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Prévia | Re: Verse é tentativa preguiçosa de trazer multiplayer a Resident Evil

Por| Editado por Jones Oliveira | 13 de Abril de 2021 às 15h56

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Divulgação/Capcom
Divulgação/Capcom

Em 2020, quando o remake de Resident Evil 3 chegou às lojas, veio acompanhado de Resistance, um título independente multiplayer que não apenas engordava o pacote, como também tentava aplicar os conceitos da franquia em um novo estilo, com jogadores controlando sobreviventes e, também, os vilões e o posicionamento de monstros pelos cenários. É uma ideia que funciona mais na teoria do que, na prática, sendo duramente criticada pelos fãs e pela crítica — reclamações que, aparentemente, não desmotivaram a Capcom a tentar de novo.

Agora, com a chegada de Resident Evil Village, a empresa investe novamente neste pacote conjunto, trazendo o título principal da franquia ao lado de Re: Verse, título de tiro competitivo que coloca os personagens e criaturas clássicas da série para trocar tiros e brigar em cenários conhecidos. A sensação, também, é de que a Capcom não apenas não aprendeu nada com as lições do passado, como também involuiu, apresentando, agora, um resultado pior do que o anterior.

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A sensação deixada pelo Beta que começou na última sexta-feira (09) e foi até domingo (11) é de desleixo e até mesmo preguiça. Re: Verse trata a jogabilidade apurada dos recentes remakes e o poder do motor gráfico RE Engine como se fosse uma roupa de tamanho único, em que basta misturar elementos, alterar aspectos de jogabilidade e velocidade para que aquilo que antes era um survival horror se transforme em um shooter competitivo.

Não é como se o título fosse bugado, tivesse problemas de jogabilidade ou travamentos — além de um adiamento de um dia nos testes, causados por problemas na marcação de partidas que, no final das contas, são o motivo para realização de um Beta desse tipo. Por outro lado, não é como se Re: Verse realmente empolgasse ou apresentasse um desafio instigante, pelo contrário, é repetitivo, pouco empolgante e, acima de tudo, desnecessário.

No game, estamos no controle de personagens consagrados da franquia, como Leon, Claire, Ada, Jill, HUNK e Chris. Na jogabilidade, as partidas são compostas de duas etapas, se é que podemos chamar assim. Começamos com os heróis humanos, suas armas características e alguns ataques especiais inspirados nos títulos recentes protagonizados por eles, e somos colocados nos cenários para trocar tiros.

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Quem morre, vira um monstro, de acordo com a quantidade de frascos virais coletados durante o tiroteio. Com isso, a transformação varia, indo de criaturas comuns como Hunters ou os Mofados do sétimo game da série até opções mais ameaçadoras como Jack Baker, um Tyrant e o temido Nemesis. Eles, novamente, têm ataques especiais de acordo com o que foi visto nos games recentes e, também, um tempo de atuação que é reduzido pelos ataques dos oponentes. Quando chega ao fim, a criatura morre e inicia o respawn, com o jogador ressurgindo, novamente, como humano.

A Capcom falou pouco de Re: Verse até o momento, tendo revelado apenas os personagens e monstros que aparecem na Beta, assim como um único cenário, nos corredores centrais da delegacia de polícia de Resident Evil 2. Fica clara a intenção, como em todo game desse gênero, de expandir a ação com mais arenas, personagens e poderes, seja por microtransações ou pacotes de conteúdo que ainda não foram revelados. Fica a dúvida, entretanto, se alguém efetivamente vai querer embarcar de verdade nesse combate.

Tudo pronto no liquidificador

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Tirando os visuais cartunescos do conjunto gráfico, que podem ser desabilitados nas opções para um aspecto mais parecido com os dos títulos recentes, não há nada de realmente novo em Re: Verse. Muito pelo contrário, a impressão é de que a Capcom não quis investir muito na tentativa de adicionar um modo online independente a Resident Evil Village, pegando aquilo que já estava finalizado a partir de games anteriores e dando apenas um tapa para que o tiroteio online fizesse sentido. Não faz.

