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Será que existe um planeta na zona habitável desta anã branca?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 11 de Fevereiro de 2022 às 12h25

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Mark A. Garlick / markgarlick.com
Mark A. Garlick / markgarlick.com

Um anel de detritos planetários, repleto de estruturas de tamanho da Lua uniformemente espaçadas, foi encontrado orbitando uma estrela anã branca de perto. A descoberta foi feita por uma equipe internacional de pesquisadores liderada pelo University College London e sugere a existência de um planeta próximo, localizado na zona habitável de sua estrela, região em que as temperaturas médias permitem a existência de água líquida.

As anãs brancas são o que resta depois que estrelas parecidas com o Sol esgotam suas reservas de hidrogênio, e não se sabe muito sobre os sistemas planetários que possam existir ao redor delas.

Neste estudo, os autores coletaram medidas da luz da anã branca WD1054–226 e descobriram reduções significativas de luminosidade dela, causadas por algo surpreendente: havia 65 nuvens de detritos planetários igualmente espaçadas, orbitando a estrela a cada 25 horas.

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Eles concluíram que as estruturas em trânsito, que escurecem a estrela a cada 23 minutos, podem ser mantidas em um arranjo tão preciso em função da influência gravitacional de um planeta próximo. “Esta é a primeira vez que astrônomos encontram um tipo de corpo planetário na zona habitável de uma anã branca”, disse Jay Farihi, autor que liderou o estudo.

Segundo ele, as estruturas observadas são irregulares e poeirentas, com aspecto que remete mais a um cometa do que a um corpo esférico e sólido. “A regularidade absoluta delas, passando em frente à estrela a cada 23 minutos, é um mistério que, atualmente, não conseguimos explicar”, disse ele.

Entretanto, Farihi é cauteloso, destacando que mais evidências são necessárias para confirmar a presença de um planeta por lá. “Não conseguimos observar o planeta diretamente, então a confirmação pode vir através da comparação de modelos computacionais com novas observações da estrela e dos detritos que estão na órbita dela”, sugeriu o autor.

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A importância da descoberta

Ele acredita que, talvez, os corpos sejam mantidos em um padrão orbital com espaçamento uniforme em função da influência gravitacional de algum planeta pro perto.

“Sem essa influência, a fricção e as colisões fariam as estruturas se dispersarem, perdendo a regularidade precisa que observamos”, disse. “Um precedente deste ‘pastoreio’ é a forma como a atração gravitacional das luas de Netuno e Saturno ajudam a criar estruturas anelares orbitando estes planetas”.

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Além disso, a descoberta da zona habitável foi uma grata surpresa para a equipe. “Acreditamos que esta órbita ao redor da anã branca foi limpa durante a fase gigante da estrela, e que qualquer planeta que possa, talvez, abrigar água e vida, seria algo recente”, observou Farihi. “Esta área seria habitável por pelo menos dois bilhões de anos, incluindo pelo menos um bilhão de anos no futuro”.

A zona habitável é a área onde a temperatura teoricamente permite a ocorrência de água no estado líquido na superfície de algum planeta. No caso das anãs brancas, a zona habitável é menor e mais próxima delas, porque emitem menos calor em comparação com estrelas como o Sol. As estruturas observadas no estudo orbitam uma área que seria engolida pela estrela na fase gigante vermelha, de modo que devem ter se formado ou chegado lá recentemente.

Como mais de 95% das estrelas conhecidas vão se tornar anãs brancas eventualmente (as exceções são as estrelas mais massivas que, depois de explodir, podem se tornar buracos negros ou estrelas de nêutrons), o estudo pode dizer um pouco do que esperar do futuro da nossa vizinhança. “Como o Sol vai se tornar uma anã branca em alguns bilhões de anos, nosso estudo oferece uma espiadinha no futuro do Sistema Solar”, disse Farihi.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

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Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society; Via: University College London