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Essas nuvens em Marte são parecidas com as da Terra

Por| Editado por Patricia Gnipper | 15 de Novembro de 2022 às 13h33

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ESA/GCP/UPV/EHU Bilbao
ESA/GCP/UPV/EHU Bilbao

Um novo estudo liderado por Agustín Sánchez-Levaga, astrofísico da Universidade do País Basco, revelou que Marte tem nuvens surpreendentemente semelhantes àquelas encontradas em regiões tropicais na Terra. A descoberta é resultado de análises de grandes tempestades de poeira, que ocorreram no polo norte marciano em 2019 e foram monitoradas pelas câmeras da sonda Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA).

As imagens mostram que as tempestades parecem crescer e desaparecer durante ciclos, que se repetem ao longo de alguns dias. Elas exibiam características e formatos comuns: os formatos espirais são mais visíveis em fotos amplas, capturadas pela câmera High Resolution Stereo Camera (HRSC), e se estendem por até 2.000 km com a mesma origem dos ciclones extratropicais que ocorrem nas latitudes médias e polares na Terra.

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Além disso, elas revelam também um fenômeno único de Marte. As tempestades de poeira do Planeta Vermelho vêm de células de nuvens separadas por espaços regulares, com textura semelhante àquelas das nuvens na atmosfera terrestre, com texturas vindas da convecção (processo em que o ar quente sobe, por ser menos denso que o ar frio).

Em nosso planeta, o ar que sobe leva água, que se condensa e forma nuvens. Já em Marte, as colunas de ar em ascensão têm poeira que, ao ser aquecida pelo Sol, forma células de poeira. Elas são cercadas por massas de ar com menos partículas, e dão origem ao padrão também identificado em nuvens na Terra.

Os autores do estudo analisaram o movimento das células na sequência de imagens, e descobriram que os ventos sopram sobre as nuvens a até 140 km/h, fazendo com que elas fiquem com formas alongadas na direção do deslocamento do ar. Já o tamanho das sombras projetadas pelas nuvens, combinado às medidas da posição do Sol, sugerem que as nuvens de poeira podem ficar a até 11 km de altitude, e que as células podem chegar a 40 km de extensão.

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Sánchez-Levaga explica que, apesar do comportamento imprevisível das tempestades de poeira no Planeta Vermelho e os fortes ventos que ocorrem lá, eles observaram que podem emergir padrões de convecção celular ali. “Nosso trabalho sobre a ‘convecção seca’ em Marte é um novo exemplo da importância dos estudos comparativos de fenômenos similares em atmosferas planetárias, para entender melhor os mecanismos ali em diferentes condições e ambientes”, finalizou.

O artigo que descreve as análises do fenômeno foi publicado na revista Icarus.

Fonte: Icarus; Via: ESA