Publicidade

United Launch Alliance não vai mais comercializar o histórico foguete Atlas V

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

Compartilhe:
United Launch Alliance
United Launch Alliance

A United Launch Alliance (ULA) não mais comercializará seu foguete Atlas V e também não comprará mais os motores de fabricação russa até então utilizados neste que um dos veículos de lançamentos mais importantes para a história espacial dos EUA. A decisão da ULA, então, sinaliza o fim do potente motor russo RD-180, a principal fonte de receita para o programa espacial da Rússia nos últimos anos.

A ULA é um empreendimento em conjunto entre as empresas Boeing e Lockheed Martin, e ainda tem 29 missões restantes com o Atlas V — que incluem clientes comerciais, a Força Aérea dos EUA, a NASA e constelação de satélites de banda larga da Amazon, através do projeto Kuiper. O Atlas V deve se aposentar de vez em meados desta década, mas a ULA já prepara o novo foguete para ocupar seu lugar, chamado Vulcan.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Lançado pela primeira vez em 2002, o Atlas V foi crucial para criar o quase monopólio da ULA nas missões de satélite de segurança nacional dos EUA e outras iniciativas de exploração espacial da NASA — como todas as missões robóticas para Marte. No entanto, quando os EUA sancionaram a Rússia por sua anexação da Crimeia, em 2014, o Congresso norte-americano ordenou que a Força Aérea encerrasse a dependência do Atlas V pelos motores russos.

De acordo com Tory Bruno, CEO da ULA, atualmente existem cerca de três ou quatro motores RD-180 instalados em foguetes Atlas V para as missões restantes, e os demais estão guardandos em um depósito. “Aceitamos a entrega antecipada, por assim dizer, do RD-180, então posso encerrar essa relação e não ficar dependente [da Rússia], porque foi isso que o Congresso nos pediu para fazer”, acrescenta Bruno. No total, os EUA adquiriram 122 motores RD-180, o que gerou alguns bilhões em receita para a Rússia. Sem a ULA como cliente, provavelmente a linha de produção destes motores chegará ao fim.

Em 2017, Igor Koramov, então diretor da agência espacial russa Roscosmos, disse que a agência recebeu alguns pedidos de países que queriam desenvolver seus lançadores e sua experiência no espaço com os motores RD-180, mas, até agora, nenhum cliente em potencial foi revelado. Além disso, o motor russo foi crucial para permitir que o Atlas V competisse com o Falcon 9, da SpaceX — um foguete reutilizável bem mais em conta que enfraqueceu o “monopólio” da ULA sobre os contratos de lançamentos do governo.

À medida que a concorrência com a SpaceX aumentava, a ULA reduziu o preço das missões com o Atlas V de aproximadamente US$ 187 milhões para algo entre US$ 100 milhões — ainda bem acima do valor estabelecido com o foguete Falcon 9, fechado em US$ 62 milhões. Agora, a ULA e a SpaceX disputam os contratos lucrativos com o Pentágono. Só no ano passado, a Força Aérea concedeu alguns bilhões para as duas empresas para a realização de 30 a 35 missões entre 2022 e 2027 — desse total, a ULA ficou com 60% da carga de trabalho.

Com o fim do Atlas V, a ULA utilizará o seu foguete de próxima geração e de baixo custo, o Vulcan, munidos dos motores BE-4 já em desenvolvimento pela Blue Origin. A estreia do novo lançador deve acontecer até o fim de 2021 e início do próximo ano. Já teria acontecido se não fossem alguns problemas durante os testes com o novo motor — os quais já foram resolvidos, afirma Bruno. A Força Aérea ainda avalia se será necessário um “plano b”, caso os motores BE-4 demorem a ficar prontos.

Uma opção é transferir parte da carga de trabalho do Vulcan para a SpaceX, mas as autoridades optaram por esperar até o próximo ano para tomar alguma decisão definitiva. “Obviamente, estamos preocupados, mas estamos engajados com a ULA e eles estão fortemente engajados com a Blue Origin para trazê-la junto”, aponta Jason Cothern, subcomandante da unidade de aquisição de foguetes da Força Espacial. Apesar de cautelosos, acrescenta Cothern, estão todos otimistas de que os motores BE-4 fiquem prontos no prazo.

Fonte: The Verge