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Buraco negro recém-descoberto na galáxia vizinha pode ser uma estrela comum

Por| Editado por Patricia Gnipper | 18 de Novembro de 2021 às 17h29

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 ESO/M. Kornmesser; edição: Daniele Cavalcante
ESO/M. Kornmesser; edição: Daniele Cavalcante

Há uma semana, as notícias sobre a descoberta de um pequeno buraco negro encontrado fora da Via Láctea, na Grande Nuvem de Magalhães, repercutiu na comunidade científica e na mídia. Mas, agora, um novo estudo mostra que, talvez, o objeto seja apenas uma estrela comum. Como os astrônomos poderiam confundir uma estrela brilhante com um objeto invisível? Bem, essa não é a primeira vez que um caso como este acontece.

De acordo com a pesquisa original, o buraco negro teria 11 vezes a massa do nosso Sol e, com seu campo gravitacional, exerceria sua influência na órbita de uma estrela companheira de cinco massas solares. O sistema fica no NGC 1850, um aglomerado com milhares de estrelas localizado a cerca de 160 mil anos-luz de distância da Terra, na galáxia vizinha Grande Nuvem de Magalhães.

Acontece que, em um sistema binário tão distante, é muito complicado distinguir entre dois objetos. Por isso, todas essas deduções são feitas a partir de um cálculo muito crítico: a massa da estrela principal, que orbita o suposto buraco negro. A primeira equipe assumiu que era uma estrela normal e usou suas cores para determinar sua massa, o que por sua vez permite calcular outras características. Mas talvez não seja uma estrela normal.

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O novo estudo mostra que o cálculo da massa, ou melhor, o método, provavelmente não está correto. A segunda equipe usou um método diferente para obter a massa da estrela primária, uma relação entre a densidade e seu período orbital — que é de cinco dias. Eles também usaram o aspecto da estrela, que adquire um formato de “gota” porque o objeto secundário está “sugando” sua matéria. O tamanho que essa “gota” pode ter é conhecido como lóbulo de Roche

Lóbulo de Roche é, na verdade, a região do espaço ao redor de uma estrela onde o material pode permanecer vinculado a ela. Se a expansão estelar (no caso de uma gigante vermelha, por exemplo, cujas camadas externas se expandem) ultrapassa o seu lóbulo de Roche, o material fora do lóbulo cairá na outra estrela. Ao medir o lóbulo de Roche da estrela primária alvo do estudo, os astrônomos podem obter a densidade e o raio do objeto, o que nos leva, enfim, à sua massa real.

Essa foi a abordagem adotada neste novo estudo, e a massa que eles encontram é muito menor que a primeira: 0,65 a 1,65 vezes a massa do Sol, e não 5 massas solares. Essa diferença pode mudar todas as demais deduções sobre o sistema. Se a estrela primária é menos massiva, então a secundária também tem que ser, ou as características orbitais medidas estariam erradas. Assim, o artigo aponta que a massa do objeto secundário é de 3,5 até 5 massas solares.

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Embora essas medidas não excluam um buraco negro, elas o tornam muito menos provável. Além disso, o buraco negro deveria emitir raios-X por causa da matéria da estrela principal sendo “devorada”. No entanto, quase nenhuma emissão de raios-X foi detectada. A nova explicação faz sentido e é mais provável, portanto a possibilidade de ser um buraco negro fica um pouco mais distante, no ponto de vista científico.

Claro, novos estudos podem ser realizados para saber mais detalhes sobre o sistema — e é justamente por isso que erros também são bem-vindos; eles permitem que se aprenda mais sobre objetos difíceis como este. O artigo está disponível no arXiv.org.

Fonte: Bad Astronomy