ESA testa técnica de controle remoto de rovers em solo a partir do espaço
Por Danielle Cassita | Editado por Rafael Rigues | 25 de Abril de 2022 às 12h00
Uma nova técnica promete permitir que astronautas controlem remotamente rovers em superfícies planetárias sem estar lá, mas sim em órbita. Desenvolvida por uma equipe da Agência Espacial Europeia (ESA), o German Aerospace Center (DLR) e instituições da academia e indústria da Europa, a técnica foi testada em uma sessão experimental com um rover na Terra comandado pelo astronauta Luca Parmitano, a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS).
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Thomas Krueger, engenheiro de robótica na ESA, explica que quando o assunto envolve ambientes estruturados e conhecidos, os robôs podem receber autonomia limitada. “Mas para os sistemas realizando tarefas exploratórias, como a coleta de amostras em ambientes desconhecidos e sem estrutura, algum acompanhamento humano é essencial”, disse.
Segundo ele, o problema é que, por enquanto, o controle direto dos robôs não é viável em função dos atrasos nas transmissões dos comandos. “Estamos trabalhando no conceito da estadia humana segura e confortável na órbita da Lua, de Marte ou outros corpos planetários, mas estando próximos o suficiente para acompanhar os rovers na superfície”, ressaltou.
Pensando nisso, uma equipe da ESA e do DLR realizaram testes que, gradualmente, se tornaram mais complexos; os primeiros aconteceram na Terra, e os demais se estenderam para a órbita do nosso planeta. “No fim, precisamos realizar testes de viabilidade no espaço, porque pesquisas anteriores mostraram que a sensação de ausência de peso pode degradar a performance humana durante tarefas de força e movimento”, disse Thomas.
Controle remoto de rovers na prática
Ao longo do trabalho, as equipes direcionaram seus esforços à primeira parte do experimento Analog-1, conduzido no fim de 2019 pelo astronauta Luca Parmitano a bordo da ISS. Durante o procedimento, ele operou o rover ESA Interact em um ambiente lunar simulado em um hangar em Valkenburg, na Holanda, para estudar rochas e coletar amostras. O teste durou duras horas e foi um sucesso.
Aaron Pereira, do DLR, comenta que a sessão representou a primeira vez em que um astronauta no espaço controlou um sistema robótico em solo, utilizando meios intuitivos e imersivos. “Nossa interface de controle incorpora feedback de força, então o astronauta pode experienciar o que o rover está sentindo, incluindo o peso e a coesão da rocha que toca”, explicou.
Thomas comemorou os resultados, mas observou que a principal limitação do trabalho conduzido até aqui é que o ambiente lunar análogo interno é deficiente em realismo. “Neste verão vamos ver a segunda parte do Analog-1 acontecendo nas encostas vulcânicas do Monte Etna, na Itália, como parte de uma campanha maior de testes de robótica internacional, chamada ARCHES”, finalizou. O novo teste também irá contar com a participação de Parmitano, mas desta vez ele estará em solo.
O artigo com os resultados do teste foi publicado na revista Science Robotics.
Fonte: Science Robotics; Via: ESA