Marte gira mais rápido a cada ano e ninguém sabe o porquê
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
Dados da sonda InSight, da NASA, mostram que a rotação de Marte vem apresentando uma pequena aceleração a cada ano. A variação de velocidade é de apenas 4 milissegundos de arco, suficiente para reduzir a duração dos dias no Planeta Vermelho em menos de um milissegundo anualmente, mas os cientistas ainda não sabem ao certo o que está por trás desta aceleração.
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Após mais de quatro anos de estudos, a InSight encerrou suas atividades em dezembro de 2022, quando esgotou suas reservas de energia e interrompeu o contato com a Terra. Apesar de não operar mais, os dados obtidos pela sonda vêm rendendo uma série de estudos e descobertas sobre Marte e seu interior.
Os novos dados não vêm de medidas sísmicas, mas sim da comunicação de rádio entre os instrumentos Rotation and Interior Structure Experiment (RISE), da InSight, e a rede de antenas Deep Space Network, na Terra. Os sinais enviados entre estes componentes permitiram que os cientistas procurassem por variações discretas na frequência das ondas de rádio.
Com os dados da comunicação entre a InSight e a Terra obtidos ao longo de 900 dias, eles descobriram que havia uma pequena aceleração, talvez relacionada à redistribuição da massa no planeta. Na Terra, ocorre um processo de desaceleração causado pela Lua, que redistribui a massa através dos efeitos gravitacionais nos oceanos.
Como Marte não tem oceanos, deve haver algum outro processo acontecendo, mas mais estudos são necessários para revelar o que pode estar acontecendo. Por enquanto, as hipóteses principais que tentam explicar a aceleração sugerem tendências de longo prazo, como acúmulo de materiais nas calotas polares e dinâmicas no interior do planeta.
Os dados do RISE também ajudaram os autores a refinar as medidas do núcleo marciano. As medidas obtidas através dos dados sísmicos sugeriam que o núcleo de Marte tem raio entre 1.780 km e 1.830 km, com densidade de 6,2 a 6,3 gramas por centímetro cúbico.
Já os dados sísmicos indicam que o núcleo tem raio de 1.835 km, e densidade entre 5,9 e 6,3 gramas por centímetro cúbico. Os dados indicaram também variações de densidade no núcleo, que vão ser analisadas em estudos futuros.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature.