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Preview | Gran Turismo 7 e a ambição de trazer de volta a paixão pelos carros

Por| Editado por Bruna Penilhas | 02 de Fevereiro de 2022 às 19h30

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Captura de tela/Felipe Demartini/Canaltech
Captura de tela/Felipe Demartini/Canaltech

O designer e presidente da desenvolvedora Polyphony Digital, Kazunori Yamauchi, abriu a mais recente edição do State of Play afirmando que Gran Turismo 7 é “o ápice da jornada” até aqui. A ambição é não apenas entregar o título mais completo da franquia e marcar sua entrada em uma nova geração de consoles, mas também trazer de volta a paixão pela cultura automobilística e os arrepios causados pelo som dos barulhos de motor.

Não é uma tarefa das mais simples e Yamauchi sabe disso. Naquele que talvez é o projeto mais pessoal de sua carreira, celebrando os 25 anos de uma marca que alçou seu nome ao mundo, o criador de Gran Turismo vem para entregar um simulador altamente especializado e uma experiência aberta e confortável para novatos, mesmo que eles nunca tenham tocado em um game de corrida na vida.

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Em uma apresentação feita à imprensa, da qual o Canaltech participou, Gran Turismo 7 é apresentado em números e novos recursos. No lançamento, serão mais de 400 carros e 34 pistas, com 90 opções diferentes em uma combinação que gera muitas centenas de eventos diferentes dentro de um mesmo game. O que se percebe na fala de Yamauchi e também na abordagem dada ao novo game, entretanto, é que o verdadeiro coração bate debaixo do capô.

O chamado “simulador da vida com carros” surge da paixão do criador pela cultura automobilística, as máquinas clássicas do passado e a alta tecnologia presente nos de hoje, mas que ele sente estar em baixa nos últimos anos. “Queremos empolgar as pessoas sobre os veículos, mesmo que elas não tenham conhecimento prévio, e criamos um game inspirado [nisso]. Hoje, menos gente fala da beleza dos carros ou do prazer de dirigir, por isso, a fascinação é um tema muito presente”, explica.

É uma abordagem compartilhada com outros membros da equipe de produção. O time do game original, lançado em 1997 e composto por algumas dezenas de pessoas, está na maior parte presente em Gran Turismo 7, enquanto a equipe da Polyphony foi expandida ao longo dos anos para envolver centenas de pessoas neste lançamento. Yamauchi agradece a todos durante a apresentação e, mais do que isso, aponta que o game é fruto de um sentimento em comum.

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O resultado disso, para ele, é a manutenção de elementos que são o cerne da marca desde seus primórdios e a evolução destas mesmas características. A música, os visuais, a física e os ajustes finos nos carros compõem a espinha dorsal de Gran Turismo 7, bem como os aspectos que farão com que sempre haja algo de novo para explorar. “O game não tem um final. Estamos criando uma experiência em que é possível encontrar novidades mesmo após mais de um ano jogando”, afirma o criador.

Academia dos veículos

O portal para a cultura automotiva citada por Yamauchi é o Gran Turismo Café. Ele é o “centro do centro” do mundo, digamos assim, assumindo local de destaque no tradicional hub de atividades do game e sendo a porta de entrada tanto para novatos quanto para veteranos. É o lugar para entender fundamentos da pilotagem e aprender a história dos carros, muitas delas contadas por seus próprios designers e criadores, bem como ampliar as opções disponíveis na garagem pelo cumprimento de desafios.

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É também o que Gran Turismo 7 tem de mais próximo de um modo campanha, ainda que, como dito, esse seja apenas o começo e não traga um final para a jornada. No total, são 30 missões que exploram os mais diferentes tipos de pilotagem e veículos, assim como o passado e o presente da indústria. Entre museus de fabricantes e lojas de carros com focos específicos, desde as máquinas mais comuns até as clássicas e experimentais, como sempre, o usuário começa com um compacto simples; no Café, há a oportunidade de ampliar a sua coleção de forma mais rápida e com qualidade.

Não é como se os velhos desafios envolvendo licenças ou carteiras de motorista estejam ausentes — eles aparecem em Gran Turismo 7, mas assumem caráter menos presente na progressão. A verdade é que, conforme demonstrado por Yamauchi, o objetivo é criar uma arquitetura aberta em que qualquer atividade, seja ela mais avançada ou básica, contribua para o avanço do jogador e sua melhoria enquanto piloto. “Criamos um paraíso que celebra a cultura automobilística, mas também um simulador que qualquer um possa curtir. Esse foi nosso maior desafio”, completa ele.

Por outro lado, nada casual é a visão do título sobre seus elementos técnicos. Yamauchi descreve esta, na verdade, como uma visão acadêmica de elementos que vão desde a física dos veículos e seus componentes internos até o clima, movimentação do céu e os efeitos sonoros que, para ele, são parte tão integrante da experiência quanto as pistas e os sistemas presentes no game.

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Não jogamos o game durante a apresentação para a imprensa, mas nas imagens exibidas, foi possível observar detalhes como a lataria se movimentando de maneiras diferentes de acordo com a pilotagem e até a deformação dos pneus durante as curvas. No céu, a Polyphony promete um comportamento fiel à altitude e região do mundo em que cada corrida acontece, o que significa que uma noite no circuito de Interlagos, no Brasil, será bem diferente daquela vista sobre Daytona, nos EUA, ou na clássica corrida urbana de Tóquio, no Japão.

