Publicidade

Review Stray | Muito mais do que um jogo fofo com gatos

Por| Editado por Bruna Penilhas | 22 de Julho de 2022 às 18h40

Link copiado!

Review Stray | Muito mais do que um jogo fofo com gatos
Review Stray | Muito mais do que um jogo fofo com gatos

Em meio a jogos densos, com longas horas de duração e mundos altamente exploráveis, aventuras punitivas e experiências online frenéticas, games mais tranquilos e menos exigentes são sempre bem-vindos. Claro, já existem muitos títulos que atendem o jogador que procura um respiro na jogatina, com o recente Stray cumprindo muito bem este propósito.

Mas o game de PS4, PlayStation 5 e PC surpreende justamente por entregar mais do que isso e não ser apenas um jogo fofo protagonizado por um gatinho. A seguir, conto as minhas impressões após finalizar a nova aventura do estúdio francês BlueTwelve, publicada pela aclamada Annapurna Interactive.

Continua após a publicidade

Robôs e felinos no pós-apocalipse

Em Stray, controlamos um gatinho sem nome que se perde de seus amigos felinos logo nos primeiros minutos. Ele vai parar em uma cidade suja e escura, habitada por uma bactéria parecida como um carrapato grande que consome qualquer matéria orgânica que encontrar.

Alguns cantos dessa cidade são cheios de neons coloridos, favorecendo o clima de distopia futurista do jogo. Aqui, encontramos simpáticos robôs, todos com nomes, personalidades e coisas a se fazer. O gato deve realizar uma série de atividades para as máquinas, a fim de ajudá-los a realizar um sonho e também para encontrar o caminho de volta para casa.

Continua após a publicidade

Não quero entrar em muitos detalhes sobre a narrativa porque acredito que, quanto menos você souber, melhor. Stray não tem uma trama super complexa, mas realmente adorei descobrir cada detalhe sobre este mundo pós-apocalíptico. Basta dizer que a história é intrigante o suficiente para ter conquistado a minha atenção do começo ao fim.

Os personagens que encontramos ao longo do caminho são carismáticos, especialmente o drone B-12, que tem um papel fundamental para deixar a história mais emocionante, enquanto serve como companheiro e intérprete do protagonista felino. Esbocei bons sorrisos com as carinhas que os robôs fazem ao interagir com o gato, aliás: alguns ficam encantados, outros ficam em choque. Cada sentimento aparece como um emoji na telinha que serve como cabeça para as máquinas.

Eu já esperava encontrar um clima futurista e muita fofura em Stray, então o que mais me surpreendeu foram os momentos mais tensos que quase beiram o terror. De novo, não quero entrar em detalhes, mas recomendo que você jogue com fones de ouvido, porque a trilha sonora fará toda diferença para a imersão.

Continua após a publicidade

Nestes trechos, o gato está completamente sozinho em cenários dignos de um jogo de horror psicológico. Não imaginei que Stray teria este contraste: um protagonista lindinho em uma situação horripilante. O propósito destes momentos não é, necessariamente, assustar o jogador, mas sim fazer com que a gente sinta medo do desconhecido. Cheguei, inclusive, a lembrar das bizarrices de Inside, um dos melhores indies já lançados até então.

No geral, a história de Stray é bastante satisfatória. O jogo é cheio de personalidade em todos estes aspectos, e explora de maneira suficiente o mistério que cerca toda a trama: o que aconteceu com a humanidade? Meu único ponto negativo neste quesito é que senti o desfecho final um pouco apressado. Gostaria de ter visto o que aconteceu com certos personagens secundários e fiquei com algumas perguntas que poderiam ter sido respondidas facilmente. Entretanto, ficarei muito feliz se tudo isso for esclarecido em uma sequência.

