Publicidade

Mecanismo por trás do vento solar pode estar em região com "ponto cego"

Por| Editado por Patricia Gnipper | 25 de Novembro de 2022 às 18h17

Link copiado!

NASA/SDO
NASA/SDO

Dados dos satélites meteorológicos Geostationary Operational Environmental Satellites (GOES), dos Estados Unidos, podem ter revelado mecanismos importantes por trás do vento solar. A descoberta vem de um estudo de pesquisadores liderados pelo Instituto Max Planck de Pesquisas do Sistema Solar, no qual analisaram dados de outros diferentes observatórios para examinar uma região e processos da coroa solar que, até então, eram de difícil acesso.

Pela primeira vez, os pesquisadores conseguiram capturar uma espécie de rede dinâmica de estruturas de plasma alongadas e entrelaçadas. Junto de dados de outros observatórios e várias simulações computacionais, eles concluíram que, onde há interações das estruturas desta “teia”, a energia magnética do Sol é liberada, soltando partículas pelo espaço.

Continua após a publicidade

A conclusão é fruto de uma campanha de observação da coroa solar com o instrumento Solar Ultraviolet Imager (SUVI), de um satélite GOES, que observou o Sol diretamente e nas laterais. “Tivemos a oportunidade rara de usar um instrumento de fora pouco usual para observar uma região que não foi realmente explorada”, disse Dan Seaton, cientista chefe da campanha.

Ao combinar as imagens dos diferentes ângulos de observação, o campo de visão do instrumento foi ampliado, revelando a coroa média do Sol na luz ultravioleta. Esta é uma camada da atmosfera solar que surge 350 km acima da superfície visível do Sol. Outros observatórios, como o Solar Dynamics, da NASA, já estudaram a coroa solar, mas a coroa média era uma espécie de “ponto cego” do nosso astro.

Era também ali que os pesquisadores suspeitavam existir processos importantes para o vento solar, o fluxo de partículas liberadas pelo Sol que viajam por toda nossa vizinhança. O vento solar vem de diferentes regiões do nosso astro, e pode ser dividido em componentes rápidos (com velocidade acima de 500 km/s), vindos do interior das aberturas coronais, ou lentos (com velocidade entre 300 km/s e 500 km/s).

Continua após a publicidade

Os dados dos satélites GOES mostraram duas aberturas coronais próximas do equador solar. Nelas, o vento solar flui de perto de uma área com campo magnético forte, e as interações entre os dois sistemas chamaram a atenção dos autores, porque poderiam ser os pontos de início do vento solar lento. Acima dali, os dados mostraram estruturas de plasma alongadas na coroa média.

Esta é a teia coronal observada pelos pesquisadores, formada por estruturas que interagem entre si e se reagrupam. Após simulações, eles concluíram que as estruturas da teia coronal acompanham as linhas do campo magnético. “Nossa análise sugere que a arquitetura do campo magnético na coroa média está marcada no vento solar lento, e tem papel importante na aceleração das partículas”, escreveu Pradeep Chitta, autor principal do novo estudo.

Na prática, os resultados sugerem que o plasma solar aquecido na coroa média flui pelas linhas do campo magnético aberto na teia coronal; onde elas se encontram e interagem, há liberação de energia. Os autores acreditam que dados coletados por missões futuras podem ajudar na compreensão destes processos.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.

Continua após a publicidade

Fonte: Nature Astronomy; Via: MPG