Telescópio da NASA muda de nome e homenageia Nancy Grace Roman, "mãe do Hubble"
Por Daniele Cavalcante | 21 de Maio de 2020 às 11h58
O novo telescópio espacial da NASA, até então conhecido como Wide Field Infrared Survey Telescope (WFIRST), ganhou um novo nome: Nancy Grace Roman, em homenagem à “mãe do telescópio espacial Hubble. Ele deve ser lançado em meados da década de 2020 com a missão de investigar mistérios tais como a força por trás da expansão do universo.
Nancy teve uma carreira marcante na NASA, defendendo incansavelmente as novas ferramentas que permitiriam aos cientistas estudar o universo a partir do espaço. "É por causa da liderança e visão de Nancy Grace Roman que a NASA se tornou pioneira na astrofísica e lançou o Hubble, o telescópio espacial mais poderoso e produtivo do mundo", disse o administrador da NASA, Jim Bridenstine.
A ex-senadora Barbara Mikulski, que trabalhou com a NASA nos telescópios espaciais Hubble e WFIRST, disse ser “apropriado” que a NASA tenha anunciado o nome do novo telescópio em homenagem a uma mulher, ao mesmo tempo em que os EUA celebrarm o centésimo aniversário do sufrágio feminino (que foi quando o Congresso do país aprovou a 19ª Emenda à Constituição, garantindo às mulheres o direito de votar). A atitude da NASA “reconhece as incríveis realizações das mulheres na ciência”, diz Mikulski.
Quem foi Nancy Grace Roman
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Falecida em 25 de dezembro de 2018, ela não apenas foi uma das idealizadoras do Hubble, como também a responsável pela maior parte do planejamento e conceitualização do projeto. Também foi a primeira mulher na NASA a ocupar um cargo executivo. "Não consigo pensar em um nome melhor para o WFIRST, que será o sucessor do Hubble", disse Bridenstine.
Nancy nasceu em 1925 no estado do Tennessee, e já aos onze anos mostrou seu interesse na astronomia ao formar, com seus colegas de classe, um clube para aprender sobre as constelações. Passou a viver em Washington D.C. a partir de 1955, onde, além do trabalho, era ativa na Associação Americana de Mulheres Universitárias, criada em 1881 com o objetivo de buscar avanços para as mulheres nas áreas de ciência e tecnologia.
Entre seus trabalhos de destaque, ela liderou a primeira missão astronômica da NASA em 1962, a Orbiting Solar Observatory-1. Foi chefe de astronomia e física solar da agência entre os anos de 1961 a 1963, ocupando várias posições na agência espacial. Também planejou programas como o HEAO-1, programas de foguetes astronômicos, programas de medição do desvio da gravidade relativa e vários experimentos do Spacelab, Projeto Gemini, Programa Apollo e Skylab.
Seu último programa foi o desenvolvimento do Hubble, no qual se envolveu em tudo desde os primeiros planos - daí ganhou o apelido de "mãe do telescópio Hubble". Edward J. Weiler, um dos principais cientistas da NASA e cientista-chefe do Hubble entre 1979 a 1998, costuma reforçar a importância de Nancy, constantemente esquecida. “Foi Nancy, antes da Internet, do Google, do email e de todo o resto, que conseguiu vender a ideia do telescópio, contratou astrônomos e convenceu o Congresso a financiá-lo”, relata.
Como será o Telescópio Espacial Nancy Grace Roman
O Telescópio Espacial Nancy Grace Roman terá um espelho primário com 2,4 metros de diâmetro - o mesmo tamanho que o espelho principal do Hubble - e foi projetado para ter dois instrumentos: o Wide Field Instrument e uma demonstração tecnológica chamada Coronagraph Instrument. O primeiro terá um campo de visão que é 100 vezes maior que o instrumento infravermelho do Hubble, permitindo capturar mais do cosmos em menos tempo de observação. O segundo executará imagens e espectroscopia de alto contraste de exoplanetas.
Embora o projeto siga em desenvolvimento, ele não está incluído na solicitação de orçamento da Casa Branca para o ano fiscal de 2021, pois o governo Trump quer se concentrar na conclusão do Telescópio Espacial James Webb. Assim, ele só garantiu, por enquanto, financiamento até setembro de 2020. A solicitação da Casa Branca ainda não foi aprovada pelo Congresso e pode sofrer alterações.
Fonte: NASA