O designer cita o conjunto visual e sonoro de Gran Turismo 7 como um dos feitos de que mais se orgulha nessa nova versão, mas também um grande desafio. Afinal de contas, estamos falando de um jogo que precisa rodar bem tanto no PlayStation 4, o que inclui até mesmo sua versão original, lançada há quase 10 anos, e no todo poderoso PS5. Ele não entrou em detalhes sobre as limitações e diferenças específicas de cada versão, principalmente no que diz respeito à taxa de quadros por segundo e resolução, mas garantiu que a excelência da experiência será mantida em todas.

Ainda que a melhor forma de experimentar um simulador desse tipo seja com um bom volante e um force feedback bem ajustado, a equipe da Polyphony contraria os puristas ao indicar que, no PlayStation 5, o retorno das pistas também será muito bem sentido. Isso acontecerá graças aos sistemas do DualSense, como o feedback tátil e os gatilhos adaptativos, que prometem transferir para as mãos dos jogadores elementos como a resistência dos pedais, as diferentes texturas do asfalto e o controle mais difícil sobre zebras ou grama, por exemplo.

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Quem usar fones de ouvido de qualidade também poderá aproveitar o áudio tridimensional, com cada elemento sendo capturado e reproduzido de forma individual. Yamauchi promete que vai dar para ouvir o cascalho batendo na lataria e perceber a ultrapassagem de um oponente pelas nuances sonoras, assim como eventuais problemas técnicos ou ajustes que possam ser realizados para melhorar a performance, sem falar na trepidação de elementos internos durante as corridas mais movimentadas.

Outro desafio surgiu no sempre presente sistema de ajustes e tuning. Enquanto elementos visuais, decalques e pinturas podem ser criados do zero ou importados do game anterior, Gran Turismo Sport, a ideia de acessibilidade criou elementos complexos na hora de realizar o ajuste fino dos veículos. “O mundo dos carros é imenso e profundo. Se [o game] vai servir como porta de entrada para uma nova geração, tínhamos de dar atenção especial a esse aspecto”, conta Yamauchi.

O resultado do pensamento da equipe de desenvolvimento se traduz no que o criador chama de uma espécie de minigame aplicado às especificações. Ao contrário dos anteriores, Gran Turismo 7 exibe numericamente e em tempo real todas as alterações feitas nos mais diferentes elementos do veículo, além de premiar os jogadores com créditos no caso de melhorias bem-sucedidas. Ainda assim, o criador admite que entrar de cabeça nesse modo exige um conhecimento mais avançado de mecânica e física, com conjuntos pré-programados servindo para garantir que todos possam jogar e, se desejarem, mergulharem de cabeça nesse elemento.

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Som e fúria

Desde os primórdios da franquia, a trilha sonora aparece como figura central da experiência e, neste lançamento, não seria diferente — no lançamento, serão 300 faixas de 75 artistas, na maior playlist da história da franquia. Acima disso, o modo Music Rally é a inovação da qual Yamauchi parece falar com maior orgulho. “A integração com a música foi importante para nós ao longo dos últimos 25 anos. Desejamos levar isso ainda mais além e esse foi o resultado do nosso pensamento”, explica.

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Definido como intuitivo e divertido, além de ser mais um portal para os jogadores casuais mergulharem na cultura automotiva, o Music Rally é focado na experiência de dirigir ouvindo música. As corridas pegadas e os circuitos desafiadores dão lugar a veículos icônicos e menor velocidade, enquanto as batidas dão o tom da jogabilidade. O objetivo é chegar até o fim da canção, coletando checkpoints que aumentam o tempo.

A semelhança com clássicos como OutRun não parece ser mera coincidência, enquanto a resolução de mais um dilema da franquia, na sinergia entre casuais e veteranos, deu origem a uma segunda novidade, o Music Replay. Aqui, sistemas inteligentes aplicam movimentos de câmera e ângulos automaticamente, de acordo com o estilo e a batida da canção que está sendo reproduzida, fomentando diretamente os sistemas de criação de conteúdo de Gran Turismo 7.

“Os replays sempre foram uma parte importante da série e trouxemos uma forma de expressão cinematográfica a eles”, completa o criador, citando esta como outra das grandes inovações do título. Saem as câmeras estáticas que lembram transmissões de televisão, caso o jogador assim deseje, e entra uma movimentação mais fluida e dinâmica, que, logicamente, também evidencia a beleza gráfica e os elementos físicos aos quais a equipe da Polyphony dedicou tanto tempo.

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É aqui que ainda surgem elementos visuais como o Ray Tracing e a mais alta resolução disponível no game, enquanto no restante do tempo, os jogadores poderão optar pelo modo de desempenho, com 60 quadros por segundo cravados, se desejarem. Nota importante para a aplicação disso tudo ao extra Scapes, a resposta da Polyphony ao Modo Foto tradicional que, no game, também permitirá a aplicação de efeitos e a produção de imagens em cenários icônicos dentro e fora das pistas.

Gran Turismo 7 soa como a consagração de 25 anos de trabalho em um dos maiores nomes dos simuladores de velocidade nos consoles. A concorrência atual é grande e, por mais que Yamauchi fale em uma perda de relevância do mundo automotivo como um todo, quem joga reconhece que, nesse aspecto, o mundo dos games anda bem servido. Todos sabem que quanto mais opção de qualidade, melhor.

O game chega no dia 4 de março ao Playstation 5 e PlayStation 4. Quem adquirir Gran Turismo 7 no console da antiga geração terá direito a um upgrade pago para a nova, que lá fora custa US$ 10 (cerca de R$ 53). O valor ainda não foi revelado para o Brasil.