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Rede 4G que será construída na Lua preocupa radioastrônomos

Por| 05 de Novembro de 2020 às 13h45

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Ponciano/Pixabay
Ponciano/Pixabay

Em outubro, a NASAdivulgou uma lista de empresas que serão parceiras para desenvolver tecnologias que serão usadas em operações na Lua — entre elas, está a Nokia, que recebeu apoio para construir uma rede de 4G para a comunicação de rovers lunares e navegação. Entretanto, a novidade está preocupando astrônomos devido a uma consequência da tecnologia: a interferência na radioastronomia.

Emma Alexander, radioastrônoma que alertou sobre o problema, explica que a preocupação vem da enorme sensibilidade que os radiotelescópios possuem — por exemplo, os visitantes que se aproximam do observatório Jodrell Bank são convidados a desligar os celulares, porque o telescópio Lovell é tão sensível que poderia até detectar um sinal de celular em Marte.

A sensibilidade desses instrumentos é tanta que, se um radiotelescópio fosse posicionado no lado afastado da Lua e, portanto, protegido dos diversos sinais da Terra, seria possível observar mais claramente frequências de rádio mais baixas que, em nosso planeta, são afetadas pela ionosfera. “Essas frequências são importantes para os cientistas realizarem estudos sobre, por exemplo, os primeiros momentos após o Big Bang”, diz.

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Não é de hoje que a interferência de radiofrequência (RFI) atrapalha os astrônomos — tanto que é por isso que os radiotelescópios são construídos em lugares cada vez mais remotos, porque assim é possível evitá-la em suas origens mais comuns, como celulares e fornos de micro-ondas. Entretanto, os radiotelescópios em solo não conseguem evitar completamente todas as fontes de RFI, como os satélites ou redes de comunicação como a do projeto da Nokia.

Alexander ressalta que a RFI até pode ser reduzida com proteções adequadas e precisão na emissão dos sinais, e claro que os astrônomos estão sempre em busca de novas estratégias para remover a interferência dos dados. Mas ela alerta também que é preciso haver um esforço conjunto com empresas privadas para garantir que pelo menos algumas radiofrequências fiquem protegidas para a astronomia.

A parceria entre a agência espacial e a Nokia será importante para a realização do programa Artemis, que deverá levar a primeira mulher e o próximo homem para a Lua em 2024. “Conforme o espaço vai ficando cada vez mais comercializado, é esperado que haja também um volume crescente de tecnologias por lá”, finaliza ela. E, de fato, não é a primeira vez que as observações astronômicas são atrapalhadas por fatores externos: em julho, os satélites Starlink, da SpaceX, acabaram destruindo a foto da passagem do cometa NEOWISE.

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Fonte: The Conversation