Resistance, ainda que criticado pela jogabilidade travada, pelos problemas de conexão e, principalmente, pelo desbalanceamento, ainda era sua própria ideia. Existiam personagens, cenários e conceitos diferentes ali; Re: Verse faz o contrário e não adiciona absolutamente nada que já não tenha sido visto antes na franquia ou em outros títulos de tiro de forma competitiva, sempre em formatos melhores e mais agradáveis.

A impressão de desleixo aparece no todo e, também, nos detalhes, como a destruição de cenários realizada para deixar os ambientes de clausura de Resident Evil 2 com “cara” de arena de shooter. Ou, ainda, a ridícula redução na escala de personagens e monstros como uma tentativa de aumentar um espaço criado, originalmente, para prender os jogadores em corredores com os inimigos. Ambas soluções rápidas e pobres para aproveitar o que já estava pronto.

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Os personagens estão bem representados, com direito a armas e poderes que representam suas iterações em jogos recentes e também fazem acenos ao passado, como o uso de armas nas duas mãos por Leon ou os saltos acrobáticos de Ada. A espiã sofre com desbalanceamento, sendo de longe a mais fraca do grupo, enquanto os outros protagonistas estão mais ou menos parelhos, com as diferenças se encaixando bem com diferentes estilos de jogabilidade e trazendo um pouco de versatilidade.

A jogabilidade dos monstros também funciona em si, sendo interessante assumir o controle de Nemesis ou Jack Baker e usar seus golpes violentos, ainda que por um curto período. A contagem de pontuação neste formato nem sempre faz sentido, algo que vamos atribuir ao fato de o jogo ainda estar em desenvolvimento, enquanto frustra um pouco a aleatoriedade envolvida na aparição das criaturas — um elemento estratégico poderia até ser adicionado com a presença de itens que determinam a transformação, já que cada uma delas possui suas próprias características.

Após os problemas que adiaram a Beta em 24 horas, ainda, tudo parece estar funcionando bem e em um caminho adequado para o lançamento. A espera por partidas, em nossos testes realizados no Xbox Series X, duram apenas alguns segundos, o que compensa a curta duração, também, dos combates.

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Talvez Re: Verse fosse soar como um título mais interessante se fosse uma proposta mobile, mas a verdade é que, ainda em Beta, há pouco para prender os jogadores por muito tempo. E isso não se deve ao pouco conteúdo dos testes, algo também esperado, mas sim, à falta de personalidade de um game que tem todos os indicadores de se tratar de uma tentativa fraca de capitalizar a franquia, que completa 25 anos em 2021.

Este fato, inclusive, é um dos motivos da insatisfação dos fãs, já que Re: Verse é citado pela Capcom como uma celebração desta história e do legado da série, enquanto, na realidade, tenta transformar de maneira preguiçosa os seus conceitos recentes em algo competitivo. Não é como se Resident Evil não pudesse funcionar no mundo online, com alternativas anteriores como os modos Mercenaries ou até mesmo os games da subsérie Outbreak comprovando isso.

Entretanto, não é este modo extra promovido a título principal que deve conseguir fazer isso. Re: Verse já parte da insatisfação dos fãs com os rumos recentes da saga e parece adicionar ainda mais sal a esse caldo, enquanto restam dúvidas se, diante de Resident Evil Village, título principal e com personagens que vêm atraindo a atenção da base de usuários desde o anúncio, alguém efetivamente vai querer empregar tempo em um shooter descerebrado enquanto existem outras alternativas tão melhores por aí.

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Re: Verse faz parte do pacote de Resident Evil Village, estando disponível gratuitamente para todos que adquirirem o novo game da saga. O lançamento acontece no dia 7 de maio no PC, PlayStation 4, Xbox One, PlayStation 5 e Xbox Series X e S — quem comprar as versões de velha geração tem direito ao upgrade gratuito para os novos consoles.