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Exoplanetas na zona habitável de suas estrelas podem ter sido "esterilizados"

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Lorenzo Santinelli
Lorenzo Santinelli

Um novo estudo feito pelo pesquisador Andrew Zic, da Universidade de Sidney, na Austrália, analisou como as emissões de rádio podem ajudar os cientistas a entenderem a relação entre o “clima espacial” em exoplanetas de sistemas estelares próximos de nós — porém, os relatórios que trazem algumas novidades do clima de Proxima Centauri, nossa vizinha estelar mais próxima, não são tão animadores quando o assunto é a busca pela vida como conhecemos.

Proxima Centauri é uma estrela localizada a apenas 4,2 anos-luz de nós, e conta com dois planetas rochosos descobertos recentemente. Um deles está na zona habitável da estrela, ou seja, na região em que a água, se existir, pode se manter no estado líquido. “Mas, considerando que essa é uma anã-vermelha fria, a zona habitável fica bem perto da estrela, ainda mais perto do que Mercúrio está do Sol", explica Zic. Assim, o estudo mostrou que os planetas próximos da estrela podem sofrer erosão atmosférica forte, de modo que eles ficariam expostos e vulneráveis a raios-X e radiação ultravioleta.

Liderados pelo pesquisador, os astrônomos da equipe mostraram, pela primeira vez, que há relação entre emissões ópticas e explosões de rádio em uma estrela que não é o Sol, em um passo importante para o uso dos sinais de rádio para estudos e relatórios do clima de estrelas distantes. Nossa estrela também emite regularmente nuvens quentes e cheias de partículas ionizadas nas emissões de massa coronárias, mas a zona habitável do Sol fica mais longe da superfície da estrela, porque o Sol é bem mais quente, de modo que estamos relativamente longe desses eventos — e, além de tudo, a Terra conta com um poderoso campo magnético nos protegendo.

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Já as explosões de rádio de estrelas anãs do tipo M podem ocorrer por motivos diferentes daqueles que vemos no Sol, em que costumam estar relacionadas às ejeções de massa coronárias, expulsões de plasma extremamente energéticas em que a radiação deixa a atmosfera da estrela. "Provavelmente, essas são más notícias para a questão do clima espacial: parece que as anãs vermelhas, as estrelas mais comuns da galáxia, não são bons lugares para encontrarmos a vida como conhecemos", explicou Zic.

Isso porque foram identificados mais de 4 mil planetas nos últimos anos, o que aumentou bastante os ânimos na busca por condições de vida semelhantes às que temos na Terra. O problema é que estrelas parecidas com o Sol, que poderiam abrigar estes planetas, compõem apenas 7% dos objetos estelares da nossa galáxia, enquanto as anãs vermelhas representam 70% deles — e são justamente estes objetos que o estudo sugere serem banhados por ejeções de plasma e emissões estelares. Os exoplanetas até poderiam ter campos magnéticos como o nosso para protegê-los, mas essa é uma característica que ainda não foi observada e dificilmente seria identificada com as tecnologias atuais.

As observações de Proxima Centauri foram feitas com o telescópio Australian Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP), da agência australiana de ciências CSIRO, aliado a outros instrumentos. Segundo Tara Murphy, professor da de Sidney e orientador do doutorado de Zic, os resultados obtidos são impressionantes: "a enorme qualidade dos dados nos permitiu ver a emissão estelar de Proxima Centauri ao longo de toda a sua evolução em detalhes incríveis", disse. Futuramente, quando o ASKAP estiver operando totalmente no modo de estudos, será possível observar muito outros eventos em estrelas próximas para os pesquisadores entenderem melhor o clima espacial nelas.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal.

Fonte: University of Sydney