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Moléculas orgânicas de meteorito vindo de Marte podem ter origem geoquímica

Por| Editado por Patricia Gnipper | 13 de Janeiro de 2022 às 18h50

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Pixabay
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As moléculas orgânicas presentes no meteorito marciano Allan Hills (ALH) 84001, encontrado na Antártida, parecem ter sido sintetizadas através de interações entre água e rochas. Essas reações teriam ocorrido no Planeta Vermelho há cerca de 4 bilhões de anos. Ao menos é o que conclui um novo estudo liderado por Andrew Steele, cientista do Carnegie Institution for Science.

O meteorito (ALH) 84001 foi encontrado em 1984 e é considerado um dos objetos mais antigos vindos de Marte para a Terra. “Analisar a origem dos minerais do meteorito pode servir como uma janela, para revelar os processos geoquímicos ocorrendo no início da história da Terra, junto do potencial de habitabilidade de Marte”, explicou Steele.

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As moléculas orgânicas incluem carbono e oxigênio e podem apresentar também oxigênio, nitrogênio e outros elementos. Estes compostos costumam estar bastante associados à vida, mas também podem ser formados através de processos não biológicos. No caso do meteorito, várias possibilidades foram levantadas para tentar explicar os compostos presentes nele.

Em teoria, é possível que as substâncias tenham vindo de atividade vulcânica, impactos em Marte e até mesmo remanescentes de antigas formas de vida, caso tenham existido por lá, ou contaminação da rocha ao cair na Terra. Assim, para investigar a origem das moléculas orgânicas, a equipe de Steele trabalhou com diversas técnicas de preparação e análise de amostras.

A origem dos compostos do meteorito marciano

Eles descobriram evidências de interações entre rochas e água parecidas com aquelas que ocorrem na Terra, que indicam que as rochas marcianas passaram por dois processos geoquímicos. Um deles é a serpentinização, que ocorre quando rochas ígneas (formadas pelo resfriamento e solidificação da lava) interagem com água em circulação. Essas interações causam mudanças na mineralogia delas e forma hidrogênio.

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O outro processo é a carbonização, relacionado às interações entre rochas e água levemente ácida, com dióxido de carbono dissolvido — este resulta na formação de minerais com carbono. Ainda não está claro se estes processos foram induzidos pelas condições da água simultânea ou sequencialmente, mas as evidências mostram que as interações entre a água e rochas não ocorreram ao longo de um período prolongado.

Não está claro se esses processos foram induzidos pelas condições aquosas circundantes simultaneamente ou sequencialmente, mas as evidências indicam que as interações entre água e rochas não ocorreram durante um período prolongado. O que ficou evidente, porém, é que as reações produziram matéria orgânica a partir da redução do dióxido de carbono. Essas formações mineralógicas são raras nos meteoritos de Marte.

Por outro lado, a carbonização e a serpentinização já foram mostradas em estudos orbitais de Marte — a carbonização, aliás, já apareceu em meteoritos menos antigos. As moléculas orgânicas já foram identificadas pelo autor em outros meteoritos, e análises feitas junto da equipe do rover Curiosity mostraram que a síntese abiótica destas moléculas foi parte da geoquímica de Marte durante muito tempo.

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Segundo o autor, as reações não biológicas e geológicas são responsáveis por grande parte dos compostos orgânicos a partir dos quais a vida poderia evoluir, e precisam ser levados em conta durante a busca de evidências de formas de vida no passado de Marte.

“Se essas reações aconteceram em Marte antigo, elas devem ter acontecido na Terra antiga”, concluiu. “A busca por vida em Marte não é apenas uma tentativa de descobrir se estamos sozinhos, mas também se relaciona aos ambientes primordiais da Terra e abordam a pergunta ‘de onde nós viemos?”.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Science.

Fonte: Science; Via: Carnegie Science