Magma ainda ativo no manto de Marte seria responsável por abalos sísmicos
Por Wyllian Torres • Editado por Patricia Gnipper |
A atividade vulcânica no manto de Marte seria a responsável pelos recém-descobertos abalos sísmicos no planeta até então não observados nos dados da sonda InSight. O estudo, liderado pela Academia Chinesa de Ciências, sugere que esses tremores são provocados pelo magma ainda ativo sob a superfície.
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A pesquisa apresenta a descoberta de 47 “martemotos” (tremores sísmicos em Marte) que, até então, haviam passado despercebidos entre os dados da sonda InSight. Mas novas técnicas de análise permitiram que os pesquisadores identificassem essa atividade em uma região específica do Planeta Vermelho.
Os abalos sísmicos ocorrem em Cerberus Fossae, uma região marciana sismicamente ativa. Os autores da descoberta acreditam que esses tremores sejam provocados pelo magma ainda ativo no manto do planeta, que fica entre a crosta e o seu núcleo.
Descobrir se Marte ainda possui um manto ativo é fundamental para compreender sua evolução, o estado de seu núcleo e como seu campo magnético evoluiu e, hoje, praticamente não existe — sugerindo não haver mais nenhuma atividade em seu interior, por exemplo.
Os campos magnéticos em planetas são produzidos em seu interior, através do dínamo. Esse fluido metálico giratório, convectivo e condutor é responsável por converter a energia desse movimento em energia magnética — estabelecendo o campo ao redor do planeta.
Analisando os tremores
A sonda InSight chegou ao Planeta Vermelho em 2018 para estudar seu interior. Até agora, ela já detectou um série de sismos que fornecerem alguns detalhes do interior marciano. No entanto, parte desses tremores estavam ocultos no conjunto de dados da missão.
Então, os pesquisadores utilizaram duas técnicas há pouco aplicadas à geofísica para procurar eventos sísmicos despercebidos. Com base em nove modelos de tremores marcianos, a equipe detectou os 47 abalos sob a região de Cerberus Fossae.
Boa parte desses tremores se parecem com as ondas de dois abalos sísmicos registrados na mesma região em maio e julho de 2019. Os tremores menores poderiam estar relacionados aos maiores. A equipe também buscou identificar a causa deles.
A ausência de um padrão nos tremores descartou a influência de uma das luas marcianas, Fobos. A equipe descobriu que os abalos ocorreram repetidamente ao longo do dia em Marte (ou sol), enquanto os relatados pela NASA só aconteceram à noite.
A equipe sugere que os tremores se devem ao movimento repetitivo do magma no manto de Marte e que isso, portanto, demonstraria que ele é mais vulcanicamente ativo do que se pensava — mas ainda há muito estudo a ser feito para confirmar se o planeta possui ou não esse tipo de atividade.
O estudo foi apresentado na revista Nature Communications.
Fonte: Nature Communications, ANU, Via ScienceAlert