Um jogo feito por donos de gatos para fãs de gatos

Continua após a publicidade

Seja você um dono de gato ou não, Stray vai encantá-lo simplesmente por ter um felino como protagonista. O trabalho que o estúdio teve em pensar nos mínimos detalhes é louvável, fazendo com que os jogadores familiarizados com a espécie se divirtam absurdamente com o comportamento do gatinho sem nome.

Um dos momentos que mais gostei neste sentido é quando o felino veste a roupinha que carrega o B-12 pela primeira vez. Se você tem um gato e já colocou uma roupa nele, sabe muito bem o pane no sistema que acontece na cabeça do bichano. O corpo fica molenga igual uma gelatina e eles simplesmente perdem a noção de como se movimentar apropriadamente. Dá dó, mas é engraçado, e jamais esperava ver isso em um videogame.

E só melhora, porque você ainda pode fazer muitas “gatices” ao longo do jogo, como miar sem parar, arranhar tapetes, portas e sofás, derrubar e quebrar muitas coisas e até brincar com uma bolinha. Experimente colocar um saco na cabeça para ver o que acontece. Sem estes detalhes, sinto que Stray perderia boa parte do charme.

Continua após a publicidade

Um mundo explorável e perigoso

Os capítulos de Stray são intercalados por fases lineares, sem muita exploração disponível, e alguns trechos mais livres. Há três “regiões” mais abertas que podem ocupar algumas horas da sua jogatina, já que possuem vários personagens espalhados pelo mapa e alguns colecionáveis opcionais. Para avançar na história, você deve resolver alguns quebra-cabeças simples, mas divertidos.

Como um gato de rua, você pode explorar toda a verticalidade que as áreas têm a oferecer, e isso é algo realmente satisfatório de fazer (além de derrubar alguns vasos propositalmente e sem qualquer motivo, é claro). Não tenha medo de subir em telhados, calhas e outras estruturas que o jogo oferece, já que você pode acabar esbarrando em algum segredo. Os movimentos do gatinho funcionam bem entre um salto e outro, formando uma movimentação bastante fluida na maior parte do tempo.

Continua após a publicidade

E conforme citei anteriormente, o mundo de Stray é habitado por bactérias nojentas que parecem um carrapato gigante — gostei, inclusive, que elas possuem ninhos que lembram os ovos da franquia Alien. Você terá que enfrentá-las em alguns momentos e, como o nosso protagonista não é um gato mutante com habilidades sobrenaturais, o ideal é fugir. Eventualmente, o drone que acompanha o felino ganha uma arma que explode os inimigos, o que acaba sendo uma mecânica simples, mas criativa, para alguns trechos em que o “combate” é necessário.

As fases mais tensas servem justamente para quebrar um pouco o ritmo mais monótono que os trechos nas cidades protegidas podem gerar. Não pense que desgostei destes momentos, muito pelo contrário — amei explorar os telhados e conversar com os robôs por aí. Sinto que esse leve cansaço aconteceu porque zerei o game em apenas três dias (em cerca de 6 horas e 30 minutos), somado ao fato que investi muito tempo na exploração. Se tivesse jogado mais pausadamente, provavelmente não teria essa sensação.

Continua após a publicidade

Stray vale a pena?

O jogo do gato é, sem dúvida alguma, um dos meus lançamentos favoritos de 2022. Apesar de não ser perfeito ou revolucionário, Stray esbanja personalidade e cumpre muito bem todos os quesitos que um jogo deve ter e ainda surpreende. Os personagens são cativantes, os cenários e gráficos são belíssimos no PlayStation 5 e a trilha sonora casa muito bem com a ambientação — só ficou faltando um modo foto, hein? Merece muito!

Ser um grande fã de gatos já é motivo suficiente para você dar uma chance ao game. Mas, caso esteja em busca de uma aventura relativamente curta, com uma história interessante e quebra-cabeças simples, também encontrará isso em Stray. Se é de amor que o seu coração precisa, o gatinho e o drone B-12 podem resolver isso com certeza.

Continua após a publicidade