Mars Express detecta gelo na Formação de Medusae Fossae em Marte
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper | •

Novos segredos de Marte foram revelados. Através de dados obtidos pelo radar da sonda Mars Express, cientistas descobriram o que parecem ser blocos gigantes de gelo sob a Formação de Medusae Fossae, localizada no equador marciano. Esta é a maior quantidade de gelo já encontrada nesta área do planeta, e indica que talvez Marte tenha mais recursos do que pensávamos.
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A Formação de Medusae Fossae (ou apenas MFF, na sigla em inglês) é composta por um grupo de depósitos que se estendem por cerca de cinco mil quilômetros na região equatorial de Marte. Estas estruturas foram esculpidas pelo vento, chegando a centena de quilômetros de altura.
As estruturas em MFF são encontradas na fronteira entre os planaltos e depressões em Marte, e são provavelmente a principal fonte de poeira por lá. Há cerca de 15 anos, a Mars Express usou seus instrumentos para estudar a região e revelou que tais depósitos ocorriam a até 2,5 km de profundidade.
Apesar da identificação das estruturas, o que não estava claro era a natureza dela. Como a MFF tem grande quantidade de poeira, é possível que as estruturas fossem de poeira enterrada, material vulcânico ou, quem sabe, gelo. Thomas Watters era um dos autores do estudo citado anteriormente, e explicou que agora os cientistas usaram o radar da sonda para analisar a região outra vez.
"É aqui que entram os novos dados de radar! Devido à sua profundidade, se a MFF fosse simplesmente uma pilha gigante de poeira, esperaríamos que ela se compactasse sob seu próprio peso", acrescentou Andrea Cicchetti, do Instituto Nacional de Astrofísica, na Itália e coautor do novo estudo. Desta vez, eles descobriram que as estruturas por lá medem até 3,7 km de espessura, e o único composto que poderia corresponder aos dados era a água congelada.
“O interessante é que os sinais de radar correspondem ao que esperamos ver em camadas de gelo e são semelhantes aos sinais que vemos nas calotas polares de Marte, que sabemos serem muito ricas em gelo”, observou Watters. Há tanto gelo ali que, se derretesse, formaria uma camada de água com até 2,7 m de profundidade, sendo suficiente para cobrir o planeta inteiro.
A dimensão e localização destes depósitos de gelo os tornaria extremamente valiosos para a futura exploração de Marte, mas como o material está enterrado sob algumas centenas de metros de poeira marciana, seria bastante difícil ter acesso a ele. Mesmo assim, a descoberta sugere que talvez exista água escondida em outros locais por lá, e ajuda também os cientistas a entenderem o passado do Planeta Vermelho.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Geophysical Research Letters.
Fonte: ESA