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Ciclo solar pode explicar aumento de nuvens em Netuno

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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NASA/JPL-Caltech
NASA/JPL-Caltech

Existe uma relação entre as mudanças nas nuvens de Netuno e o ciclo solar de 11 anos. A descoberta surpreendeu os cientistas planetários responsáveis pelo novo estudo que revelou o processo, afinal, Netuno está tão distante do Sol que recebe sua luz com apenas 0,1% da intensidade daquela que incide sobre a Terra.

Um estudo de cientistas da Universidade da Califórnia mostrou que a abundância de nuvens normalmente visíveis nas latitudes médias do planeta começou a diminuir em 2019. Hoje, a cobertura de nuvens em Netuno é extremamente baixa, exceto por aquelas presentes no polo sul.

Quatro anos após o estudo anterior, as imagens mais recentes do planeta mostram que as nuvens não voltaram aos níveis observados antes. Então, para monitorar as mudanças das nuvens do planeta, Erandi Chavez e os demais coautores analisaram imagens de Netuno capturadas em diferentes períodos pelo observatório Keck, Lick e pelo telescópio Hubble.

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As imagens revelaram um padrão entre as mudanças sazonais das nuvens e o ciclo solar, nome dado ao período de 11 anos de atividade do Sol causada por seu campo magnético. Quando a atividade solar está intensa, mais radiação ultravioleta é liberada pelo Sistema Solar. Mas, afinal, como isso afeta as nuvens de Netuno?

Bem, a equipe descobriu que dois anos após o pico de atividade do Sol, uma quantidade crescente de nuvens aparece em Netuno. Além disso, eles identificaram uma correlação positiva entre a quantidade de nuvens e o brilho do gigante gasoso a partir da luz solar refletida por ele. “Estes dados nos fornecem as mais fortes evidências de que a cobertura de nuvens em Netuno se correlaciona com o ciclo solar”, disse o coautor de Pater.

As análises do padrão das nuvens durante quase 30 anos de observações revelaram que a refletividade de Netuno aumentou em 2002, mas diminuiu em 2007. Ela aumentou novamente em 2015 e escureceu em 2020, chegando ao menor nível já registrado — foi ali que a maior parte das nuvens desapareceu. Estas mudanças da refletividade são causadas pelo Sol, e parecem acompanhar o aumento e diminuição das nuvens.

Eles identificaram também um intervalo de dois anos entre o pico do ciclo solar e a abundância de nuvens. Por fim, as mudanças químicas observadas vêm da fotoquímica, ou seja, dos efeitos químicos causados pela luz. Tais efeitos foram observados na atmosfera superior de Netuno.

Ainda há alguns processos que não foram totalmente compreendidos, e os autores ressaltam que mais estudos são necessários. Por isso, eles vão continuar monitorando as nuvens em Netuno com dados combinados, obtidos pelos telescópios Hubble, James Webb, observatórios Lick e Keck. Desta forma, eles podem entender melhor não apenas Netuno, mas também exoplanetas em outros sistemas estelares.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Icarus.

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Fonte: Icarus; Via: NASA