência obtida até então é perdida, sendo necessário chegar novamente até o inimigo que o matou (ou local, caso a sua morte tenha sido causado por uma queda ou algum outro elemento do cenário) para conseguir recuperá-la. Mas, assim como nas mecânicas de combate, há uma clara inspiração no gênero Souls, mas que é utilizada de forma bem menos punitiva: ao morrer você perde apenas a experiência adquirida, e não pontos de habilidade. Assim, se você acumulou três pontos de habilidade e mais meia barra de experiência e morrer, tudo o que você perderá será apenas meia barra de experiência, mantendo todos os três pontos de habilidade - que poderão ser gastos no ponto de meditação que você ressuscitar para ajudar a derrotar o inimigo que o matou. Outra diferença é que, ao recuperar a experiência perdida ao morrer, toda sua energia e barra de Força são recuperadas, garantindo que, caso você tenha morrido porque foi necessário passar por um grupo muito difícil de inimigos e você chegou naquele local com pouca vida, tenha uma chance maior de sair vencedor e não morrer novamente para o mesmo oponente.

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Além da batalha e da exploração, o jogo possui também diversas opções de customização tanto para as roupas que Cal Kestis utiliza, para as cores de seu droide BD-1, para a pintura da nave Mantis (que você usa para viajar entre um planeta e outro) e até mesmo para o seu sabre de luz. Mas, contrariando todas as expectativas que normalmente temos com jogos desse tipo, todas essas opções de customização são puramente cosméticas, inclusive as para o sabre de luz. Então, mesmo que o jogo possua uma mecânica bem interessante de customização da arma, todas as mudanças são puramente cosméticas e nenhuma vai garantir que a sua arma cause mais dano. A progressão do poder do protagonista é mais parecida com aquilo que vemos nos próprios filmes da série, e o que deixa ele mais forte não é usar um cristal que aumenta em +5 o ataque de seu sabre de luz ou uma capa que concede maior resistência contra tiros de blaster, mas sim o domínio que possui sobre a Força, e quanto mais ele vai se aperfeiçoando naturalmente no caminho Jedi, mais forte os golpes dele se tornam e mais resistente ele fica aos ataques inimigos.

O escolhido que trará o equilíbrio

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Depois de mais de uma década de decepções, Star Wars: Jedi Fallen Order é o jogo que todos os fãs da saga esperavam e consegue ampliar os horizontes de narrativa da franquia, trazendo novos personagens que não possuem nenhuma relação com os dos filmes e apresentar uma narrativa interessante e que nos ajuda a entender melhor as dificuldades do caminho Jedi - tudo isso com um sistema de luta que consegue acompanhar essa evolução e fazer o jogador sentir que aos poucos está deixando de ser um Padawan com dificuldades para enfrentar meia dúzia de Stormtroopers e se tornando um verdadeiro Cavaleiro Jedi que consegue sozinho dar conta de exércitos.

Com essa mistura de narrativa, exploração e combate excelentes, Jedi Fallen Order é um forte candidato a Jogo do Ano e possivelmente o melhor jogo de Star Wars já lançado para os videogames, e entrega uma experiência single player sem qualquer tipo de mecânica de microtransações ou loot boxes. Então, se você é fã de Star Wars, ou gosta de jogos cuja narrativa tenham um certo peso emocional, ou é fã do estilo Metroid de jogo que exige a exploração da mesma área mais de uma vez, Jedi Fallen Order será facilmente um dos seus jogos preferidos lançados este ano.

Star Wars: Jedi Fallen Order foi lançado no dia 15 de novembro para PlayStation 4, Xbox One e PC. No Canaltech, o jogo foi testado no PS4 com uma cópia gentilmente cedida pela EA.