Starlink e Kuiper: Musk e Bezos trocam farpas sobre satélites de internet
Por Danielle Cassita |
Elon Musk e Jeff Bezos, dois dos homens mais ricos do planeta, estão trocando farpas diante de reguladores federais dos Estados Unidos devido aos projetos de satélites de internet que vêm desenvolvendo em suas respectivas empresas: a SpaceX está tentando receber autorização do Federal Communications Commission (FCC) para mover alguns dos satélites Starlink, de internet, para altitudes mais baixas — e Bezos, dono do projeto Kuiper, não gostou disso, alegando risco de interferências nos satélites da Amazon.
- Uma outra corrida espacial está em andamento: a dos satélites de internet
- Funciona! Elon Musk posta no Twitter usando internet de satélite Starlink
- Amazon é autorizada a lançar sua constelação de satélites na órbita terrestre
A SpaceX vem trabalhando na megaconstelação de satélites Starlink; a ideia é que seja composta por pelo menos 30 mil unidades e forneça internet de alta velocidade e baixa latência para usuários em qualquer lugar do mundo. Até o momento, já há aproximadamente mil deles em órbita, e alguns usuários dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido já receberam kits de testes para experimentar o serviço. Nisso, David Goldman, diretor da SpaceX, entrou em contato com os oficiais do FCC para discutir a possibilidade de mover os satélites para altitudes menores.
Entretanto, a Amazon se manifestou contra a mudança, alegando que poderia interferir nos satélites Kuiper, que também fornecerão internet a todo o mundo — contudo, o projeto de Bezos ainda está numa fase bastante inicial, enquanto o de Musk se encontra em fase avançada. De acordo com informações de um representante da Amazon, o sistema Kuiper foi desenhado cuidadosamente para evitar interferências com a rede Starlink. Agora que a SpaceX pensa em mudar a altitude de seu sistema, eles temem riscos no ambiente espacial devido às maiores chances de colisões entre satélites e a possibilidade de interferências nos sinais, que prejudicariam os clientes do serviço.
Os representantes da Amazon também se reuniram com o presidente do FCC para discutir o pedido da SpaceX, e pediram que a entidade estabeleça um limite de altitude até que a avaliação da possível interferência dos satélites Starlink seja finalizada: “a SpaceX indicou ser capaz de operar seu sistema sem exceder 580 km de altitude, e não demonstrou o porquê de tal condição não poder já entrar em vigor”, escreveu a assessora jurídica da Amazon.
A SpaceX descartou o pedido feito pela concorrente, alegando que iria prejudicar a competição entre os serviços e que a empresa estaria “fazendo alegações enganosas de interferência”, além de enfatizar que o projeto Kuiper, concorrente do Starlink, ainda é embrionário — em um tuíte, Musk comentou que “restringir os satélites Starlink hoje por causa de uma rede da Amazon que, com sorte, só vai começar a operar em alguns anos, não serve para o público”.
O comentário dele não está errado, na verdade: a Amazon conseguiu avançar com as antenas necessárias para conexão à rede em dezembro de 2020 e ainda precisa construir e lançar seus satélites. Enquanto isso, já há cerca de mil satélites Starlink lançados. Mesmo assim, a Amazon manteve seu posicionamento: “apesar do que a SpaceX publica no Twitter, são as mudanças deles que iriam acabar com a competição entre sistemas de satélites”, disse uma representante da empresa. “Sufocar a competição, se puderem, é claramente o interesse da SpaceX, mas com certeza não é o interesse do público”, finalizou.