Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Análise | The Heist reusa com inteligência os recursos de Spider-Man

Por| 29 de Outubro de 2018 às 13h39

Link copiado!

Insomniac Games
Insomniac Games

O ritmo de sucesso de Spider-Man, da Insomniac Games, ainda não deu sinal de desacelerar desde o seu lançamento em 7 de setembro. Muito pelo contrário: o jogo exclusivo do PlayStation 4 bateu tantos recordes de vendas que tornou-se, segundo os números calculados pela NPD, o título mais rentável em um mês de lançamento de toda a história do console.

Mais além, ao assegurar a sua liderança por todo o mês de setembro, o título tornou-se o sétimo maior lançamento da Sony em números absolutos, ficando na terceira colocação na lista de jogos mais vendidos de 2018, atrás apenas de Far Cry 5 e God of War— isso levando em consideração que o primeiro é multiplataforma e o segundo foi lançado em abril.

Além do jogo principal, porém, a Insomniac Games planejou uma trilogia de extras — intitulada The City That Never Sleeps (“A Cidade Que Nunca Dorme”) — para Spider-Man que, amarrados entre si por meio de um enredo voltado à introdução de outros personagens conhecidos do plantel do aracnídeo mais famoso dos quadrinhos, bem como a introdução de missões extras e novas formas de usar os mecanismos de gameplay, promete trazer um novo respiro a um título que, comprovadamente por números, ainda está em franca ascendência. O Canaltech teve a oportunidade de testar a primeira parte dessa trilogia — The Heist (“O Assalto”, em bom português).

Leia também: Análise | Spider-Man evolui um gênero e é o melhor game de super-herói já feito

Continua após a publicidade

Um jogo de gata e rato

The Heist não parece ser diretamente ligado à trama principal do jogo, ocorrendo de forma paralela, mas importando todos os recursos destravados da aventura primária. Canonicamente falando, os eventos desta primeira parte da trilogia de conteúdo adicional dão a entender que eles acontecem após a luta contra o Sexteto Sinistro.

É complicado falar do enredo de The Heist uma vez que o DLC já coloca o jogador no meio de reviravoltas nas primeiras missões. Do que se pode adiantar sem disparar spoilers, Felicia Hardy, a Gata Negra, está de volta à rotina de crimes de roubo de itens valiosos. Dada a sua história conflituosa de romance e perseguição com o nosso herói, ela já espera ter momentos de confronto com o Homem-Aranha. Ela aparentemente tem como alvos peças valiosas de arte e literatura, mas seu modus operandi parece sugerir que ela busca algo mais profundo do que os itens em si.

O que segue daí é uma história com os pés no chão: deixam o palco os vilões superpoderosos, raios cintilantes e a ação épica que se espera de uma graphic novel de super-heróis; ascende aos holofotes uma narrativa voltada à química entre os personagens principais — Homem-Aranha e Gata Negra —, que se veem envolvidos em uma perseguição de gato e rato ao melhor estilo de filmes de detetive, com o envolvimento até mesmo das famílias do crime organizado de Manhattan: as interações entre as personagens lembra muito a história do filme The Thomas Crown Affair (aqui no Brasil, Thomas Crown: A Arte do Crime), só que com menos paletós e refino da high society e mais roupas coloridas e teias.

O DLC inteiro não é lá muito longo, infelizmente. Em pouco mais de três horas, você consegue completá-lo em 100% — enredo primário mais os extras. É, definitivamente, um ponto negativo em uma obra bem construída. Há muita química na interação entre o Homem-Aranha e a Gata Negra e, tal qual outro exemplo de jogo de super herói, Batman: Arkham City trouxe uma dicotomia interessante entre dividir o jogo entre partes protagonizadas pelo Homem-Morcego, e outras, pela Mulher-Gato. O mesmo poderia ter sido feito aqui, mas, ao invés disso, ficamos com as mesmas progressões e mecânicas de gameplay que, ainda que tenham feito do jogo principal uma obra-prima inquestionável, não adicionam muita coisa no DLC, deixando a sensação de que poderíamos ter mais.

Continua após a publicidade

As mesmas ferramentas, repensadas

Uma coisa que The Heist faz muito bem é reciclar o gameplay que já conhecíamos do jogo original, de forma que traduzisse a interação e química entre os dois protagonistas. A disposição das missões é, em essência, a mesma: em uma parte específica da segunda metade do DLC, por exemplo, você deve eliminar cerca de 15 inimigos sem ser visto. O jogo original já trazia algumas quests nessa linha, mas, com a adição da Gata Negra, você consegue ter uma sensação maior de furtividade ao “dividir” a tarefa com ela por meio de um comando no direcional do DualShock 4. É uma forma de reutilizar mecânicas sem construir nada do zero, ao mesmo tempo em que dá um frescor mais novo ao que já conhecemos.

Uma coisa que, embora seja jogada na cara o tempo todo, poucos de fato percebem é o fato de não haver variação de tempo dentro de The Heist: o DLC inteiro se passa à noite, o que traz uma coerência com o enredo, haja vista que não tem muito ladrão de arte assaltando museus e roubando peças valiosíssimas em pleno sol do meio dia. É algo bobo de se ressaltar, mas que faz muito sentido quando se nota. Mais além, há duas vertentes de quests adicionais para que você não fique amarrado somente ao enredo principal deste extra, bem como três roupas novas (mas que não conferem poder diferenciado algum) para o Homem-Aranha.

De resto, mais do mesmo. Ao contrário do jogo principal, The Heist não traz lutas contra chefões ou estratégias específicas para um inimigo. Aqui, prevalece o combate contra “mobs”, ou seja, grandes grupos de inimigos relativamente genéricos que requerem destreza e inteligência para misturar ataques e esquivas enquanto o jogador tenta, um a um, eliminar todos os oponentes do recinto.

Continua após a publicidade

História para dar o que falar

Obviamente, não vamos contar o final de The Heist, mas podemos dizer que ele termina com um gancho bem óbvio que inaugura o caminho para as outras duas peças da trilogia A Cidade Que Nunca Dorme: Turf Wars (“Guerra de Gangues”, na tradução mais aberta) chega em novembro, seguido finalmente por Silver Linings (algo como “O Lado Bom” de alguma situação ruim), em dezembro. As três peças são amarradas pelo mesmo enredo e trazem consequências das ações da Gata Negra no submundo do crime organizado de Nova York. É algo para se manter no radar, haja vista que, embora The Heist seja relativamente curto, a Insomniac tem mais conteúdo a caminho.

Quanto a The Heist em si, é um conteúdo extra bem divertido e que complementa um jogo que já era bastante divertido. Definitivamente vale o preço, ainda que você vá começá-lo após o almoço e terminá-lo antes da tarde acabar, no mesmo dia.

Continua após a publicidade