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Objeto que não deveria existir pode ser o menor buraco negro já visto

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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MPIfR; Daniëlle Futselaar (artsource.nl)
MPIfR; Daniëlle Futselaar (artsource.nl)

Pesquisadores da colaboração internacional Transients and Pulsars with MeerKAT (Trapum) descobriram um objeto invisível que não é previsto por nenhum modelo astronômico atual. Localizado a cerca de 40 mil anos-luz de distância, o corpo pode ser o buraco negro menos massivo já detectado.

O objeto misterioso foi descoberto quando os astrônomos observaram um sistema de dois corpos em órbita mútua no aglomerado globular NGC 1851, na constelação de Columba. A natureza de um dos objetos é nítida: trata-se de um pulsar, ou seja, o remanescente de uma estrela colapsada.

Astrônomos conhecem muito bem os pulsares, que nada mais são do que estrelas de nêutrons donas de fortes campos magnéticos. O magnetismo dos pulsares cria cones luminosos que se movem como um farol, em intervalos precisos de alguns segundos ou até mesmo de milissegundos.

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Medindo a órbita e brilho deste pulsar e de seu companheiro misterioso, os astrônomos puderam determinar as massas de ambos os objetos e se surpreenderam com o resultado: o segundo objeto tinha massa entre 2,1 e 2,7 vezes a do Sol, algo realmente inesperado, a menos que se trate de uma estrela comum.

Quando os pesquisadores usaram o telescópio Hubble para observar o sistema, outra surpresa: não havia nada visível; portanto, não era nenhuma estrela ou qualquer outro tipo de objeto brilhante. Não há dúvidas de que existe algo ali interagindo gravitacionalmente com o pulsar, mas não é possível detectar este objeto misterioso de outra maneira.

A única explicação é que seja algum remanescente de estrela colapsada; portanto, ali deve existir ou uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. O problema é que, de acordo com os modelos, as estrelas de nêutrons sempre têm menos de duas massas solares, enquanto os buracos negros sempre têm mais que cinco massas solares.

Isso significa que esta pode ser estrela de nêutrons mais massiva já conhecida ou o menor buraco negro já encontrado. Mas a equipe também cogita algo ainda mais emocionante: é possível também que seja algo completamente novo.

O estudo propõe que o objeto é um buraco negro de baixa massa, formado pela colisão de duas estrelas de nêutrons. Após o impacto, o objeto teria viajado em alta velocidade até se encontrar com outro sistema, formado por um pulsar e uma estrela comum.

Então, os três objetos teriam realizado uma complexa dança gravitacional, até que a estrela comum tivesse sido devorada pelo pulsar. Ao ser devorada, a estrela teria deixado para trás uma anã branca, que por fim teria sido ejetada do sistema por um “chute gravitacional”.

Apesar de complicada, essa dinâmica de interação entre dois e três corpos é bastante comum no universo. É possível que a proposta dos autores da pesquisa esteja correta, mas novas observações e estudos vão ser necessários para ter certeza.

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O artigo da descoberta foi publicado na revista Science.

Fonte: ScienceInstituto Max Planck de Física Gravitacional