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O buraco negro no centro desta galáxia anã é muito maior do que deveria ser

Por| Editado por Patricia Gnipper | 03 de Dezembro de 2021 às 14h30

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NASA/CXC/M. Weiss
NASA/CXC/M. Weiss

O buraco negro no centro da galáxia anã Leão I é quase tão massivo quanto o Sagitário A*, o buraco negro supermassivo que fica no centro da Via Láctea. Uma equipe de astrônomos obteve esse resultado surpreendente ao analisar a ausência de matéria escura por lá, comparando dados de telescópios mais antigos com os atuais e com modelos sofisticados de computador.

Leão I é uma galáxia anã do Grupo Local, localizada a cerca de 820.000 anos-luz de distância na constelação de Leão. Também é conhecida como DDO 74, LEDA 29488 e UGC 5470, e é considerada uma galáxia satélite da Via Láctea (embora estudos recentes mostrem que essas galáxias anãs estejam por perto há menos tempo do que se imaginava).

Acontece que ela tem algo diferente em relação à maioria das galáxias anãs orbitando a Via Láctea — Leão I não contém muita matéria escura. Os astrônomos sabem disso porque as análises da interação gravitacional da matéria escura com as estrelas de uma galáxia resulta em um perfil que é diferente da interação entre um buraco negro central e as mesmas estrelas.

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Matéria escura ou buraco negro supermassivo?

Ao medir a atração gravitacional nas estrelas de Leão I, a equipe buscou saber se a densidade da matéria escura aumenta em direção ao centro da galáxia. Eles também queriam saber "se a medição de seu perfil corresponderia às anteriores feitas com dados de telescópios mais antigos combinados com modelos de computador", explicou a astrônoma María José Bustamante-Rosell, da Universidade do Texas.

O resultado surpreendeu a equipe: "os modelos estão gritando que você precisa de um buraco negro no centro", disse o Dr. Karl Gebhardt, astrônomo da Universidade do Texas. "Você realmente não precisa de muita matéria escura", concluiu. A relação de massa encontrada é tão inusitada que o buraco negro de Leão I é quase tão massivo quando o buraco negro no centro da Via Láctea, que tem massa estimada em 4 milhões de vezes a massa do Sol.

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Não existe explicação nos modelos astronômicos atuais para um buraco negro tão massivo no coração de uma galáxia anã esferoidal, então os astrônomos terão que tecer hipóteses sobre a evolução de Leão I, o que pode levá-los a rever o que se sabe sobre essas anãs ao redor da Via Láctea. Mas os autores suspeitam que essa descoberta possa ajudar a decifrar a origem dos buracos negros ainda mais massivos encontrados em galáxias distantes.

Uma vez que essas galáxias anãs em órbita ao redor da Via Láctea costumam ser "engolidas" por galáxias maiores (como a nossa própria evoluiu absorvendo outras anãs no passado), pode ser que esses buracos negros surpreendentes nas galáxias satélites contribuam para a formação de buracos negros supermassivos com até bilhões de massas solares.

O trabalho da equipe foi publicado no Astrophysical Journal.

Fonte: Astrophysical Journal; Via: Sci-News