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Núcleo de Marte é menor do que parece e tem camada de rochas derretidas

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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NASA/JPL/Malin Space Science Systems
NASA/JPL/Malin Space Science Systems

O núcleo de Marte parece ser cercado por uma camada de rochas que, até então, era desconhecida. A descoberta foi feita por uma equipe internacional de cientistas, que trabalhou com dados de ondas sísmicas obtidos pela sonda InSight, da NASA.

Através dos dados sísmicos, os autores descobriram uma camada fina de silicatos derretidos (minerais que formam rochas e que estão presentes na crosta terrestre e marciana) entre o manto e o núcleo de Marte.

Com a descoberta, os pesquisadores concluíram que o núcleo marciano é mais denso e menor do que estimativas anteriores haviam indicado. Este resultado tem melhor alinhamento com outros dados geofísicos e análises de impactos causados por meteoritos.

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Vedran Lekic, coautor de um dos novos estudos, compara a camada a uma espécie de cobertura no núcleo. “A cobertura não apenas mantém o calor vindo do núcleo e evita que esfrie, mas também concentra elementos radioativos, cujo decaimento gera calor”, explicou.

Devido a este processo, o núcleo marciano não gera os movimentos de convecção que criariam um campo magnético. “Isso pode explicar o porquê de Marte não ter atualmente um campo magnético cercando-o”, acrescentou.

O núcleo de Marte

A descoberta sobre o tamanho e composição do núcleo marciano foi feita através dos dados do lander InSight, que pousou em Marte em 2018. Ele funcionou até 2022, e passou anos coletando dados sísmicos sobre o Planeta Vermelho e sua estrutura interior.

Em 2021, três estudos foram publicados a partir dos dados da sonda, e mostraram que o núcleo do planeta media cerca de 3.600 km de diâmetro, ou seja, teria mais ou menos a metade do tamanho do planeta. Para comparação, considere que o núcleo da Terra mede 7 mil km.

Além disso, aqueles estudos indicaram também que o núcleo marciano tinha baixa densidade quando comparado ao da Terra. Na prática, isso sugere que, talvez, ele fosse feito de ferro líquido e elementos mais leves, como enxofre e carbono.

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Após estas publicações, a InSight detectou novas ondas sísmicas viajando pelo interior do planeta e seu núcleo, causadas pelo impacto de um meteorito. “Elas nos permitiram ter uma visão completamente nova do interior de Marte, especialmente das estruturas profundas que não pudemos ver antes”, comentou Amir Khan, coautor.

Agora, os novos resultados indicam que o núcleo de Marte tem diâmetro de 3.300 km a 3.350 km, sendo 30% menor do que as estimativas anteriores haviam indicado. Ele parece também ser mais denso, com até 14% de elementos mais leves em sua composição.

Os artigos foram publicados na revista Nature.

Fonte: Nature (1, 2); Via: University of Maryland, Space.com