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"HD" do James Webb é menor que o de um iPhone

Por| 18 de Julho de 2022 às 18h15

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NASA GSFC/CIL/Adriana Manrique Gutierrez/Flickr
NASA GSFC/CIL/Adriana Manrique Gutierrez/Flickr
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Construído ao longo de mais de uma década a um custo de US$ 10 bilhões (R$ 53,7 bilhões), o telescópio espacial James Webb (JWST) é uma maravilha da engenharia que já em suas primeiras imagens está mudando a forma como enxergamos o universo. Por isso, é surpreendente descobrir que nem todos os seus componentes são "topo de linha".

Um exemplo é o seu "HD", oficialmente chamado de "gravador de estado sólido", onde são armazenados os dados coletados pelos instrumentos. É de imaginar que a NASA não economizaria em um componente tão crítico, certo? Pois bem: sua capacidade é de exatos 68 GB, pouco mais da metade da capacidade do modelo básico do iPhone 13 Pro.

Existem alguns motivos para isso, e "corte de custos" não é necessariamente um deles. Em primeiro lugar, os chips de memória usados no James Webb não são os mesmos usados em um SSD que você compra em sua loja de informática da vizinhança.

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Todos os componentes de uma espaçonave, seja qual for, são "radiation hardened", preparados para enfrentar os altos níveis de radiação no espaço. Além disso, precisam sobreviver a variações de temperatura extremas, da ordem de centenas de graus, enquanto as espaçonaves passam por ciclos de "dia" e "noite". Por isso são muito mais caros, e mais difíceis de conseguir.

Alex Hunter, engenheiro de sistemas de voo do Space Telescope Institute, responsável pela operação do Webb, disse à IEEE Spectrum que a estimativa é que ao fim de uma década de operação o "HD" do telescópio tenha "encolhido" para apenas 60 GB, devido a erros induzidos pelos rigores do espaço.

A capacidade de armazenamento do JWST é o suficiente para armazenar dados de 24 horas de observações científicas. Mas a NASA não espera o HD "encher" para fazer o download: o telescópio se comunica várias vezes por dia com estações em solo da Deep Space Network, a rede de antenas que a NASA usa para controlar suas espaçonaves. É durante essas janelas de comunicação que os dados das observações são transferidos.

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O sistema inclui uma checagem que permite ao telescópio ter certeza de que um arquivo foi transmitido com sucesso antes de apagá-lo para abrir espaço para novas observações, e protocolos de correção de erro (os mesmos usados em DVDs e discos Blu-Ray) para garantir a integridade dos dados.

Fazendo muito com pouco

O James Webb não é o único equipamento da NASA que explora o universo com tecnologia "ultrapassada". O cérebro do Perseverance, rover que há mais de um ano explora a superfície de Marte, é uma versão mais "robusta" do processador PowerPC 750, rodando a 200 MHz e acompanhado por 256 MB de RAM e 2 GB de memória interna. E o mesmo usado nos Powerbooks G3 "Wall Street" lançados pela Apple em 1998.

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Já o Ingenuity, companheiro de missão do Perseverance, é consideravelmente mais poderoso: seu processador é um Qualcomm Snapdragon 801, usado em smartphones considerados topo de linha por volta de 2014, como o Galaxy S5. A diferença no poder de processamento fica por conta da capacidade de operação autônoma do Ingenuity, que depende da análise em tempo real das imagens de suas câmeras de bordo para que o helicóptero possa entender sua posição e como chegar ao seu destino.

Em ambos os casos, a opção por tecnologia mais antiga tem o mesmo motivo: a agência prefere usar componentes confiáveis, que já foram testados e comprovados no espaço, a adotar novas tecnologias cujo comportamento ainda não é conhecido. De nada adianta ter um processador mais rápido se ele não sobreviver à primeira noite em Marte, certo?

Fonte: IEEE Spectrum