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Mistura de partículas pode explicar manchas escuras em Netuno

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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ESO/P. Irwin et al.
ESO/P. Irwin et al.

Pela primeira vez, astrônomos conseguiram observar uma mancha escura na atmosfera de Netuno usando um telescópio em solo. Ela apareceu acompanhada de uma formação menor e brilhante, e as origens das duas são um mistério para os cientistas — até agora.

Manchas do tipo são comuns nas atmosferas de planetas gigantes, como Júpiter e sua Grande Mancha Vermelha, a maior tempestade do Sistema Solar. No caso de Netuno, uma mancha escura foi observada pela primeira vez lá em 1989 pela sonda Voyager 2, e desapareceu alguns anos depois.

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Patrick Irwin, professor que liderou o novo estudo, queria investigar a origem do fenômeno. Para isso, ele e seus colegas usaram o telescópio Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul, para descartar a possibilidade de que a mancha tivesse relação com as nuvens se “abrindo” em Netuno.

O problema é que as manchas escuras não são permanentes na atmosfera do planeta, e os astrônomos nunca conseguiram estudá-las com detalhes suficientes. Uma boa oportunidade surgiu com o telescópio Hubble, que encontrou pontos escuros na atmosfera do planeta. Na ocasião, as manchas foram relacionadas a tempestades se formando em áreas de alta pressão atmosférica.

Um destes pontos escuros foi observado no hemisfério norte de Netuno pela primeira vez, e chamou a atenção de Irwin e seus colegas. Para estudá-lo em solo, eles trabalharam com um instrumento do VLT que separa os comprimentos de onda da luz refletida por Netuno e sua mancha. Com isso, a equipe conseguiu um espectro tridimensional, que trouxe detalhes importantes sobre ela.

O processo da separação da luz aparece no vídeo abaixo:

Ter diferentes comprimentos de onda à disposição significa investigar diferentes profundidade da atmosfera de Netuno. Desta forma, os astrônomos conseguiram determinar a altitude em que as manchas escuras aparecem na atmosfera do planeta, além de ter informações da composição química das atmosferas deste mundo distante.

No fim, as novas observações mostraram que as manchas escuras parecem ser o resultado de partículas de ar, presentes abaixo de uma camada principal de névoa sendo escurecidas, devido à mistura de gelo e névoa na atmosfera. Além disso, eles descobriram também um tipo raro de nuvem brilhante nunca vista antes.

Ela era o ponto brilhante observado junto da nuvem escura principal, e os dados do VLT mostraram que estava no mesmo nível atmosférico que a nuvem escura. Isso significa que a nuvem brilhante é uma formação de um novo tipo, quando comparada às de metano congelado que já foram observadas.

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.

Fonte: Nature Astronomy; Via: ESO