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Saiba o que a sonda Solar Orbiter já descobriu ao se aproximar do Sol em 2020

Por| 11 de Dezembro de 2020 às 22h00

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ESA/Medialab
ESA/Medialab

Os estudos sobre o Sol podem avançar lentamente, mas já estão apresentando ótimos resultados, graças a novos instrumentos científicos dedicados a essa tarefa. Um deles é a Solar Orbiter, sonda lançada pela NASA e pela ESA (Agência Espacial Europeia) em fevereiro deste ano. Agora, os cientistas por trás da missão ofereceram uma atualização sobre o que a missão tem feito — e eles parecem mais otimistas do que nunca.

Com dez instrumentos científicos a bordo, a Solar Orbiter foi enviada ao espaço para analisar nossa estrela de pertinho. Seis desses equipamentos foram projetados para sensoriamento remoto, o que permite o registro de imagens sem precedentes do Sol. Embora ainda não tenha chegado em sua órbita operacional (ainda levará cerca de dois anos para isso), a sonda fez um bom trabalho até o momento.

Também houve um pouco de sorte. É que o lançamento da Solar Orbiter coincidiu com o início do novo ciclo solar, o que ajudou na obtenção de dados valiosos para o estudo das atividades do nosso astro. “Adoraria dizer que planejamos dessa forma”, disse Tim Horbury, líder de uma das equipes de instrumentos do Solar Orbiter, durante entrevista coletiva virtual na reunião anual da União Geofísica Americana. “Claramente não fizemos isso, mas acho que deu tudo certo”, complementou.

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Detectando ventos solares

Cada ciclo solar dura aproximadamente 11 anos, com uma imprevista variação ocorrendo de vez em quando — por exemplo, o ciclo 4, que começou em 1784 e durou 13 anos e 8 meses. No período de um ciclo, ocorre uma série de fenômenos cujas mecânicas os cientistas querem compreender melhor. Em fevereiro de 2020, o Sol entrou no ciclo de número 25.

Horbury lidera a equipe que trabalha em instrumentos que medem o entorno imediato da espaçonave, que fica ligado quase o tempo todo. Isso significa que a Solar Orbiter está coletando muitos dados, que deverão ser analisados pelos cientistas da missão. O pesquisador revela que a sonda já completou uma volta em torno do Sol, sugerindo que há muita informação interessante para conferir.

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Entre essas informações, está algo que foi apelidado de “pegada do vento solar”. É que esses instrumentos da Solar Orbiter possibilitam calcular a região de onde esses ventos solares estão vindo. Quando eles atingem a nave, ela pode identificar o fenômeno nas imagens de sensoriamento remoto. “Nunca antes fomos capazes de mapear com esta precisão,” disse Horbury.

Vantagens de ver o início do Ciclo Solar

Ao longo do ano, os cientistas puderam observar alguns detalhes sobre o início do ciclo solar 25. Como já era de se esperar, a atividade do Sol no início do ciclo é muito baixa, então “não havia muita coisa acontecendo”, disse Horbury. Mas isso não significa que não havia nada para se aprender. Ele explica que o campo magnético do Sol começou o ano relativamente simples, com o equador do campo magnético bem alinhado em torno do equador do próprio Sol, mas o cenário já está mudando. À medida que o ciclo solar avança, o equador magnético se inclina, criando fenômenos interessantes para a Solar Orbiter analisar.

Outra vantagem de ter a sonda no espaço observando o início do novo mínimo solar é que, assim, os pesquisadores podem comparar os dados deste período com os do mínimo solar anterior. Isso dará a eles uma perspectiva melhor sobre o que esperar do Sol durante essa fase nos próximos ciclos e quais atividades podem ser mais variáveis.

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Por fim, começar desta forma significa também que a equipe poderá captar os dados do máximo solar quanto a Solar Orbiter estiver mais perto da nossa estrela. Isso proporcionará a oportunidade de coletar dados e imagens incríveis desde o início da fase em que o Sol realiza suas atividades mais intensas, com uma grande quantidade de manchas solares surgindo e se dissipando na superfície da estrela, erupções e ejeções de massa coronal que lançam bolhas em direção ao Sistema Solar externo.

Fogueiras no Sol

As primeiras imagens da Solar Orbiter revelaram um fenômeno curioso — uma série de explosões solares em miniaturas, apelidadas de “fogueiras”, perto da superfície. Os cientistas por trás da missão decidiram observar isso, já que nunca havia sido registrado algo semelhante até então. Ainda não se sabe a energia exata associada a esses eventos e, portanto, não é possível dizer se este evento é semelhante às demais eruções solares.

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Cogita-se que as mini chamas são responsáveis pelo aquecimento da coroa, a atmosfera externa do Sol. Isso explicaria porque essa região chega a aproximadamente um milhão de graus Celsius, enquanto a superfície tem apenas cerca de 5000 graus. Investigar este mistério é um dos principais objetivos científicos da Solar Orbiter, e pode ser que as “fogueiras” sejam a peça que falava ao quebra-cabeças.

O instrumento SPICE (Spectral Imaging of the Coronal Environment), a bordo da Solar Orbiter, está sendo usado nessa tarefa. Ele mostrou que realmente existem eventos de pequena escala nos quais existe gás se movimentando a uma velocidade significativa, mas ainda não houve tempo para realizar uma pesquisa que relacione essa descoberta com as fogueiras.

Outros estudos e o futuro da Solar Orbiter

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Outras informações interessantes foram compartilhados pela equipe para mostrar o potencial da Solar Orbiter. Entre as atividades da sonda durante o ano, uma análise de uma ejeção de massa coronal (CME, evento no qual milhares de milhões de toneladas de partículas podem ser ejetadas da atmosfera externa do Sol) que aconteceu no dia 14 de abril. A Solar Orbiter estava a cerca de 20% do caminho rumo ao Sol e conseguiu coletar dados que podem ser usados em futuros estudos de como esse fenômeno ocorre e o quanto a ejeção pode se espalhar pelo espaço.

Ainda há muito trabalho para a Solar Orbiter. No dia 27 de dezembro, ela completará o seu primeiro sobrevoo em Vênus, o que ajudará a nave a se aproximar ainda mais do Sol, com a ajudinha da gravidade do planeta. Além disso, a partir de 2021 a sonda Parker Solar Probe da NASA se juntará para que, juntas, as duas naves possam coletar dados da atmosfera solar.

Já em 2022, a Solar Orbiter estará ainda mais perto do Sol, a cerca de 48 milhões de km de sua superfície. Isso será mais de 20 milhões de km mais perto do que estará em 2021. A essa altura, o Sol ainda estará a caminho do seu máximo de atividade no ciclo 25, o que significa que a sonda ainda poderá captar muita informação importante sobre a evolução desses mecanismos misteriosos.

Entre os principais benefícios de todo esse esforço está a chance de aprendermos a prever as tempestades solares. Os pesquisadores esperam obter novas pistas sobre tudo o que ocorre durante os ciclos, a ponto de saber quando acontecerão as tempestades, com bastante antecedência. Isso será útil porque esses fenômenos podem prejudicar os sistemas de comunicação e redes de energia, e até mesmo colocar os astronautas em risco.

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Fonte: ESA, Space.com