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Objeto que não deveria existir pode ser o menor buraco negro já visto

Por| Editado por Luciana Zaramela | 01 de Fevereiro de 2024 às 09h13

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MPIfR; Daniëlle Futselaar (artsource.nl)
MPIfR; Daniëlle Futselaar (artsource.nl)

Pesquisadores da colaboração internacional Transients and Pulsars with MeerKAT (Trapum) descobriram um objeto invisível que não é previsto por nenhum modelo astronômico atual. Localizado a cerca de 40 mil anos-luz de distância, o corpo pode ser o buraco negro menos massivo já detectado.

O objeto misterioso foi descoberto quando os astrônomos observaram um sistema de dois corpos em órbita mútua no aglomerado globular NGC 1851, na constelação de Columba. A natureza de um dos objetos é nítida: trata-se de um pulsar, ou seja, o remanescente de uma estrela colapsada.

Astrônomos conhecem muito bem os pulsares, que nada mais são do que estrelas de nêutrons donas de fortes campos magnéticos. O magnetismo dos pulsares cria cones luminosos que se movem como um farol, em intervalos precisos de alguns segundos ou até mesmo de milissegundos.

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Medindo a órbita e brilho deste pulsar e de seu companheiro misterioso, os astrônomos puderam determinar as massas de ambos os objetos e se surpreenderam com o resultado: o segundo objeto tinha massa entre 2,1 e 2,7 vezes a do Sol, algo realmente inesperado, a menos que se trate de uma estrela comum.

Quando os pesquisadores usaram o telescópio Hubble para observar o sistema, outra surpresa: não havia nada visível; portanto, não era nenhuma estrela ou qualquer outro tipo de objeto brilhante. Não há dúvidas de que existe algo ali interagindo gravitacionalmente com o pulsar, mas não é possível detectar este objeto misterioso de outra maneira.

A única explicação é que seja algum remanescente de estrela colapsada; portanto, ali deve existir ou uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. O problema é que, de acordo com os modelos, as estrelas de nêutrons sempre têm menos de duas massas solares, enquanto os buracos negros sempre têm mais que cinco massas solares.

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Isso significa que esta pode ser estrela de nêutrons mais massiva já conhecida ou o menor buraco negro já encontrado. Mas a equipe também cogita algo ainda mais emocionante: é possível também que seja algo completamente novo.

O estudo propõe que o objeto é um buraco negro de baixa massa, formado pela colisão de duas estrelas de nêutrons. Após o impacto, o objeto teria viajado em alta velocidade até se encontrar com outro sistema, formado por um pulsar e uma estrela comum.

Então, os três objetos teriam realizado uma complexa dança gravitacional, até que a estrela comum tivesse sido devorada pelo pulsar. Ao ser devorada, a estrela teria deixado para trás uma anã branca, que por fim teria sido ejetada do sistema por um “chute gravitacional”.

Apesar de complicada, essa dinâmica de interação entre dois e três corpos é bastante comum no universo. É possível que a proposta dos autores da pesquisa esteja correta, mas novas observações e estudos vão ser necessários para ter certeza.

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O artigo da descoberta foi publicado na revista Science.

Fonte: ScienceInstituto Max Planck de Física Gravitacional