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Quais os perigos de uma tempestade solar?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 21 de Março de 2022 às 21h20

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NASA
NASA

As tempestades solares ocorrem quando grandes bolhas de plasma, formado por gás a altíssima temperatura, são expelidas da superfície do Sol e chegam à Terra, interagindo com o campo magnético que envolve nosso planeta. Por um lado, essa interação pode formar belas auroras boreais e outros fenômenos naturais, mas por outro, também é capaz de representar uma ameaça significativa às redes elétricas, de internet e outros sistemas de comunicação baseados em órbita.

Na verdade, as tempestades solares — ou tempestades geomagnéticas, como também são conhecidas — são um fenômeno conhecido desde o início do século XIX. Amostras de gelo da Antártida contêm evidências de uma tempestade geomagnética massiva, ocorrida por volta de 774 d.C. Conhecida como “Evento Miyake”, o fenômeno foi desencadeado por uma grande erupção solar.

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Quando ocorrem, as tempestades geomagnéticas podem liberar grandes quantidades de raios cósmicos na atmosfera superior do nosso planeta, capazes de produzir carbono-14, o isótopo radioativo do carbono. Após o Evento Miyake, foi registrado o maior e mais rápido aumento na quantidade conhecida deste isótopo.

Mais recentemente, foi entre os dias 1 e 2 de setembro de 1859 que os sistemas de telégrafo em todo o mundo falharam. Na ocasião, os operadores dos dispositivos relataram ter recebido choques elétricos, os papéis pegaram fogo e até houve quem conseguiu operá-los desconectados das baterias. Naquelas noites, auroras boreais puderam ser vistas bem mais ao sul, na região da Colômbia — normalmente, elas são visíveis em latitudes maiores, como no norte do Canadá e na Sibéria. O episódio ficou conhecido como "Evento de Carrington".

Estes dois ocorridos mostram um pouco do que as tempestades solares podem causar. Quando o plasma, formado por uma nuvem de prótons e elétrons, chega à Terra, ocorre uma interação com o campo magnético que o distorce e enfraquece. Essas interações e distorções formam as belas cores das auroras boreais, mas também podm representar uma ameaça considerável para sistemas essenciais para a nossa vida.

Riscos das tempestades solares

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Se uma tempestade solar ocorresse hoje com a mesma intensidade daquela que causou o Evento de Carrington, poderíamos esperar efeitos catastróficos em grande parte dos sistemas elétricos que utilizamos diariamente. É que as tempestades geomagnéticas geram correntes induzidas, que fluem através dos componentes ligados às redes elétricas, como transformadores.

Essas correntes podem ter até 100 amperes (unidade que mede correntes elétricas) em excesso, o equivalente ao serviço elétrico oferecido para várias residências — e, por isso, conseguem causar danos internos aos componentes e falhas elétricas em larga escala. Além das falhas elétricas, a comunicação poderia ser interrompida em escala global: os provedores de serviços de internet podem cair, impedindo que diferentes sistemas se comuniquem, e sistemas de comunicação de alta frequência também seriam afetados.

Já os satélites na órbita da Terra poderiam ser danificados pelas correntes induzidas pela tempestade, queimando suas placas de circuito e, consequentemente, interrompendo a telefonia, internet, rádio e TV via satélite. Ainda, quando as tempestades geomagnéticas atingem a Terra, o aumento de atividade do Sol expande a atmosfera e aumenta sua densidade. Esse aumento faz com que os satélites sejam mais “puxados” para baixo e, se não passarem por correções orbitais a tempo, podem cair.

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Os sistemas de navegação e até os cabos submarinos e terrestres, responsáveis por transportar dados em alta velocidade, poderiam ser afetados. Para David Wallace, professor Clínico Assistente de Engenharia Elétrica, é questão de tempo até que a Terra seja atingida por uma nova tempestade geomagnética. “Se a tempestade for do tamanho do Evento Miyake, os resultados seriam catastróficos para o mundo, com possíveis falhas durante meses ou mais”, alertou.

Para ele, embora haja previsões de alerta de fenômenos do tipo, o mundo teria minutos ou apenas algumas horas para ficar ciente do que estaria por vir. “Acredito que é crítico continuar pesquisando formas de proteger sistemas elétricos contra os efeitos de tempestades geomagnéticas, por exemplo, com a instalação de dispositivos que possam proteger equipamentos vulneráveis, e desenvolver estratégias para ajustar as cargas de redes elétricas quando tempestades solares estiverem prestes a vir”, sugeriu.

Fonte: The Conversation