Publicidade

Marte gira mais rápido a cada ano e ninguém sabe o porquê

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

Compartilhe:
NASA/JPL-Caltech
NASA/JPL-Caltech

Dados da sonda InSight, da NASA, mostram que a rotação de Marte vem apresentando uma pequena aceleração a cada ano. A variação de velocidade é de apenas 4 milissegundos de arco, suficiente para reduzir a duração dos dias no Planeta Vermelho em menos de um milissegundo anualmente, mas os cientistas ainda não sabem ao certo o que está por trás desta aceleração.

Após mais de quatro anos de estudos, a InSight encerrou suas atividades em dezembro de 2022, quando esgotou suas reservas de energia e interrompeu o contato com a Terra. Apesar de não operar mais, os dados obtidos pela sonda vêm rendendo uma série de estudos e descobertas sobre Marte e seu interior.

Os novos dados não vêm de medidas sísmicas, mas sim da comunicação de rádio entre os instrumentos Rotation and Interior Structure Experiment (RISE), da InSight, e a rede de antenas Deep Space Network, na Terra. Os sinais enviados entre estes componentes permitiram que os cientistas procurassem por variações discretas na frequência das ondas de rádio.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Com os dados da comunicação entre a InSight e a Terra obtidos ao longo de 900 dias, eles descobriram que havia uma pequena aceleração, talvez relacionada à redistribuição da massa no planeta. Na Terra, ocorre um processo de desaceleração causado pela Lua, que redistribui a massa através dos efeitos gravitacionais nos oceanos.

Como Marte não tem oceanos, deve haver algum outro processo acontecendo, mas mais estudos são necessários para revelar o que pode estar acontecendo. Por enquanto, as hipóteses principais que tentam explicar a aceleração sugerem tendências de longo prazo, como acúmulo de materiais nas calotas polares e dinâmicas no interior do planeta.

Os dados do RISE também ajudaram os autores a refinar as medidas do núcleo marciano. As medidas obtidas através dos dados sísmicos sugeriam que o núcleo de Marte tem raio entre 1.780 km e 1.830 km, com densidade de 6,2 a 6,3 gramas por centímetro cúbico.

Já os dados sísmicos indicam que o núcleo tem raio de 1.835 km, e densidade entre 5,9 e 6,3 gramas por centímetro cúbico. Os dados indicaram também variações de densidade no núcleo, que vão ser analisadas em estudos futuros.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature.

Fonte: Nature; Via: JPL