Estação Espacial Internacional comemora 20 anos nesta terça-feira (20)
Por Natalie Rosa |
Neste dia 20 de novembro comemoramos os 20 anos do lançamento da Estação Espacial Internacional (ISS) à órbita da Terra. O projeto se trata de um laboratório espacial em microgravidade, desenvolvido para ser uma base habitada permanentemente por astronautas.
A necessidade de um laboratório no espaço surgiu pois muitas pesquisas e experimentos não podem ser feitos na Terra devido à aceleração da gravidade, fator que pode prejudicar os resultados, e pelo desejo de estudar os efeitos da permanência prolongada de seres humanos, equipamentos e matéria viva no ambiente espacial.
Então, no dia 20 de novembro de 1998, aconteceu o lançamento do primeiro módulo da ISS, com este sendo apenas o início de uma construção montada no espaço e finalizada anos depois. Dois anos depois do lançamento, em 2 de novembro de 2000, a primeira tripulação chegou para visitar e morar um tempo na ISS. Os primeiros habitantes foram William "Bill" Shepherd, dos Estados Unidos, e os russos Sergei K. Krikalev e Yuri Gidzenko.
A operação inaugural foi chamada de Expedição-1 e partiu do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão — região que também serviu para o lançamento do primeiro ser humano ao espaço (Yuri Gagarin), e primeiro satélite artificial lançado para a órbita da Terra (o Sputnik 1).
Envolvimento global
Muitos países fizeram parte, de alguma forma, de todo o processo de desenvolvimento e objetivos da Estação Espacial Internacional. O projeto funciona sob liderança de 15 países: Estados Unidos, Canadá, Japão, Rússia, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Noruega, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido.
A ISS, inclusive, é um projeto tão importante que consegue unir os Estados Unidos e a Rússia de maneira harmoniosa, sendo que ambos os países têm uma antiga rivalidade no trabalho de desenvolvimento de projetos espaciais.
E o Brasil também teve uma participação no projeto com Marcos Pontes, o primeiro brasileiro a ir ao espaço. A sua viagem aconteceu em março de 2006 com a Missão Centenário, um programa criado entre o Brasil e a Rússia, totalizando 10 dias de experimentos.
Relembre como foi o lançamento de Marcos Pontes à ISS:
Complicações e obstáculos
Mas, ainda que tenha rendido e continue rendendo muitos estudos e avanços ciíentficos, nem só com missões bem sucedidas a ISS preenche o seu currículo. Em 2003, por exemplo, quando o ônibus espacial Columbia retornava à Terra, um grande pedaço de espuma de um tanque externo acabou quebrando a asa do veículo, causando a morte de sete astronautas. Com o incidente, a NASA acabou suspendendo voos pelos dois anos seguintes para que fossem feitas as investigações apropriadas antes de arriscar enviar mais pessoas para a ISS.
O acidente do Columbia foi o segundo desastre com uma nave espacial depois do Challenger, que passou por uma falha catastrófica durante o seu lançamento em 1986, levando a NASA a aposentar o projeto dos ônibus espaciais em 2011.
Recentemente, outro problema grave aconteceu, desta vez no lançamento do foguete Souyuz, que transportava o astronauta norte-americano Nick Hague e o cosmonauta russo Aleksey Ovchinin, apresentando uma falha em seus propulsores após a decolagem e forçando os controladores a fazerem um pouso de emergência. Em nota, a NASA conta que a nave se separou dos propulsores, e que Hague e Ovchinin precisaram pousar em uma cápsula em "modo de descida balística", com um pouso mais veloz e com maior impacto.
Agora, os russos estão investigando o que causou o fracasso da decolagem e se preparando para um relançamento, que está agendado para o dia 20 de dezembro, mas com diferentes tripulantes. A tripulação que deveria ter partido à ISS em outubro deve concretizar seu objetivo somente no início de 2019.
Outro contratempo recente ocorrido na Estação Espacial Internacional foi um vazamento de baixa pressão em um dos módulos, com a suspeita de que isso foi fruto de uma sabotagem pois, durante as investigações, encontraram possíveis marcas de furadeira próximas ao local onde o vazamento aconteceu. Os russos chegaram a apontar que um astronauta da NASA teria sido o culpado, com o objetivo de causar o vazamento para que um membro doente da tripulação fosse resgatado emergencialmente — mas a acusação não deu em nada.
O comandante da Estação Espacial Internacional, Drew Feustel, nega as acusações. "Eu acho isso uma vergonha e até algo embaraçoso que alguém esteja perdendo tempo, falando sobre qualquer envolvimento da tripulação", diz em defesa de sua equipe.
O futuro da ISS
Há grandes chances de que a Estação Espacial Internacional seja privatizada em breve. O corte de verba do governo estadunidense deve acontecer até 2025, mantendo a ISS em funcionamento até 2028. Depois disso, a estação precisa passar por manutenções, uma vez que muitos de seus equipamentos chegarão ao fim de suas vidas úteis até este ano. Mas a NASA não tem mais verba para manter a ISS em funcionamento.
Para salvar a estação, a NASA pretende passar parte do seu gerenciamento para empresas privadas e, possivelmente, veículos menores e menos complexos serão enviados ao espaço para que não só a agência espacial norte-americana continue realizando experimentos por lá, como também outros países.
Outro futuro provável é o do turismo espacial, o que ajudaria a NASA a arrecadar dinheiro com a ISS e financiar outros projetos espaciais. A viagem pode custar milhões de dólares por passageiro, e esse dinheiro será valioso para manter as futuras missões da NASA a todo vapor. O projeto ainda está em fase inicial e precisa ser aprovado pelo conselho consultivo para, então, ser autorizado pelo administrador da NASA, jim Bridenstine.
E, independente de o projeto de turismo espacial na ISS acontecer de verdade, e também mesmo de a estação for mesmo privatizada, esperamos continuar comemorando muitos novos aniversários da Estação Espacial Internacional, celebrando o sucesso das missões que ali acontecem e, claro, sem novos grandes incidentes.