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Poeira em painéis solares da sonda InSight pode significar o fim da missão

Por| Editado por Patricia Gnipper | 22 de Junho de 2021 às 15h15

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NASA/JPL-Caltech
NASA/JPL-Caltech
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Em 2018, a NASA pousou a sonda InSight em Marte para investigar a atividade sísmica do Planeta Vermelho. Desde então, a sonda vem enfrentando tempestades de poeira, que resultaram em cada vez mais poeira acumulada em seus painéis solares, necessários para manter as baterias carregadas. A NASA decidiu, então, colocar a sonda em modo de hibernação para economizar energia; contudo, o excesso de poeira nos painéis, somado a outros fatores (como mudanças na geometria orbital), poderá resultar no encerramento da missão já no ano que vem.

As informações foram apresentadas por Bruce Banerdt, principal investigador da missão InSight, durante uma reunião do Mars Exploration Program Analysis Group, da NASA. Ele afirmou que o acúmulo de poeira nos painéis solares do lander reduziu drasticamente a quantidade de energia que pode ser produzida, e alguns instrumentos tiveram que ser desligados temporariamente. Segundo Banerdt, os painéis já chegam a 80% de escurecimento.

Os dados apresentados durante a reunião mostraram que a quantidade de energia disponível no lander por dia marciano agora é de menos de 700 watts/hora — para fins de comparação, este número era de quase 5 mil watts/hora na época do pouso, em 2018.

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A queda já era esperada, tanto que a missão foi projetada para ter energia suficiente para um ano marciano de atividades — ou seja, 687 dias. O problema é que a sonda InSight está operando em sua missão estendida, e deverá seguir até 2022 para coletar dados sísmicos adicionais, então a redução de energia começa a se tornar uma preocupação. O investigador comentou também que a equipe esperava que acontecessem “eventos de limpeza”, em que os próprios ventos marcianos ajudam a remover um pouco da poeira. Entretanto, tais eventos não aconteceram, e outras tentativas de remover a poeira não funcionaram muito bem.

A equipe até tentou usar uma técnica em que o braço robótico do lander é usado para jogar poeira perto dos painéis, para que o vento leve algumas partículas até eles e remova a poeira. A primeira tentativa trouxe um leve aumento de energia, enquanto a segunda forneceu um aumento temporário, e a terceira proporcionou outro aumento pequeno. Isso deu algum fôlego à sonda, mas, mesmo assim, os níveis de energia continuam caindo pelo excesso de poeira e por Marte estar se aproximando do afélio, o ponto mais distante de sua órbita em torno do Sol. Isso deverá acontecer em dois meses.

Agora, a equipe da missão está acompanhando os níveis de energia para saber quais sistemas podem ser desligados antes do afélio. O sismômetro, o principal instrumento da InSight, continua ativo, mas é possível que precise ser desligado em breve: “podemos ter que desligar toda a carga útil por algum tempo quando estivermos perto do afélio”, disse. “Poderá haver um mês ou dois em que o sismômetro terá que ser desligado, mas estamos tentando apertar os cintos e apontar nossos lápis para tentar operar diretamente neste período”, completou.

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Depois do afélio, a InSight terá uma nova trégua temporária, mas os níveis de energia devem ter uma queda ainda mais acentuada mais em 2022 por excesso de poeira e mudanças na geometria orbital. Com essa nova redução, a energia do lander poderá cair para abaixo dos níveis de “sobrevivência”, de modo que a InSight não conseguiria mais operar. “A menos que consigamos um aumento bastante significativo na produção de energia dos painéis solares, provavelmente encerraremos nossa missão por volta desta época, no ano que vem”, concluiu Banerdt.

Fonte: SpaceNews