NASA divulga cinco novas fotos fabulosas do James Webb!
Por Daniele Cavalcante • Editado por Rafael Rigues |
Novas fotos coloridas feitas pelo telescópio James Webb foram divulgadas nesta terça-feira (12), em evento ao vivo onde a NASA explicou um pouco sobre todas as 5 imagens científicas do "pacote" inicial do telescópio.
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Todo o entusiasmo de cientistas e divulgadores é justificável. Para Josef Aschbacher, Diretor Geral da ESA, “estas primeiras imagens e espectros do Webb são uma grande celebração da colaboração internacional que tornou possível esta missão ambiciosa". Ele agradeceu "a todos os envolvidos no comissionamento deste magnífico telescópio e na entrega desses primeiros produtos incríveis da Webb por tornar este dia histórico uma realidade."
A primeira imagem já havia sido divulgada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, numa transmissão na segunda-feira (11). Ela mostra uma região conhecida como SMACS 0723 (SMACS J0723.3-7327), um aglomerado de galáxias na constelação sul de Volans, o Peixe voador, localizado a 4,6 bilhões de anos-luz de distância.
Esse aglomerado "lentificou" galáxias muito mais distantes, fracas e antigas, ampliando sua luz e possibilitando sua visualização. A galáxia mais antiga na imagem tem 13,1 bilhões de anos, e é vista como era quando o universo tinha apenas 1 bilhão de anos.
Com esses dados, os pesquisadores poderão medir a distância, temperatura, densidade do gás e composição química de cada galáxia, o que ajudará a descobrir mais sobre o universo primitivo.
Além dessa imagem, a NASA divulgou em sua live de terça-feira algo que não vimos na noite anterior: o espectro de várias galáxias distantes! O instrumento NIRSpec observou 48 delas individualmente, ao mesmo tempo, graças às suas mais de 248.000 pequenas "portas" que podem ser abertas individualmente. Isso o torna capaz de coletar a luz de até aproximadamente 150 objetos simultaneamente.
Três linhas aparecem na mesma ordem em todas as galáxias: uma de hidrogênio e duas linhas de oxigênio ionizado. Essa é a primeira vez que essas linhas específicas foram observadas em objetos tão distantes, e ainda é apenas o início das pesquisas em cima dessas inúmeras galáxias. Nas palavras de Günther Hasinger, Diretor de Ciência da ESA, “este é o início de uma nova era vendo o Universo e fazendo descobertas científicas empolgantes com o Webb”.
"Como agora começamos as operações científicas regulares", continuou, "sei que a comunidade astronômica europeia mal pode esperar para ver os resultados do tempo de observação que ganharam no primeiro ano do Webb."
WASP-96b
A segunda "imagem" é, na verdade, um gráfico, mais precisamente o espectro mais completo de uma atmosfera de exoplaneta que os astrônomos já conseguiram obter. Os dados foram registrados pelo espectrômetro do Webb, instrumento que tornará possível a nós determinarmos se a atmosfera de exoplanetas é amigável à vida ou não.
WASP-96B é um exoplaneta gigante gasoso localizado a cerca de 1.150 anos-luz da Terra. Ele completa uma volta ao redor de sua estrela a cada 3,4 dias e tem cerca de metade da massa de Júpiter.
O espectro de luz contém informações sobre a composição de sua atmosfera e, para a surpresa de muitos astrônomos, revela a assinatura da água e evidências de neblina e nuvens que estudos anteriores deste planeta não detectaram.
Nebulosa do Anel Sul
Nas palavras da ESA em sua conta oficial no Twitter, este é o "magnifico grito de morte de uma estrela expelindo conchas de poeira e gás". Esta imagem está cheia de detalhes que nunca haviam sido observados antes.
Trata-se de uma nebulosa planetária, um tipo de objeto que surge quando estrelas não muito massivas chegam ao fim de suas vidas. O Webb conseguiu detectar também duas estrelas no centro dessa nebulosa planetária.
Duas câmeras do Webb capturaram a imagem do mesmo objeto, catalogado como NGC 3132. Abaixo, você observa a segunda delas.
Duas estrelas unidas em uma órbita próxima são um grande destaque dessas imagens em infravermelho, revelando um sistema complexo. Pela primeira vez, os astrônomos viram que a segunda estrela está cercada por poeira, enquanto a mais brilhante está em um estágio inicial de sua evolução e provavelmente ejetará sua própria nebulosa planetária no futuro.
Essa imagem também revela um "esconderijo" de galáxias distantes ao fundo: observe os pontos de luz multicoloridos; eles não são estrelas. A capacidade incrível de detectar objetos fracos se deve à colaboração internacional na construção de diferentes instrumentos sensíveis. “Trabalhar nesta missão foi um dos maiores destaques e partes mais gratificantes da minha carreira”, disse Macarena Garcia Marin, cientista de instrumentos do MIRI ESA.
Quinteto de Stephan
Este foi o primeiro grupo compacto de galáxias descoberto pelos astrônomos, localizado na constelação de Pégaso, a 290 milhões de anos-luz de distância. Como o nome já diz, são cinco galáxias, quatro delas "presas" orbitalmente em uma dança cósmica de repetidos encontros imediatos.
A nova imagem revela detalhes inéditos das galáxias em interação, estimulando a formação de estrelas umas nas outras, além de gás sendo perturbado pelos movimentos gravitacional e as saídas impulsionadas por um buraco negro. Grupos de galáxias tão próximas como este podem ter sido mais comuns no início do universo, então esta foto ajudará a compreender a infância do nosso cosmos.
Mas o James Webb revelou muito mais que isso. O instrumento MIRI conseguiu observar além da poeira perto do núcleo ativo da galáxia mais acima para medir a emissão do gás quente ionizado por ventos e pela radiação de seu buraco negro supermassivo, em nível de detalhe nunca visto antes. Melhor ainda, o telescópio conseguiu determinar a composição desse material.
O espectro da saída do buraco negro mostra uma região cheia de gases como ferro, argônio, neônio, enxofre e oxigênio. A presença de múltiplas linhas de emissão do mesmo elemento com diferentes graus de ionização ajudará na descoberta dos mecanismos responsáveis. Já o gráfico inferior revela que o buraco negro possui também um reservatório de gás mais frio e denso, com hidrogênio molecular e poeira de silicato que absorvem a luz das regiões centrais da galáxia.
Nebulosa Carina
Por fim, a imagem mais aguardada: a Nebulosa Carina. Ela já é muito famosa por sua exuberante forma, tamanho e brilho. Fica dentro da Via Láctea, a cerca de 7.600 anos-luz de distância, com vários aglomerados abertos. Ali, muitas estrelas massivas se formam.
Você observa nessa foto muitas áreas jamais vistas antes, como berçários estelares e estrelas individuais que não aparecem em imagens de luz visível. Jatos protoestelares que emergem claramente e objetos nas primeiras fases de formação estelar foram detectados graças ao grande alcance dos instrumentos de luz infravermelha.
Além disso, como em imagens anteriores, revela centenas de estrelas que antes estavam invisíveis e inúmeras galáxias ao fundo. O MIRI mostra estrelas jovens e seus discos empoeirados formadores de planetas, o que também é extraordinário e muito útil para os astrônomos.