Maior lua de Netuno, Tritão pode receber missão da NASA em busca de água
Por Daniele Cavalcante | 18 de Junho de 2020 às 17h45
Para aprender mais sobre como os objetos do Sistema Solar se formaram, pesquisadores elaboraram em 2019 uma missão chamada Trident, com o objetivo de explorar Tritão, a maior lua de Netuno. E a Trident está concorrendo à próxima rodada do programa Discovery, da NASA, que financia missões robóticas de custo relativamente baixo.
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Com uma mistura de gelo incomum em sua superfície, Tritão “sempre foi um dos corpos mais empolgantes e intrigantes do Sistema Solar", de acordo com Louise Prockter, líder da equipe que propõe a missão. "Eu sempre amei as imagens da Voyager 2 e seus vislumbres tentadores dessa lua bizarra e louca que ninguém entende”, declara. Desde que passou por Netuno, a sonda Voyager 2 deixou muitas perguntas sem resposta sobre o planeta e suas luas.
Para essa missão, a equipe da Trident planeja estudar toda a superfície da lua. O primeiro objetivo será estudar as estranhas plumas geladas que existem por lá e levam os cientistas a cogitarem haver água no interior de Tritão sendo forçada a expelir pela crosta espessa e congelada da lua. Se a Trident descobrir um oceano subterrâneo como fonte dessas plumas, os cientistas saberão mais sobre onde a água pode ser encontrada além da Terra.
Até o momento, os cientistas viram apenas 40% da superfície de Tritão. Usando uma câmera de imagem full-frame - termo que indica um tamanho de 35 mm do sensor que captura as imagens - a Trident pretende mapear o restante, aproveitando a luz refletida do Sol enquanto ilumina Netuno.
Por fim, a missão visa estudar a geologia da superfície. Tritão quase não tem crateras visíveis, e isso sugere que sua superfície seja relativamente jovem, reconstruída várias vezes com material fresco. "Tritão não é apenas uma chave para a ciência do Sistema Solar - é um chaveiro: um objeto capturado do Cinturão de Kuiper que evoluiu, um mundo oceânico em potencial com plumas ativas, uma ionosfera energética e uma jovem superfície única", disse Karl Mitchell, cientista da missão.
O entusiasmo com a missão não é exagero, pois Tritão tem muitas características incomuns e interessantes. Por exemplo, ele é a única lua no Sistema Solar que orbita na direção oposta à rotação de seu planeta, e sua órbita tem uma inclinação extrema, deslocada em 23 graus do equador de Netuno. Além disso, a lua tem uma atmosfera incomum e um clima dinâmico.
A ionosfera da lua também chama atenção, porque ela é preenchida com partículas carregadas e é 10 vezes mais ativa do que a de qualquer outra lua no Sistema Solar. Geralmente, as ionosferas são carregadas pela energia do Sol, mas considerando que Tritão e Netuno estão 30 vezes mais afastados do Sol do que a Terra, deve haver outra fonte de energia atuando por lá.
Se for um dos projetos selecionados - a NASA escolherá até duas missões entre as quatro candidatas - a Trident poderá ser lançado em outubro de 2025, que é quando a Terra estará alinhada com Júpiter. Isso permitirá à sonda usar a força gravitacional do gigante gasoso como estilingue para economizar combustível em sua viagem até Netuno. Então, a nave chegaria a Tritão em 2038.
Fonte: NASA